Charlie não esperava.

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Palavras não podiam ser usadas pra explicar o que Charlie estava sentindo ou “como” Charlie estava se sentindo.

A imagem daquele homem, estatelado no chão, com a boca espumando e os olhos esbugalhados, cortou o coração do rapaz que forte era, no entanto, sensível!

— Isso é o efeito de um veneno muito poderoso e visivelmente indetectável. Bom, pelo menos, só pra quem não o conhece.

O policial se virou e olhou pra Charlie, percebendo o estado de choque em que ele estava.

— Tirem ele daqui..— Disse ele.

Outro policial tirou Charlie e ele foi levado até o psicólogo do local.

Enquanto isso, eles faziam análises pra apurar a veracidade das conjecturas do policial militar chefe que ali estava.

Totalmente estático e simultaneamente trêmulo, Charlie era conduzido até o psicólogo da penitenciária.

Naquele momento, era como se tudo estivesse a preto e branco e em câmera lenta. E Charlie foi estuprado mentalmente, em tão pouco tempo.

Eram tantas emoções e pensamentos vagando por sua mente, que Charlie nem conseguia expressar o que estava por dentro.

Chegando no psicólogo, Charlie quase nem conseguiu explicar o que aconteceu. Na verdade, ele não conseguiu se concentrar em nenhum momento daquela breve sessão. Era intrínseco o seu desconforto.

Depois que Lucas ficou sabendo do que aconteceu, se dirigiu imediatamente à cela onde estava Charlie.

— O que aconteceu isso? Como isso foi acontecer? — Indagou ele, vendo aquele corpo coberto por um grande pano branco.— Não, ele pode morrer agora..— Disse Lucas, em voz baixa.

— Esse é o típico caso de envenenamento. O estranho, é que só um dos prisioneiros foi envenenado.

— O Charlie? — Indagou Lucas.

Depois, Lucas se aproximou do corpo.

— Com licença.— Falou o mesmo, destapando somente a região do rosto.

Constatando que não correspondia ao corpo de Charlie, Lucas sentiu um grande alívio. Ao mesmo tempo, ele não ficou feliz com a morte daquele homem.

— Trovão?

Afinal de contas, por ser policial, ele acabou convivendo muito com aqueles detentos, de tal forma, que raízes começaram a se formar intrinsecamente. E quando deu por si, nunca mais veria Trovão, aquele homem turrão, que sempre causava problemas. Mas que apesar de tudo, era parte de cada uma daquelas paredes.

Poucos sabiam a real história daquele homem, mas quem sabia, tinha noção de que aquela agressividade que tentava demonstrar, era só um jeito de esconder o coração bondoso que possuía, como forma de autodefesa.

— Descansa em paz, Trovão.— Disse Lucas.

Saindo dali, Lucas foi atrás de notícias acerca de Charlie. Afinal, ele não podia correr o risco de que Charlie fosse levado para outro lugar. Ali, Charlie estava em seu controle e aos poucos, estava caindo em sua lábia. Aí, ele podia partir para o plano B.

— Charlie? — Chamou Lucas, se aproximando rapidamente dele e se ajoelhando.

Imediatamente, Charlie começou a chorar, não escondendo o facto de ser sensível e estar precisando de um abraço.

— Hey, vem cá...— Disse Lucas, o envolvendo em seus braços, aproveitando o facto de que ninguém mais estava ali.

Era tudo que Charlie precisava.          

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