O tempo passa

31 3 0
                                    


— Você tem visita!

— Eu? — Indagou Luiz Carlos.

...

Chegando à sala de visitas, um sorriso surgiu em seu rosto, quando ele olhou pra frente e os seus olhares se cruzaram.

— Inácio...— Disse ele, correndo até os braços de seu amigo.

Foi estranho, ele nunca tinha reagido com tanta emotividade.

Inácio, ainda assim, achou um pouco estranho e não muito habitual, mas correspondeu ao abraço e fechou os olhos.

Depois, que eles se afastaram lentamente.       

Por algum momento, os seus olhares se cruzaram simultaneamente, enquanto os seus rostos continuavam frente a frente, estáticos. 

Até que os dois perceberam ao mesmo tempo e se distanciaram ao mesmo tempo.

— Éh.... Tudo bem, cara?

— Tudo.. tudo, e com você? — Indagou Luca, nervoso.— Como você está?

— Eu estou bem, obrigado por perguntar.

Eles se sentaram.

Pela primeira vez, eles estavam levemente constrangidos com a presença um do outro.

— Como vai a sua vida? — Questionou Luiz Carlos, sem saber o que mais perguntar.

— A minha vida... vai indo, e a sua? Como eles estão tratando você aqui?

— Ah, Inácio, isso não é nenhum hotel 5 estrelas, né? — Disse Lucas.— Mas até que está tudo bem, muito mais agora que eu fiz um amigo.

— Amigo? — Questionou o outro.— De que amigo você está falando?

Fazendo aquela pergunta, Inácio cruzou os braços e franziu o cenho. E ele nem mesmo percebeu.

Luca engoliu em seco e disse:

— Um amigo, o Charlie. Ele foi condenado há pouco tempo.

— Vocês são muito amigos, né?

— Nós somos companheiros de cela.

— Ah, são...— Disse Inácio, num tom de ciúmes.

Luca olhou para ele e semi-cerrando os olhos, perguntou:

— O que foi, cara? Está parecendo até que... Você está com ciúmes!

Inácio ficou nervoso e disse:

— Ciúmes? Como assim.. ciúmes? O que você acha que eu sou, Luca? Você acha que eu fico sonhando com você, ou...

— Ninguém vai estragar a nossa amizade, Inácio. O Charlie é meu amigo, mas você sabe que você é meu parceiro.

Inácio parou pra pensar e percebeu que aqueles dizeres estavam conduzindo o sentido das palavras a muitos sentidos.

— Ah, a nossa amizade...

— Sim, do que você pensou que eu estava falando? — Questionou Luca.

— Eu? Nada. Eu só acho que você não deveria ficar fazendo amizades com essa gente, só isso! Eles são criminosos, e...

— O Charlie não é nenhum criminoso, ele foi acusado injustamente. Eu não julgo ele, eu sei da verdade. Inácio, você andou lendo o jornal?

— Bom, eu acho que ninguém mais lê o jornal!

— Olha, eu aprendi, aqui dentro, que nunca é demais. Se você soubesse da verdade, não falaria isso do Charlie.

— Ah é? E que verdade? Que verdade é essa que eu deveria saber sobre esse tal Charlie?

Ele Me Deixa Louco Onde histórias criam vida. Descubra agora