48. Perfeito

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A manhã passou agradável na cachoeira. Becky e Li brincaram muito com a bóia nova e riram enquanto contavam histórias e cantavam. Uma hora Nam e Freen se uniram a dupla e para quem olhasse de longe, a imagem com certeza seria de uma família feliz.

Saíram da água quando a fome bateu e comeram animadamente a comida que Becky havia preparado. Depois do almoço, Li deu indício de que estava com sono, então Freen trocou sua roupa e a colocou para dar um cochilo na sombra das árvores ao lado das mesas, em uma caminha portátil que vinha com rede anti-mosquitos.

As três mulheres ficaram em uma conversa tranquila, velando pelo sono da menina. Assim que ela acordou, brincaram correndo pelo terreno aberto e tomaram mais um pouco de banho na cachoeira antes de decidir que deveriam encerrar aquele dia incrível.

Freen sentia seu peito quente e se sentia feliz. Puramente e simplesmente feliz. Lembrou da conversa que teve com Becky sobre uma viagem para si e na volta para a cidade, percebeu que podia ter planejado qualquer coisa, mas nada seria tão bom quanto aquele dia fora.

A modelo olhou para Becky ao seu lado e para a filha dormindo no banco traseiro ao lado da sua melhor amiga, e decidiu que só mais uma coisa podia fazê-la ter o fim do dia perfeito e ela não se negaria isso. Sem tirar os olhos da estrada, levou sua mão que estava no volante, até a coxa da advogada. Becky a encarou confusa, mas Freen apenas abriu sua mão em um convite. A londrina, mesmo um pouco hesitante, encaixou sua mão na da outra, que prontamente entrelaçou seus dedos. Assim que pôde, Freen virou para Becky e sorriu. Um sorriso leve, solto, feliz. Como ela se sentia naquele momento. A advogada levou as mãos até seus lábios e deixou um beijo na costa da mão de Freen.

Naquele instante, não ligaram se Nam estava observando. Estavam apenas felizes.

Nam viu toda a cena com um sorriso nos lábios. Estava contente e feliz pelas amigas. Mesmo sem detalhes, era palpável o carinho entre elas e o quanto se faziam bem. Se prometeu que permitiria as duas se descobrirem, sem se intrometer. Elas mereciam ser felizes e mereciam fazer tudo no tempo delas também. Então, com isso em mente, cantora fechou os olhos e deixou o cansaço do dia no sol a embalar em um sono leve.

Quando chegaram no prédio de Nam, a cantora se despediu rapidamente, dizendo que precisava muito ir ao banheiro e saiu correndo para dentro do edifício. Becky pensou em xingá-la, pois teria que carregar todas as coisas sozinha, mas aí viu que Li ainda dormia e que teria alguns minutos a sós com Freen.

"Você acha que ela fez isso de propósito?" Freen perguntou, se virando em direção ao banco do carona e recostando sua cabeça no encosto do mesmo. Becky fez a mesma coisa, só que na direção da modelo.

"Acho que sim. A gente não é tão boa em disfarçar quando pensa," a londrina falou rindo.

POV Freen

Eu sabia que não podíamos fazer mais do que trocar carinhos leves ali, mas fiquei feliz de ter aquele momento com Becky. Sei que tínhamos as tardes no apartamento de Nam, mas eu queria um momentos a sós com ela, só nos duas, sem medo de alguém chegar.

"Becky," chamei em tom baixo, enquanto ela brincava com os dedos da minha mão esquerda, que estava nas suas.

"Hum," ela respondeu, distraída.

"A gente podia fazer uma coisa só nos duas..." comecei, um pouco sem jeito.

Seus olhos saíram das nossas mãos e foram até meu rosto.

"Tipo um encontro?" ela perguntou, com um sorriso de canto, claramente me provocando.

Eu prendi meu lábio inferior entre meus dentes e concordei com a cabeça. Seus olhos foram diretamente até a minha boca e após alguns segundos retornaram aos meus.

"Eu ia gostar muito," foi sua resposta.

Sorrimos como bobas uma para a outra e ela levou minha mão até o seu rosto, a beijando novamente.

"Acho melhor eu ir," falou.

"É," falei um tanto desanimada.

Ela sorriu, doce, e se aproximou do meu rosto, me dando um beijo na bochecha.

"Me manda mensagem," pediu.

"Tá bem."

"Dá um beijo na Li também e diz que eu adorei nosso dia, ok?" ela disse, olhando para o banco de trás, onde minha filha ainda dormia tranquilamente.

Eu concordei com a cabeça e ela saiu do carro. Eu abri o porta-malas para ela retirar suas coisas e esperei para que ela entrasse na construção. Antes de fazer isso, Becky virou e me mandou um beijo no ar. Eu ri do seu jeito bobo e acabei com o mesmo sorriso o restante do percurso até a casa da minha mãe.

Tirei Li do carro em meu colo, assim que cheguei e a levei até a cama que dividiamos. A acordaria em breve, senão ela não dormiria tão cedo pela noite. Voltei para buscar nossas coisas que haviam ficado no porta-malas e encontrei minha mãe no caminho.

"Que sorriso bobo é esse?" ela disse, me assustando.

"Mãe, pelo amor de Deus," falei levando a mão ao meu peito, onde meu coração batia acelerado pelo susto. Ela continuou me olhando, como se esperando uma resposta e eu apenas dei de ombros. "Eu tive um ótimo dia. Um dia como eu não tinha faz tempos," respondi com sinceridade.

Minha mãe sorriu com a minha resposta e veio em minha direção para um abraço apertado.

"Nada me deixa mais contente. Tudo o que eu sempre quis foi sua felicidade, minha filha," ela disse. E sem saber, suas palavras me afetaram mais do que ela poderia imaginar.

Apertei minha mãe um pouco mais no abraço e torci para que eu tivesse mais dias como aquele.

Quando terminei de organizar as coisas aquele dia e finalmente pude ter um momento quieto, mandei mensagem para Becky. Conversamos um pouco e eu perguntei o que ela achava de termos o tal momento a sós no próximo dia. Ela concordou prontamente, dizendo que eu podia escolher o que eu quisesse. Eu ri da empolgação dela, mas sentia o mesmo.

Mal podia esperar.

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