59. Fim de tarde

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Freen acordou naquela segunda-feira sentindo uma felicidade que pensou que não sentiria nunca mais na vida. Olhou ao seu redor e se viu em seu próprio espaço, onde as lembranças eram repletas de novidades e promessas. Pensou em sua filha que dormia no final do corredor e teve esperança que essa nova etapa fosse ser melhor. Queria ser feliz, era só o que ela queria. E incrivelmente, parecia que ela estava enfim conseguindo.

Se levantou com vontade de viver o novo dia e foi se arrumar. Já pronta, acordou Li e a auxiliou a se arrumar para a escola. Tomaram café juntas e iniciaram a rotina de mais uma semana. A única diferença foi a mensagem que Freen recebeu no caminho da escola da filha até o estúdio.

Bom dia, babe. Não é sonho que eu posso te chamar assim agora né?

Freen abriu instantâneamente um sorriso bobo e grande no rosto. Assim que parou em um sinal vermelho, buscou seu celular para responder.

Bom dia, meu bebê. Não é sonho não. Você realmente aceitou namorar comigo. Já era! Tem mais volta não, viu?

Freen largou o celular e voltou a dirigir. Escutou o aparelho alertar outra mensagem, mas esperou chegar ao seu destino para abrir. Já estava perto.

Assim que estacionou seu carro, procurou ler o que Becky havia respondido.

E quem disse que eu iria querer voltar, Freen? Melhor decisão da minha vida!!!!!!!

Como estamos sendo melosas, já vou logo dizendo que estou com saudades. Café hoje?

Ela riu das mensagens e sentiu aquele friozinho na barriga que sentimento novo e correspondido traz. Rapidamente digitou sua resposta.

Mal posso esperar.

O dia foi corrido, mas ficou feliz porque conseguiu adiantar bastante coisa. Estava com a agenda cheia e era muito agradecida.

Assim que terminou sua última reunião do dia, olhou no relógio e decidiu que podia ir pro apartamento de Nam. Ainda tinha mais algumas coisas para fazer, mas poderia resolver quando chegasse em casa.

POV Freen

Bati na porta do apartamento com uma sacola em mãos. Havia parado em uma padaria para comprar os salgadinhos que Becky tanto gostou da última vez.

Estava ansiosa para beijar e abraçar ela. Sabia que era bobo, mas eu realmente senti sua falta. Quando a porta abriu, no entanto, soube que teria que esperar, pois ela estava ao telefone e tinha uma expressão séria.

"Só um minuto, Irin," ela disse mutando o telefone. Sua expressão suavizou e ela me lançou um sorriso. "Vem, entra," ela disse abrindo espaço para eu passar. Assim que entrei, caminhei até a mesa para deixar minhas coisas e mal havia terminado quando Becky me puxou e me deu um selinho demorado. "Saudades."

Claro que eu sorri feito boba e segurei seu rosto quando ela tentou se afastar.

"Saudades," respondi quando terminei um segundo beijo.

Ela tomou uma das minhas mãos que estava em seu rosto e beijou a palma.

"Desculpa, mas eu preciso terminar essa ligação," ela disse, mostrando sua outra mão que ainda segurava o aparelho.

"Sem problemas, bebê," falei apertando seus dedos antes de soltar as nossas mãos.

"Juro que não vai demorar," ela disse, me beijando rapidamente no rosto. "Eu já venho."

Eu a observei sumir em direção ao corredor e a escutei voltar a conversar no telefone. Devia ser algo urgente e eu nunca me meteria no trabalho dela, então busquei a sacola e fui até a cozinha para arrumar tudo.

Ela ainda ficou uns quinze minutos no quarto, antes de aparecer com uma feição cheia de desculpas.

"Demorou mais do que eu pensei, desculpa," ela disse me abraçando por trás e deixando um beijo no meu ombro.

"Não tem problema. Tá tudo bem?" perguntei.

"Alguns problemas, mas nada que não tenha solução," ela disse, mas eu vi que seus olhos estavam preocupados. Mas se ela não queria falar sobre aquilo, eu não insistiria.

"Eu trouxe aqueles salgados que você gostou," falei puxando o prato que eu havia montado para perto. Virei para encará-la, já que ela ainda me abraçava por trás, e vi seu sorriso crescer.

"Você é a melhor namorada do mundo," ela disse levando a mão até o prato e colocando três salgados ao mesmo tempo em sua boca.

"Becky!" eu a repreendi e ela apenas continuou mastigando com a boca cheia e um sorriso bobo. "Não guento com você," falei rindo e saindo do seu abraço para nos servir de café.

Enchi duas xícaras e levei até ela, para que pudéssemos sentar para comer.

Tomamos o café e comemos — com educação, dessa vez — no mesmo clima que fazíamos antes. A diferença era que agora a gente se tocava sempre que podia. Nas mãos, nos braços, nas pernas. Era como se precisassemos daquele contato.

Quando terminamos, lavamos a louça e arrumamos a cozinha antes de irmos para a sala. Becky nem me deixou sentar direito antes de colar sua boca na minha e me puxar para perto. Eu ri de sua afobação.

"Não ri, eu te disse que estava com saudades," ela falou entre o beijo, agora segurando a minha cintura.

"Desculpa, bebê. Eu também tava... Demais," falei agora correspondendo seu beijo com a mesma vontade, enquanto entrelaçava meus dedos em seus cabelos. Eu adorava fazer isso.

O beijo era intenso, mas ao mesmo tempo carinhoso e sem segundas intenções. Era realmente um beijo para matar a saudade.

Ficamos um tempão assim nos curtindo, até que Becky desceu sua boca pelo meu pescoço, deixando beijos leves, dando espaço para tomarmos fôlego e para os nossos corações se acalmarem. Ela finalizou, repousando seu rosto no vão do meu pescoço e ombro, me puxando para mais perto. Permiti e continuei de olhos fechados, aproveitando sua presença. Minhas mãos massageavam sua cabeça em um cafuné simples, que eu sabia que ela gostava muito.

Ela me empurrou levemente no sofá e acabamos nos deitando nessa mesma posição. Becky me agarrando pela cintura com o rosto em meu pescoço, e eu com os braços ao redor do seu, acariciando sua cabeça com uma das mãos.

"Eu amo seu cheiro," ela disse de repente e eu ri, sentindo um pouco de cócegas com o movimento de seu nariz na pele sensível.

"Cócegas," reclamei me contorcendo um pouco.

"Desculpa," ela disse deixando um beijo ali e se afastando para me encarar.

"Não precisava sair totalmente," reclamei.

"Eu sei, só queria te olhar mesmo," ela disse passando seus olhos pelo meu rosto com um ar de concentração. Seu olhar era tão intenso que eu me senti um pouco exposta. Mordi meu lábio em vergonha.

"O que você tanto olha?" perguntei.

"Só tô tentando te guardar na memória," ela disse.

"Para quê se eu estou aqui?" eu disse levando uma das minhas mãos até seu rosto, delineando seu maxilar.

Ela deu de ombros e segurou minha mão que passeava pelo seu rosto.

"Só quero," ela respondeu simplesmente, entrelaçando nossos dedos e se aproximando para deixar um selinho em meus lábios. "Gosto demais de você, Sarocha," ela disse quando nossos lábios se afastaram novamente.

"Eu também gosto demais de você, Rebecca," usei seu nome inteiro, como ela havia feito comigo.

E no conforto dos seus braços, torci para que todas as tardes terminassem assim.

Notas da autora:

Boa noite, bebês. Vem mais um por hoje!

twitter: bbiza13

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