Muito estranho

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— Do quê que você está falando, meu filho? — Indagou o homem, franzindo o cenho.

Luca respirava ofegante, olhando para o pai com medo.

— Responde, Luiz Carlos! — Imperou o homem, usando toda a sua autoridade de pai.

Luiz Carlos olhou para ele e percebeu que estava prestes a abrir o jogo. Naquele momento, ele teve que ser muito forte, pra continuar se privando da liberdade de se abrir e ser livre daquele peso.

— Nada, pai.— Disse o jovem, limpando as lágrimas e tentando se recompor.— Foi só um pesadelo, pai. Me desculpa.

João olhou pra ele e percebeu que algo a mais estava oculto. Afinal de contas, um pai conhece o filho.

— Tem certeza?

Luca olhou pra ele e desviou o olhar, deixando claro o seu constrangimento.

— Sim, pai.

— Tudo bem, meu filho.— Respondeu o pai, mesmo desconfiado de algo.

Intuição de pai não falha, e ali estava ela, se fazendo sentir.

— Eu sei, meu filho, é difícil. Deve estar sendo muito difícil pra você, se recuperar de tudo o que deve ter passado na prisão. Mas você não deve ficar remoendo isso por dentro, filho.

Luiz Carlos olhou pra ele, pensando: Se soubesse o que está acontecendo, de verdade...

— Você tem que se abrir, meu filho.— Disse João, tentando achar uma forma de confortar o seu filho.

Em contrapartida, Luca permanecia um pouco trémulo, ainda.

E apesar da vontade de se abrir e contar tudo, ele sabia que não era conveniente.

Depois daquela experiência na cadeia, Luca tinha a certeza absoluta de que não queria voltar a passar por coisa semelhante.

— A gente pode ir para um psicólogo, meu filho. Você pode fazer uma terapia, ou...— João foi interrompido.

— Não, pai, não precisa disso. Eu estou bem, só estou um pouco confuso, é só isso! — Disse Luca, tentando fingir que estava tudo bem.— Está tudo bem, pai.

O homem olhou pra ele, e percebeu que afinal de contas, ele estava no seu direito de estar naquele estado.

— Tudo bem, filho. Amanhã a gente conversa melhor.

— Sim, isso.— Respondeu ele, fungando o nariz.

João deu os primeiros passos em direção à porta, depois parou e se virou lentamente, olhando pra Luiz Carlos com atenção.

— O que foi, pai?

— Você pode contar comigo pra quaisquer coisa, filho. Qualquer coisa! — Foram as últimas palavras que proferiu, antes de sair e fechar a porta.

Imediatamente após a sua saída, Luca se ajoelhou no chão e começou a chorar.

— Meu Deus..— Disse baixinho, enquanto chorava.

[...]

Era madrugada e Charlie estava em sua cela, sentado, como se nada tivesse acontecido.

Foi aí que o policial Lucas se aproximou da cela onde Charlie estava preso.

— Lucas? — Indagou Charlie, não esperando.

— Charlie? — Indagou Lucas.— Eu pensei que estaria dormindo.

— Eu estou sem sono!

— Eu só vim aqui porque eu tinha que trazer esse homem.

Era um homem negro, mas que estava vestido com roupas brancas. As roupas eram tão brancas, que chamaram a atenção de Charlie desde o início.

Ele Me Deixa Louco Onde histórias criam vida. Descubra agora