22. Resposta

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POV Becky

O final da festa foi agradável. As meninas ficaram um tempo longe da mesa, - tempo até demais, isso com certeza era coisa da Nam -, e quando finalmente voltaram, curtimos um pouco mais o show juntas. Heidi ia e vinha do seu grupo de amigos, até que ela se despediu e foi diretamente para o aeroporto ,v bnporque tinha que voltar para as Filipinas naquele dia, onde estava trabalhando em um grande projeto. Trocamos número de telefone e dissemos que manteríamos contato. Eu não sabia se ela falava realmente sério, mas torci para que sim, tinha gostado muito da companhia dela e não ligaria de manter uma conexão.

Eu e Nam ficamos até o final do evento para acompanhar Freen, já que ela tinha que fazer divulgação de todas as atrações do festival. Obviamente que ficamos mortas de bêbadas, mas Freen que estava a melhor das três, nos trouxe com seu motorista, e depois voltou para a sua casa. Eu e Nam fomos direto para a cama e acordamos no outro dia quase 15h, acabadas de ressaca.

"Não somos mais aquelas velhas raposas," Nam brincou apertando os olhos por conta da dor de cabeça.

Eu fui a primeira a tomar coragem de fazer alguma coisa, então preparei uma comida para gente que ajudou bastante a nos fazer sentir melhor. O mais humilhante foi que Freen mandou mensagem 11h da manhã, com a aparência impecável, ao lado de uma Li radiante, cantando "bom dia, o dia já amanheceu na fazendinha". Não, eu não achei a coisa mais fofa do mundo. Como se eu precisasse de mais coisas para me encantar nessa mulher.

Depois de comermos, eu e Nam passamos um dia preguiçoso no sofá assistindo séries.

Domingo, Freen veio depois do almoço com Li e aproveitamos para fazer os bolos tão prometidos que a menina queria. Obviamente que a cozinha ficou uma bagunça sem fim e o bolo deu meio errado, tanto que Freen teve que ajustar a altura dele com alguns chocolates. Pareceu que ela ficou realmente chateada que o bolo não deu certo, fazendo com que eu, Nam e Li passássemos a tarde inteira elogiando o sabor do bolo. Que estava mesmo incrível.

"Tá bom demais, mamãe," disse Li que tinha a cara toda suja de chocolate, assim como suas pequenas mãozinhas. O elogio doce trouxe um sorriso automático para o rosto de Freen, que alcançou por um lencinho, tentando limpar um pouco da bagunça que estava o rosto da filha.

"A gente come com a boca, Li, não com o nariz," eu brinquei apontando para o narizinho sujo da menina.

"Você quer um espelho, Becbec?" Nam disse rindo e eu fiquei sem entender.

Freen também riu, porém pegou outro lenço e se virou em minha direção, fazendo o mesmo com meu rosto que estava fazendo com o de Li. Sua mão macia tocou levemente em meu queixo para mantê-lo naquela posição, enquanto a outra limpava a minha bochecha e parte do meu queixo. Eu fiquei como uma estátua até ela terminar. Ter Freen tão próxima assim a mim era tentador demais. Os olhos dela de perto pareciam ser ainda mais brilhosos, assim como seus longos cílios, nariz e boca desenhados pareciam mais perfeitos de perto. E o cheiro dessa mulher? Deus me ajude.

"Acho que você também come com o nariz, Becky," falou Li, me despertando da minha leve viagem mental.

"Acho que sim, Li," respondi e Freen me olhava com um olhar doce e um sorriso nos lábios. "Obrigada," agradeci a ela, me sentindo sem graça. Nada de novo por aqui.

"A Freen tem o poder mágico de mudar a cor do rosto da Becky, você viu Li?" disse Nam e eu quase quebro meu pescoço, virando meu rosto rapidamente na direção de Nam para fuzilá-la com os olhos.

Freen ignorou o comentário de Nam, como ela sempre fazia quando a nossa amiga insinuava essas coisas. Me perguntei se era porque aquilo a incomodava, mas vi que não era, quando ela sorriu grande para mim enquanto pegava os pratos da mesa para lavá-los.

"Deixa que eu lavo, Freen," me ofereci rapidamente, levantando atrás dela.

"Não precisa, eu lavo rapidinho," disse.

"Mas você já fez o bolo e eu..."

"Enquanto vocês discutem igual umas velhas, eu e Li vamos decidir o filme de hoje. Dá tempo para um filme, né Freen?" perguntou Nam.

"Por favor, mamãe," pediu a menina piscando aqueles olhos familiares e eu sabia naquele momento, que eu não conseguiria dizer não para miniatura de Freen, nem se eu quisesse.

"Podemos sim, filha," ela respondeu já lavando a louça e eu suspirei vencida.

"Enxugo?" perguntei e ela concordou.

Assistimos Monstros S.A. aquela noite e eu estava adorando maratonar filmes infantis. Eu confesso que amava. Nam não gostou muito que eu passei o filme a comparando com a Roz, mas aquilo fazia Li rir, então ela acabava nem ligando tanto pras brincadeiras.

Antes de Freen e Li irem embora, eu chamei Freen num canto para uma conversa que eu não queria ter, mas que era necessária.

"Eu não tenho a resposta ainda," ela disse rapidamente assim que estávamos a sós no quarto que eu ocupava. Ela parecia afoita e eu falei para ela relaxar e sentar na minha cama, enquanto eu puxava a minha cadeira para sentrar em frente a ela.

"Eu não quero te pressionar, mas eu já finalizei os documentos e eu só preciso da sua resposta," disse em tom baixo para não sermos ouvidas.

"Eu sei que eu fiz você largar tudo para vir me ajudar e que cada dia que eu demoro a decidir, eu só te prendo aqui, mas é que..."

"Ei..." eu a interrompi, tocando em suas mãos para que ela parasse de mexer com elas em nernosismo. "Não pensa nisso, porque eu não estou. O que você não sabe é que essa viagem foi tanto para te ajudar quanto para me ajudar," falei aquilo com sinceridade e ela pareceu se acalmar, agora prestando plenamente atenção no que eu dizia. "Eu estava passando por uns problemas e Nam me convenceu que mudar um pouco de ares podia me fazer bem e ela tinha razão..."

Freen fechou suas mãos sobre as minhas.

"Eu sei que a gente não se conhece faz muito tempo e mesmo que você tenha esses motivos também, eu sou muito grata pelo o que você fez e está fazendo por mim. Nessa semana, eu ganhei um carinho imenso por você e espero que você me veja como amiga, porque eu lhe vejo assim, Becky," ela falou aquilo com tanto cuidado e carinho em sua voz, que eu tive que me controlar para não deixar lágrimas se formarem em meu rosto. "E eu tô aqui, caso você precise."

Ela finalizou e eu fiquei um tempo calada, sem saber o que dizer. Quando eu consegui me recompor, eu sorri para ela e agradeci.

"Obrigada por isso. Mais uma vez você falando coisas que nem imaginava que eu precisava ouvir," falei e ela concordou com a cabeça, sem soltar das minhas mãos. "Eu digo o mesmo, Freen. De verdade. Em nenhum momento eu quero te pressionar a tomar nenhuma decisão. Eu só posso imaginar o quão difícil é isso tudo para você e todas as coisas que você tem que por na balança para tomar essa decisão. Então te peço que não me ponha nessa balança, não é nenhum sacríficio para mim estar aqui, e se um dia eu precisar voltar, eu prometo que vou conversar com você e a gente vai dar um jeito..."

"Obrigada, Becky. A Nam tem razão quando diz que não tem amiga melhor que você no mundo," aquilo me fez sorrir de verdade. Não importava que atração e encantamento eu tinha por Freen, eu queria mesmo ajudá-la e ela sem nem mesmo saber, já estava me ajudando também.

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