POV Freen
O nosso dia tinha sido tão gostoso que ele acabou se estendendo e Becky dormiu mais uma vez aqui, mas dessa vez no quarto de hóspedes. Não queríamos confundir a cabecinha de Li. Ela entendia carinhos, afinal eu sempre fui muito afetiva com ela, com minha família próxima e Nam. Ela não via com estranheza porque para ela era normal, mas dormir na cama uma da outra podia ser diferente.
Me vi sentindo falta do corpo de Becky perto do meu e quase a busquei do outro lado do corredor, mas me segurei. Acabei apenas relembrando o dia e pensando em como eu estava me sentindo feliz como há muito não sentia. Eu sabia que era um peso muito grande para se colocar em um relacionamento tão novo, mas eu sentia que Becky completava o espaço perfeito no que eu imaginava ser uma família de verdade.
Dormi pensando nisso e acabei sonhando com coisas boas. Sabe aquele sonho que a gente não lembra nada, mas acorda com sensação de quero mais?
Acordei e fui direto para o banheiro me arrumar para o dia. Estava cedo, então imaginei que Li e Becky ainda dormiam. Assim que estava pronta, andei com passos leves pelo corredor e ouvi vozes baixas e risadas.
Segui para onde eu achava que elas vinham.
"Mas Bonbon é nome de sobremesa," Li disse rindo.
"E não pode ser nome de animal também?" Becky respondeu aquele debate que eu não entendi nada.
As duas estavam na cozinha mais uma vez. Só que diferentemente do dia anterior, Li estava sentada sobre o balcão enquanto comia um sanduíche. Becky comia a mesma coisa, apoiada ao lado de minha filha.
"Acho que sim," Li respondeu dando de ombros. "Eu quero conhecer o Bonbon."
Do que elas estavam falando?
"Então assim que eu adotar ele, você vai ser a primeira a conhecer," Becky respondeu.
"Bom dia," decidi mostrar minha presença.
"Bom dia," as duas responderam ao mesmo tempo, se virando para mim com sorrisos nos rostos.
"O que estão aprontando, ein?" falei indo na direção delas.
"Café, mamãe," Li disse mordendo seu pão.
Abracei minha filha e deixei um beijo em sua cabeça, enquanto observava Becky.
"Eu fiz para você também," ela disse apontando para um prato a sua frente.
"Obrigada," respondi, rodeando o balcão e ficando ao seu lado. A puxei para um abraço. Não podia beijá-la, mas queria dar um "bom dia" decente.
Becky me apertou em seus braços e disse "bom dia" no meu ouvido. Me afastei depois de alguns segundos e deixei um beijo em seu rosto.
"O que a gente vai fazer hoje?" Li perguntou animada.
"Vamos para a tia Nam?" eu falei, meio que questionando a opinião de Becky.
"Acho que ela ia gostar disso. Certeza que está morrendo de saudades da Li e de mim," Becky disse.
"De mim também!" protestei.
"Mais ou menos," ela brincou. Eu fiz bico e ela riu, me oferecendo uma xícara de café.
"Obrigada, bebê," eu respondi, tomando-a de sua mão.
"De nada," ela respondeu sorrindo e voltando a se apoiar no balcão.
"Por que você chama a Becky de bebê também, mamãe? Ela é grande," Li falou de repente, fazendo eu quase me engasgar com o líquido quente.
Becky me auxiliou, tomando a xícara da minha mão e me dando alguns tapas leves nas costas. Quando consegui respirar calmamente de novo, ela me olhava preocupada.
"Tá tudo bem," falei a tocando no braço e me virando para a minha filha. "Eu chamo você de 'bebê' porque é uma forma carinhosa de chamar alguém que eu amo, não só porque você é realmente o meu bebê," eu disse pegando seu rosto em minhas mãos e a puxando para um beijo estalado na bochecha.
Aquilo a fez rir e empurrar minhas mãos ao mesmo tempo.
"Então quer dizer que você ama a Becky por isso chama ela de 'bebê'?" foi a resposta inteligentíssima da minha filha que me deixou mais muda que antes.
Sabia que meu rosto estava queimando e não conseguia nem pensar em olhar para Becky.
"A gente dá apelidos carinhosos para quem a gente quer sempre perto, Li. Quando eu chamo você de 'mini Freen', por exemplo, é porque eu não quero desgrudar nunca," Becky falou, levando suas mãos para fazer cosquinhas na barriga de Li que soltou um gritinho agudo e começou a rir. "Agora vamos descendo desse balcão antes que sua mãe perceba e brigue com a gente."
Ela desceu Li e levou o restante do sanduíche com o suco que a minha filha tomava até a mesa. Li a seguiu sem nem perguntar nada e logo voltou a comer calmamente.
Quando Becky voltou para perto de mim no balcão, eu sorria de ponta a ponta. Li não estava de um todo errada.
Quando chegamos as três no apartamento de Nam, ela nos recebeu com a maior alegria.
"Que saudades da minha Ariel," Nam disse pegando Li no colo para um abraço rápido e a colocou com cuidado de volta no chão.
"Tia Nam, a senhora sabia que a gente dá apelido para quem a gente quer sempre perto?" Li perguntou e eu e Becky prontamente nos olhamos.
"É mesmo, Li?" Nam questionou, direcionando seu olhar até nos duas antes de voltar sua atenção para Li.
"Sim, então eu vou chamar você de 'Nana', porque eu quero você sempre perto," Li tagarelou séria, bem do jeitinho todo dela.
A declaração foi tão fofa que nenhuma de nós teve coragem de dizer que "Nam" já era um apelido.
"E eu vou ser a 'Nana' mais feliz do mundo de ter você sempre por perto," Nam respondeu, claramente um pouco emocionada.
Eu confesso que também estava. Naquele momento, vi que toda vez que eu pensasse em família, Nam estaria naquele conceito. Era impossível ser diferente.
Algum tempo depois, estávamos na sala conversando, enquanto Li jogava em um tablet que eu deixava ela mexer por algumas horas nos finais de semana. Ela gostava de jogar alguns jogos infantis e eu permitia com limitações, pois não queria que ela ficasse viciada naquilo.
"E como foi que terminou as coisas na sexta com o namoradinho da faculdade, Becky?" Nam falou, com um sorriso brincalhão no rosto. Eu entendi exatamente o que ela queria dizer, pois estava acostumada a falar em códigos com minha amiga por conta de Li, mas Becky aparentou estar completamente perdida.
Eu ri da cara confusa dela e busquei sua mão com a minha, entrelaçando nossos dedos. Becky prontamente me encarou com um olhar suave e um sorriso bobo. Eu amava a reação que ela tinha a qualquer contato nosso. Até porque era o mesmo que eu tinha.
Virei de volta para Nam e vi que ela nos observava também com um sorriso contente no rosto.
"Eles estão namorando," eu respondi e Nam praticamente pulou do sofá, soltando um grito agudo.
Li se assustou da sua posição no tapete e olhou emburrada para Nam que prontamente se desculpou.
"Meu Deus, eu shippo muito. Meu casal. Eu que pedi!" ela disse assim que Li voltou a se concentrar na tela em suas mãos.
Becky pareceu finalmente entender do que estávamos falando e soltou uma risada da reação de Nam. Eu senti seus dedos apertarem os meus e vi que ela me encarava.
"Eu só não pedi, porque nunca nem imaginei algo tão bom assim," ela falou com seus olhos nos meus.
Meu coração acelerou no peito e eu me derreti no castanho. No fundo, o grito eufórico de Nam era só um eco na nossa bolha de felicidade.
Notas da autora:
A Nam sempre representando.
twitter: bbiza13
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Whisper
FanfictionFreenBecky Universo Alternativo (AU) Essa fanfic é uma adaptação de uma outra obra de autoria minha. Não é uma conversão, é uma adaptação, ou seja, haverá mudanças. Sinopse: Freen era uma modelo de 27 anos, casada com um ator de sucesso chamado Ki...