Um encontro inesperado

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- É muita coincidência encontrar você logo aqui, né, Charlie? - Disse Alana.- É incrível como você não se cansa de perseguir a gente, nem mesmo sabendo que o nosso casamento está bem mais próximo.

Charlie arqueou a sombrancelha, ouvindo aquilo em silêncio.

- Deve ser muito deprimente ser você, afinal de contas, é um inútil mesmo.

Charlie abriu um sorriso de canto, como se Alana estivesse falando algo fofo.

- Nossa, eu estou tocado com essas palavras. Não, sinceramente, eu não esperava..- Disse Charlie, fazendo deboche.- Será que você ainda não entendeu que nada, absolutamente do que você fala me atinge?

Charlie olhou pra ela e voltou a abrir aquele sorrisinho de canto.

- É engraçado como mesmo às vésperas do seu casamento, você continua tocada por coisas fúteis. Você acha mesmo que eu perderia o meu tempo vindo até aqui só pra controlar você e o seu futuro marido?

- De você eu espero tudo. Então, você quer me dizer que isso foi mais uma coincidência?

- Olha, eu...- Charlie já estava se exaltando, quando Lucas interferiu.

- Olha, nós estamos no cinema, assim como vocês e todo mundo aqui. Eu não vejo motivo pra toda essa discussão, afinal de contas, nós somos casais e poderíamos aproveitar esse momento pra fazer algo juntos.

Charlie olhou pra ele e franziu o cenho, não esperando por aquilo.

- Olha, sinceramente, eu não estou muito afim não.- Disse Charlie.

- Mas a ideia não é má. Ele tem razão, Charlie, nós somos casais! - Rebateu Steve, como uma indirecta bem forte.

Charlie engoliu em seco.

- Vamos, amor.- Disse Lucas, olhando pra Charlie.

- Ah, por favor...- Disse Steve, num tom de voz baixo.

Alana olhou pra ele e ele disfarçou.

- Tudo bem, seja lá o que isso signifique, vamos.- Disse Charlie.- Olha, se depender das condições de acessibilidade desse cinema, eu estou ferrado.

- Qualquer coisa, eu te carrego!

Steve revirou os olhos.

- Ah é? - Indagou Charlie, abrindo um sorriso.

- É claro que sim, meu amor.

- Bom, eu acho que nós devíamos ir logo! - Disse Alana.

- É, vamos.

Eles entraram na sala de exibição e ficaram bem juntinhos, casal por casal.

E por ironia do destino, eles estavam entre casais, mas Charlie e Steve estavam um ao lado do outro.

Percebendo isso, nenhum dos dois tinha coragem de virar para o lado, pois, seria demais se eles virassem e cruzassem um com o olhar do outro.

A emoção era tão grande, que nenhum dos dois disse nada, mas os seus corações palpitavam fortemente acelerados. E naquele momento, o que Charlie e Steve mais queriam, era poder partilhar as pipocas e o refrigerante em paz, tentando esquecer o simples facto de que muito em breve, eles nunca mais teriam a chance de ainda desistir dessa loucura e voltarem um para o outro, só que havia muita coisa em jogo e infelizmente, às vezes, as obrigações acabam ganhando o coração.

O filme começou e ainda permaneciam sem se olhar, mesmo estando tão perto, eles não queriam dar bandeira. Afinal de contas, eles estavam na companhia dos parceiros.

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