94. Eles

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POV Freen

Aquela semana passou lenta. As coisas no trabalho ainda iam de mal a pior, mas Becky — maravilhosa como sempre — tentava me passar o suporte necessário, e de verdade, ela conseguia deixar as coisas mais simples. Eu não precisava que ela resolvesse meus problemas, ter seu apoio e saber que ela estava ali pra mim, era mais que o suficiente.

Sexta-feira cheguei tarde em casa, me sentindo cansada e um tanto aflita. Aquela semana tinha sido corrida, cheia de reuniões com minha equipe, trabalhos pequenos e, no geral, correria pura. Eu não via a hora de relaxar no sofá com minhas duas pessoas favoritas.

Abri a porta do apartamento e já fui logo deixando minhas coisas no caminho. Estranhei o silêncio do lugar, já que sabia que Becky e Li estavam aqui em algum lugar, pois estava me comunicando com Becky por mensagens o dia inteiro. Imaginei que encontraria as duas na sala, assistindo televisão, mas esse não era o caso. Caminhei até a cozinha e lá também estava vazio. Quando já estava no corredor, indo em direção ao quarto de Li, ouvi as vozes baixas da minha filha e da minha namorada.

"A minha avó costumava passar horas penteando meu cabelo, fazendo tranças," a voz de Becky disse quando me aproximei à porta semiaberta. "Eu não gostava muito porque era muito inquieta," ela completou, rindo enquanto penteava os cabelos de Li, que estava entre suas pernas na cama. "Mas hoje eu sinto falta."

"Ela mora longe?" minha filha perguntou.

"Um pouco. Ela ainda mora no país que eu nasci, no Reino Unido."

"Por que você não mora mais perto dela?" Li perguntou, se virando quando Becky deu um tapinha de leve em seu ombro, afirmando que o penteado estava pronto.

"Porque agora eu moro aqui, perto da minha pessoa favorita," Becky disse rindo e fazendo cosquinhas em Li. "Você."

Li ria, ao mesmo tempo que tentava parar as mãos de Becky que continuavam fazendo cosquinhas em sua barriga.

"Você também é uma das minhas pessoas favoritas, BecBec," Li falou quando Becky finalmente amenizou as cócegas.

O sorriso carinhoso que se estampou no rosto da minha namorada fez meu peito inflar. A interação inteira tinha mexido comigo, mas a maneira como ficava claro no rosto de Becky que as palavras da minha filha afetaram ela, deixava ainda mais claro o quanto Becky gostava de Li. Amava, na verdade. Como ela já tinha dito inúmeras vezes.

"Eu amo você, mini Freen," Becky disse como se lendo meus pensamentos, enquanto deixava um beijo na testa de Li.

"Eu também amo você," Li respondeu, entrelaçando seus braços no pescoço de Becky, que aproveitou do abraço para puxar Li para seu colo e levantar da cama, colocando Li no chão.

"Vamos que sua mãe já deve estar chegando..." Becky começou, mas parou de falar assim que me viu na porta quando finalmente virou em minha direção. "Correção, já chegou."

Becky sorriu para mim, enquanto Li se virou na direção que Becky olhava, provavelmente querendo saber porque pararam. Quando minha filha me viu, ela veio correndo em minha direção. Ela me cumprimentou com um abraço que eu prontamente retribuí.

"Oi, bebê. Como foi seu dia?" falei com minha filha em meus braços.

"Ótimo! E olha, a Becky arrumou meu cabelo!" ela disse, orgulhosa, mostrando a trança embutida que Becky havia feito.

"Eu tô vendo, bebê. Está linda!" elogiei, me virando para Becky. Ela veio em minha direção e me abraçou. "Oi, amor," falei entre o abraço.

"Oi, babe. Como foi seu dia?" ela perguntou.

"Cansativo," confessei com um suspiro. "Só estou feliz de estar em casa."

Becky me lançou um sorriso de simpatia e beijou minha bochecha carinhosamente.

"Então por que você não vai tomar um banho, enquanto eu ligo o forno para terminar o jantar que eu e Li fizemos?"

"Jantar, é?" falei, curiosa, olhando para minha filha.

"Sim, mamãe! É lasanha! Eu que pedi!" Li falou animada, já saindo do quarto.

"Claro que foi ela que pediu," falei rindo e me virando novamente para Becky.

"Eu fiz salada também, prometo," ela disse, divertida. "Vai tomar seu banho e relaxar um pouco, ok?"

Concordei com a cabeça e ela já estava saindo do quarto, quando a puxei pela mão e segurei seu rosto, a puxando para um beijo suave. Quando nossas bocas se descolaram, eu sorri para ela, acariciando sua bochecha.

"Obrigada," agradeci.

"Não por isso. Nunca por isso," ela respondeu, me beijando novamente antes de me mandar mais uma vez ir relaxar um pouco e ir atrás de Li.

Eu tomei um banho longo, tentando realmente relaxar como Becky havia sugerido e ao final dele, eu me senti agradecida, porque realmente aquilo havia me feito melhor. O efeito da água quente misturada com os sais de banho tinham feito os músculos do meu corpo relaxarem e eu senti parte do peso daquela semana sair do meu corpo.

Quando enfim saí do quarto, encontrei a mesa do jantar posta e as duas me esperando na cozinha.

"Está quase pronto, pode sentar," Becky disse quando me viu. "Foi bom o banho?"

"Foi ótimo, obrigada," respondi, indo até a mesa, onde Li já estava sentada, mexendo no celular de Becky.

"E o seu dia, bebê, como foi?" perguntei para Li.

"Foi bom, mamãe. Eu gostei muito que a Becky foi me buscar na escola!" ela respondeu. Isso me fez sorrir e olhar para Becky que também sorria, escorada no balcão. "Eu gosto quando é ela que vai."

"Pois eu vou mais vezes, então, bebê!" Becky respondeu na hora que o timer do forno disparou. "Opa, o jantar está pronto!"

"Lasanha!" Li exclamou alto e eu me peguei rindo, com uma felicidade em meu peito que eu não sabia explicar. Eu só sabia que não importava o quão difícil ficasse as coisas, contanto que eu voltasse para momentos como esse todos os dias, tudo ficaria bem.

A noite terminou tranquila, e eu acabei tendo uma das únicas noites decentes de sono aquela semana. Becky havia me colocado para dormir com beijos e palavras de carinho, então tinha sido uma boa noite.

Acordei me sentindo renovada, o que era bom, porque acordei com Yha me ligando.

"Oi, Yha," respondi assim que saí do quarto para não acordar Becky que ainda dormia profundamente.

"Freen, prima, escuta com calma," Yha começou e logo senti meu coração acelerar no peito. Nenhuma notícia boa era precedida com aquelas palavras.

"O que houve, Yha?" perguntei, aflita.

"Eles sabem de você e da Becky..."

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