39. Mais uma vez

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Assim que Li e Nam acordaram, as quatro tomaram café da manhã juntas antes de Freen e Li irem para a casa da mãe da modelo. Freen precisava conversar com sua família sobre tudo o que estava acontecendo, e precisava voltar a trabalhar também, logo estar com a mãe seria mais fácil para a sua sua rotina e da sua filha também.

Assim que contou tudo para Malee e recebeu todo o apoio da mãe, Freen se instalou em seu quarto junto com Li. Teriam que dividir durante o tempo que ficariam ali, mas aquilo não seria problema. Era inexplicável a sensação de paz que estar em casa podia trazer. E ali sim, Freen se sentia em casa. Imaginou, sonhadora, como seria o seu futuro no lar que criaria só ela e a filha. Mal podia esperar.

Por conselho da advogada, Freen não estava falando com Kirk. Não havia negado que ele visitasse a filha, mas havia pedido para ele não contatá-la a não ser sobre visitações, o que obviamente ele não tinha nenhum interesse. A única pessoa que ligou algumas vezes para ver Li foi Dara. Freen odiou, mas permitiu que a mulher levasse Li para alguns passeios curtos.

Duas semanas haviam passado desde a discussão final e no meio da semana anterior, Becky havia avisado a Freen, via telefonema, que a audiência de conciliação havia sido marcada. A modelo estava em uma viagem curta para o interior a trabalho aquele dia e ficou aliviada que as coisas estavam caminhando, mesmo que mais lentamente do que ela desejava. Voltou na quinta-feira para Bangkok e na sexta-feira da outra semana já seria a bendita audiência.

Becky e Nam tentavam encorajar a mulher, mas se Freen tinha entendido bem como aquilo funcionaria, sabia bem que Kirk não cederia nada tão facilmente. Quem dera que eles conseguissem resolver tudo pacificamente em apenas uma reunião, mas ela sabia que Kirk ainda acreditava que podia forçar o relacionamento dos dois.

Naquela sexta-feira, no dia depois que retornou à cidade, Freen terminou seus afazeres diários e quando o relógio deu 16h30, foi em direção ao apartamento de Nam. Não havia falado do seu retorno para as moradoras, mas queria muito que Becky estivesse disponível para o ritual delas.

A aproximação das duas depois do primeiro beijo — aquele que Freen tentava guardar no fundo de sua mente, — foi gradualmente se transformando em uma relação de confiança, carinho mútuo e Freen tinha que admitir, que de algo mais.

Assim que bateu na porta àquela tarde, esperou encontrar a advogada com um sorriso no rosto e um convite para entrar, como era habitual. Mas ao contrário disso, encontrou a mulher em uma ligação séria e preocupação estampada no rosto.

Becky abriu a porta e se desculpou rapidamente para Freen e voltou a falar ao telefone. A modelo entrou no apartamento e fechou a porta atrás de si. Pensou se deveria ir embora, mas decidiu contra. Passou três dias fora da cidade e sentia falta da companhia da advogada. No espaço seguro de sua própria mente, ela podia admitir que sentiu mais falta da advogada que o normal.

Becky falava ao telefone com uma mulher de nome Irin sobre algum de seus casos e Freen entendeu que se tratava de um assunto de trabalho. Caminhou então até a cozinha para se servir de café — que desde que Becky chegara, sempre tinha por ali —, mas encontrou a cafeteria vazia. Decidiu então que prepararia um pouco para as duas.

A disposição das coisas pelo ambiente, a bagunça dos papéis na mesa e o ar cansado de Becky, fizeram Freen se perguntar se a mulher havia tirado algum minuto de descanso durante todo o dia. Pelo o que conhecia da londrina, sabia que não. E imaginou que nem havia comido direito. Torceu para que nada tivesse acontecido durante a sua ausência que tenha causado Becky a voltar a seus hábitos não saudáveis de antes. Freen sabia que desde a crise passada, a advogada estava tentando se cuidar melhor, mas teve medo que algo tivesse feito isso mudar.

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