capítulo 57

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Abri a porta e meus olhos encontraram os rostos que eu não via há tanto tempo. Meus irmãos estavam ali, parados na minha frente, com uma expressão mista de choque, surpresa e emoção. Lágrimas começaram a se acumular em meus olhos, ameaçando transbordar a qualquer momento.

E então, meu olhar se moveu para o garoto ao lado deles. Um jovem que eu não reconhecia, mas cuja presença ali trazia um novo elemento de surpresa para essa cena. Meu coração apertou e a confusão se misturou às emoções já tão intensas.

As palavras pareciam não querer sair da minha boca. Eu queria dizer algo, queria abraçá-los, queria explicar tudo o que havia acontecido. Mas as lágrimas e a emoção bloqueavam minhas palavras, deixando-me momentaneamente muda.

E então, como se um rompante de energia tivesse tomado conta de todos nós, os abraços vieram. Fomos nos aproximando, um por um, nos envolvendo em abraços apertados e cheios de significado. As lágrimas finalmente caíam, expressando toda a emoção que estava transbordando em meu coração.

O garoto ao lado deles também foi envolvido nesse abraço coletivo, e mesmo que eu não soubesse quem ele era, a conexão familiar estava ali, forte e palpável. Olhei para cada rosto, absorvendo cada detalhe, cada expressão de amor e saudade.

Fiz um sinal para que meus irmãos entrassem em casa, sentindo um misto de nervosismo e alegria. Enquanto nos acomodávamos à mesa da cozinha, meu coração batia mais rápido, consciente de que tínhamos muito o que conversar e esclarecer.

Comecei a colocar as coisas para o café da manhã na mesa, focando minha atenção nas tarefas práticas para controlar um pouco a intensidade das emoções que tomavam conta do ambiente.

- Por favor, se sirvam - disse, minha voz soando mais emocionada do que eu gostaria. - Há muito que eu quero compartilhar com vocês.

Meus irmãos trocaram olhares significativos, a curiosidade e o anseio palpáveis em seus rostos. Enquanto eles começavam a se servir, eu tomei um momento para respirar fundo, reunindo minhas palavras.

- Primeiro de tudo - comecei, minha voz um pouco trêmula, - eu sei que todos devem ter muitas perguntas sobre o que aconteceu e por que eu... desapareci.

Alemão, sempre direto, não perdeu tempo. - Cigana, nós todos pensávamos que você estava morta. Como isso pôde acontecer? E por que agora, de repente...

- Surgir das sombras? - completei a frase dele com um sorriso triste. - Eu entendo a confusão e a surpresa. A verdade é que, para proteger todos vocês, eu precisei me afastar. Fui para longe, comecei uma nova vida, mas sempre mantive vocês em meu coração.

Olhei nos olhos de cada um dos meus irmãos, buscando a compreensão em suas expressões ansiosas. Respirando fundo, comecei a explicar o que eles ansiavam saber.

- Quando eu desapareci, foi porque fui forçada a tomar uma decisão difícil. Um informante, alguém que sabia onde nosso pai estava, exigiu um alto preço para revelar essa informação. Ele queria uma quantia considerável de dinheiro, mas isso não era tudo. Ele também queria que eu... desaparecesse. Ele queria minha vida, como garantia de que eu não o trairia ou o entregaria à polícia.

O choque percorreu o rosto deles, a incredulidade misturada com raiva e confusão. Mas eu continuei, sentindo que finalmente era hora de compartilhar essa verdade tão dolorosa.

& Eu não podia simplesmente entregá-lo a vocês, não com minha própria vida em jogo. Eu sabia que ele não hesitaria em me matar. Então, tomei a decisão de fingir minha própria morte. Era a única maneira de proteger a vocês e manter nossa família a salvo.

Alemão cerrou os punhos, a raiva evidente em sua postura.

- Você deveria ter nos contado. Nós poderíamos ter feito alguma coisa, poderíamos ter enfrentado esse informante juntos.

- acredite, essa foi a melhor opção! - Erick respondeu encarando seu café

- você sabia de tudo o tempo todo? - coiote perguntou indignado enquanto Erick apenas assentiu sem saber o que dizer

As lágrimas encheram meus olhos enquanto eu olhava para eles, sentindo o peso da culpa e da dor sendo aliviado.

- Obrigada por me entenderem. Eu nunca quis causar tanta dor a vocês, mas eu esperava que um dia poderia voltar e contar toda a verdade.

Gabriel se aproximou e me abraçou com força.

- A família está junta novamente. Isso é o que importa agora.

Enquanto nos abraçávamos, senti a força do amor da família nos envolvendo, um lembrete de que, mesmo nas situações mais difíceis, o vínculo entre irmãos pode superar qualquer obstáculo. E ali, naquele momento, eu soube que estava de volta ao lugar onde pertencia, junto à minha família, pronta para enfrentar o futuro com eles ao meu lado.

Respirei fundo, controlando minhas emoções antes de falar.

- Agora que estou de volta, precisamos descobrir quem sabia sobre mim e quem me entregou para esse informante. Alguém dentro da nossa organização pode estar envolvido nisso.

Erick assentiu, a expressão séria.

- É verdade. Não podemos deixar isso passar impune. Precisamos encontrar quem traiu nossa confiança e colocou todos em perigo.

Gustavo olhou para mim, determinado.

- Contem comigo nessa busca. Se alguém tentou prejudicar a família, eu vou ajudar a descobrir a verdade.

Os outros irmãos assentiram em concordância. Era um compromisso silencioso de que enfrentaríamos essa ameaça juntos, independentemente dos desafios que surgissem pelo caminho.

Levantei-me da mesa e coloquei as mãos nas deles, sentindo a força da união entre nós.

& Obrigada por entenderem e por estarem ao meu lado. Juntos, vamos descobrir a verdade e garantir que nossa família esteja segura.

Erick sorriu, um sorriso carregado de determinação.

- Vamos começar a investigar imediatamente. Ninguém vai mexer com a família D'amico impunemente.

Depois de firmarmos nosso compromisso, continuamos o café da manhã. Era estranho estar rodeada por meus irmãos novamente, após tanto tempo de afastamento. A cada olhar trocado, eu sentia a mistura de saudade, alívio e determinação.

Enquanto dividíamos os biscoitos que eu havia feito, os murmúrios de conversa preenchiam o ar. Cada um de nós compartilhava histórias breves sobre o que havia acontecido em minha ausência. Era como se estivéssemos reacendendo as chamas de nossa conexão, construindo pontes que o tempo e a distância haviam temporariamente afastado.

Gustavo contou sobre sua jornada de treinamento e sua entrada na família. A maneira como ele havia se adaptado tão rapidamente me deixou admirada. Erick compartilhou detalhes sobre as operações que conduziu enquanto eu estive fora, destacando a complexidade e os desafios que enfrentamos em nosso mundo.

Enquanto ouvia, minha mente oscilava entre a apreensão pela ameaça que pairava sobre nós e a gratidão por termos nos reunido novamente. Aquelas palavras, aqueles momentos simples de compartilhar experiências, eram como elos que fortaleciam nossos laços familiares.

Apesar da gravidade da situação, um leve sorriso brincou em meus lábios. Estávamos juntos novamente, unidos pelo propósito de proteger uns aos outros e desvendar a verdade por trás da traição. Sabia que essa jornada seria árdua e perigosa, mas também estava ciente de que, com minha família ao meu lado, éramos capazes de enfrentar qualquer desafio.

Enquanto o café da manhã se desenrolava, percebi que, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, ainda havia espaço para a conexão, o amor e a determinação. A cada mordida dos biscoitos e cada troca de olhares entre nós, reafirmamos nosso compromisso de proteger uns aos outros e descobrir a verdade que nos havia sido ocultada.

E assim, com o café da manhã se estendendo à medida que compartilhávamos nossas histórias e fortalecíamos nossos laços, eu senti uma sensação de esperança se enraizar em meu coração. Não importava o que viesse a seguir, sabia que enfrentaríamos juntos, como uma família unida e resiliente.

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