Whisper

37. Faz sentido

Isenção de Responsabilidade: Esse é um trabalho ficticio e em nada reflete a realidade das atrizes e suas famílias.

Terminaram de colocar as coisas no carro e Freen fez questão de pegar o máximo de coisas da filha possível. Seus pijamas prediletos, livros favoritos e ursinhos de pelúcia. Pegou uma caixa com seus brinquedos também. Becky a ajudou, na maior parte em silêncio.

Assim que terminaram de pegar tudo, Freen parou um tempo na sala, olhando ao redor. Querendo ou não, era um pedaço de sua vida que ela deixava para trás. Becky respeitou o momento da tailandesa e esperou calada em um canto. Imaginou como a mulher se sentia e verdadeiramente não conseguiu.

Freen olhou mais uma vez ao redor, antes de chamar a advogada pelo nome.

"Vamos," falou.

Cada uma em um carro, dirigiram até o apartamento de Nam. Freen pegou apenas uma das malas com as coisas de Li assim que estacionou. Becky já estava ao seu lado, perguntando se precisava de ajuda com algo.

"Não, só vou subir com essa da Li. Amanhã vou para a casa da minha mãe. Preciso contar para ela e não quero amontoar a vida de vocês."

Becky ia até responder, deixando claro mais uma vez, que elas não eram incômodo nenhum, mas desistiu. Sabia que não mudaria assim a opinião de Freen e não queria pressioná-la a nada. Se aquela era sua decisão, ela respeitaria.

Em silêncio, a advogada pegou a mala da mão da modelo e andou até a porta do prédio, não dando tempo da outra reclamar. Freen sorriu agradecida, entrando no prédio junto com Becky.

"Becky," Freen chamou antes que as duas pudessem atravessar o corredor até o apartamento.

"Oi," a advogada respondeu, parando no meio do caminho e se virando para encarar a mais alta.

"Pode ficar só entre eu e você?" Freen disse enquanto apontava discretamente para o seu braço direito e Becky suspirou.

A advogada largou a mala que carregava e andou os poucos passos que separavam as duas. Quando estava em frente de Freen, pegou as mãos da mulher nas suas, sem desfazer o contato visual. O que ela queria dizer era muito importante para ela.

"Nada do que aconteceu ou vai acontecer é sua culpa," Becky disse em tom baixo, porém firme. "Você é forte, uma mulher incrível e uma mãe melhor ainda. Você não deve ter vergonha de nada, Freen. Absolutamente nada. Claro que eu vou respeitar sua decisão, mas só queria que você soubesse disso. Divórcios podem ser bem complicados e podem aparecer coisas que vão lhe magoar, mas você vai passar por isso."

Freen viu alguma coisa nos olhos de Becky mais uma vez, que a fez pensar que a advogada falava de um lugar de quem sabia muito bem o que estava dizendo. Imediatamente a tailandesa se preocupou.

"O jeito que você buscou machucados em mim," Freen começou. "Aconteceu algo assim com você?"

A preocupação era clara na voz da modelo e mesmo com aquele assunto extremamente complicado, Becky sentiu o peito esquentar com o cuidado que a mulher tinha por ela.

"Não exatamente, mas minha mãe sim," confessou Becky, quebrando o olhar pela primeira vez naquela conversa. "Eu não quero falar sobre isso, mas queria explicar porque fiquei tão irritada e tive que me acalmar. Eu odeio esse lado de raiva meu, mas eu sou metade meu pai também e é algo que eu sempre tive que lidar."

Freen apertou levemente os dedos de Becky que ainda estavam entre os seus.

"Você não é metade ninguém, Becky. Você é sua própria pessoa e tudo o que eu vi desde que te conheci foi luz. Claro que todos nós sentimos medo, raiva, angústia, tristeza... Mas isso não muda a nossa essência. E eu tenho quase certeza que não me enganei em relação a você," Freen disse com um sorriso gentil nos lábios e Becky quase derreteu por dentro. Era dessa maneira que Freen a via?

Becky não sabia como responder àquelas palavras e tentando não reagir de maneira impulsiva, apenas apertou levemente as mãos de Freen em resposta e com um sorriso de agradecimento, se afastou.

"Vem, vamos entrar," a advogada disse pegando a mala de volta em suas mãos e caminhando até o apartamento. Freen a seguiu e quando entraram foram recebidas por um cheiro agradável de comida caseira.

"Quem é você e o que fez com a minha P'Nam?" Freen brincou quando viu a amiga usando avental e cortando vegetais enquanto algo estalava na panela.

"A Becky vem me ensinado a cozinhar esses tempos, ok? Eu sou quase uma master chef!" a cantora disse levantando a faca no ar, em brincadeira.

"Master chef do Paraguai," Becky sussurrou para Freen que não conseguiu segurar a gargalhada. Claro que Nam também escutou e lançou um pedaço de cebola na direção de Becky.

"Sem sujeira!" Freen brigou de brincadeira. "Onde está minha bebê?"

"Ela está assistindo desenho animado no meu quarto," Nam respondeu.

"Vou lá dar um beijo nela," Freen disse indo em direção ao quarto, deixando as duas amigas de infância a sós.

"E então, aconteceu alguma coisa?" Nam perguntou em um tom baixo e Becky se aproximou dela. Não gostava de esconder coisas da amiga, mas tinha que respeitar os desejos de Freen.

"Ela vai ficar com a mãe enquanto tudo acontece," Becky respondeu com uma informação que acreditou que podia ser compartilhada. "A conversa não foi muito bem, mas acho que é melhor ela mesma contar para você."

Nam entendeu a posição da amiga e não fez mais nenhuma pergunta sobre o assunto.

"Por quê você não vem me ajudar aqui um pouco?" Nam pediu e Becky prontamente deu a volta no balcão.

"O que estamos aprontando?" perguntou olhando nas panelas.

"Só uma salada, arroz e frango sem pimenta para você e Li e apimentado para mim e Freen," Nam respondeu. Era um prato simples, afinal ainda não se sentia pronta para se aventurar na cozinha com as poucas "lições" que tivera com Becky.

"Tá cheirando muito bem, Nam," Becky elogiou.

"Cheirando delícia," uma voz infantil falou de repente e as duas se viraram para ver que Freen tinha agora Li em seu colo.

"Espero que tenha gosto delícia também," falou Nam rindo.

A cantora observou Becky ao seu lado cortando legumes enquanto Freen ia até a sala com Li em seu colo, conversando sobre desenhos. Era bom tê-las por perto. Fazia sentido. Dava certo.

Notas da autora:

Vão ter alguns detalhes que não se encaixam na vida de Becky, mas que eu decidi não tirar para não perder o sentido da história, principalmente no passado dela. Isso porquê vocês vão ver que esse passado vai ter muita influência na pessoa que ela se tornou, logo eu tenho que deixar.

Espero que entendam e que estejam gostando.

Até o próximo!