Responde.

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— O que eu estou querendo dizer, Charlie, é que eu não posso ver você cometendo um erro e ficar aplaudindo, como se não estivesse acontecendo nada. Mas se você quiser insistir nisso, vá em frente.

Charlie olhou para ele com desconfiança.

— Com licença.— Disse Bob, saindo e o deixando ali.

[...]

Amanheceu em Seattleville.

João estava com seu filho, na sala de visitas da delegacia. Enquanto Luiz Carlos estava sentado, João quase criava um buraco no chão, de tanto andar de um lado para o outro.

— Eu estou aqui, ainda tentando achar onde eu errei com você. Eu nunca fui rico, mas eu sempre dei a melhor educação pra você. Tanto é, que você ganhou uma bolsa pra estudar nessa universidade aí onde você conheceu esses marginais que acabaram conduzindo você à prisão. Afinal de contas, nunca foi uma boa ideia você ter entrado nessa instituição. Talvez, agora você não estivesse aqui.

— Me desculpa, pai.— Foi a única coisa que Luca conseguiu dizer.

João abriu um sorriso forçado, e depois fechou a cara.

— Você quer que eu te desculpe, é isso, Luiz? É isso? Não percebe que o que você fez não se resolve com um simples pedido de desculpas?

— Pai, eu...

— Não me chama de pai, moleque. Você sabe quem é o seu pai, porque a mim, você nunca quis ouvir. Mesmo depois de eu dizer mil vezes pra não confiar nesses seus amigos, que afinal de contas, não passam de bandidos.

— Eu já ia sair, pai, eu juro que isso é verdade.— Disse o rapaz, chorando.— Era a última vez que eu fazia isso.

— Ah.. sim, era a última vez mesmo, afinal de contas, agora você vai ficar aqui por um bom tempo. Você diz que já ia sair, era a última vez. Eu só não entendo, eu me pergunto mas não entendo, porquê você entrou?

Luca abaixou a cabeça e limpou as lágrimas.

— Eu queria mostrar para o senhor que eu também sou um homem, e que eu também podia ajudar lá em casa. Eu queria que sentisse orgulho de mim, pai.

João sentou-se de frente pra ele e colocou as mãos nas bochechas de Luca, erguendo o rosto de seu filho.

— Você sempre foi o meu orgulho, filho.— Disse chorando.

— O quê?

— Sempre, sempre foi. Mas agora, você me decepcionou muito, Luiz Carlos. Você não imagina o quanto eu estou decepcionado com você.

— Me desculpa, pai. Eu só queria ser melhor para que você me notasse.

— E como? A que preço, Luiz Carlos? A que preço você tentou fazer isso, filho? — Indagou ele, enquanto Luca voltava a ficar cabisbaixo.— A sua dignidade não tem preço. Você diz que queria que eu te notasse, mas quem disse que eu não notava?

— Você nunca demonstrou nada disso comigo. Sempre, sempre estava me criticando. E quanto mais eu tentava, parece que eu só piorava tudo.

— Olha, eu tenho o meu jeito de ser, Luiz.

— Você nunca quis me ouvir, pai. Tudo o que eu faço, pra você, está errado. Eu queria conseguir ganhar muito dinheiro e provar pra você que eu não sou esse inútil que você acha.

— É assim, Luiz? É assim que você queria ganhar o meu respeito?

Luiz limpou as lágrimas, com dificuldades, tendo em conta que estava algemado.

Ele Me Deixa Louco Onde histórias criam vida. Descubra agora