Herdeiros Do Submundo

capítulo 63

Brasil, uma hora da tarde!
Marasato.

Cinco anos se passaram desde o dia em que tomei a decisão de forjar minha própria morte, uma escolha que me permitiu recomeçar, construir uma nova vida longe das sombras do passado. Hoje, olhando para minha família reunida em torno da mesa de almoço, sinto uma profunda gratidão por essa segunda chance que a vida me deu.

O aroma de comida caseira paira no ar, uma fragrância reconfortante que me faz lembrar das refeições compartilhadas em minha infância. Minha amada esposa, meu verdadeiro amor que acreditou em mim e me apoiou em cada passo dessa jornada, sorri para mim enquanto cuida de nosso filho. Nosso filho, uma luz em minha vida que me lembra que há esperança e alegria mesmo nos momentos mais sombrios.

Enquanto compartilhamos histórias e risadas à mesa, sinto-me em paz. Não importa quais desafios o dia de trabalho possa trazer, é nesses momentos de união e amor que encontro a verdadeira riqueza da vida. Minha esposa me fala sobre seus projetos e realizações, sua paixão pelo trabalho e a dedicação com a qual abraça cada dia. Ao ouvi-la, sinto-me inspirado por sua determinação e força.

Meu filho, um pequeno turbilhão de energia e curiosidade, compartilha suas aventuras escolares e as novidades de seu mundo em crescimento. Seus olhos brilham com entusiasmo enquanto ele fala, e meu coração se enche de alegria ao ver seu sorriso radiante.

Após o almoço, faço questão de ajudar a recolher os pratos e limpar a mesa, um pequeno gesto que simboliza o equilíbrio entre meu papel como chefe de família e as tarefas cotidianas que compartilhamos. Enquanto me preparo para sair, dou um beijo carinhoso em minha esposa e um abraço apertado em meu filho. Eles sabem que meu trabalho é importante, mas também entendem que a família está sempre em primeiro lugar.

Dirijo-me ao meu escritório, onde coordeno a minha própria empresa de transporte. Nos últimos anos, construí uma reputação de confiança e eficiência, valores que sempre carreguei comigo. O escritório é preenchido com a movimentação de funcionários e as vozes ao telefone, um ambiente que me lembra a realidade do mundo dos negócios.

No entanto, mesmo em meio à agitação do trabalho, levo comigo a lembrança do almoço em família, a sensação de calor e conexão que nos une. É essa lembrança que me dá forças para enfrentar os desafios do dia, para tomar decisões difíceis e continuar construindo um futuro sólido para aqueles que amo.

Meu escritório é um refúgio de tranquilidade no meio da agitação do ambiente. Sento-me à minha mesa, organizo meus documentos e faço uma revisão rápida das tarefas do dia. As solicitações dos clientes, os agendamentos de transporte e os detalhes logísticos preenchem minha agenda, cada um exigindo atenção meticulosa para garantir que tudo ocorra sem contratempos.

Uma reunião com os gerentes de operações é a primeira ordem do dia. Discutimos o planejamento da semana, a alocação de recursos e a resolução de quaisquer problemas que tenham surgido. A comunicação é fundamental nesse setor, e asseguro-me de que todos estejam na mesma página para manter a eficiência e a qualidade dos nossos serviços.

Durante o dia, faço questão de percorrer o pátio onde nossos veículos estão estacionados. Observo os caminhões sendo carregados e descarregados, certificando-me de que todos os procedimentos de segurança estão sendo seguidos. Minha empresa preza pela integridade e pontualidade nas entregas, e é minha responsabilidade garantir que esses padrões sejam mantidos.

Uma das partes mais gratificantes do meu dia é interagir com a equipe. Conheço os motoristas pelo nome e ouço suas histórias e experiências. Eles são o coração da empresa, os rostos que representam nossa marca nas estradas. Ao conversar com eles, reforço nossa cultura de respeito e colaboração.

No escritório, reviso relatórios financeiros e estratégias de crescimento. Exploro oportunidades para expandir nossos serviços, seja por meio de parcerias ou pela incorporação de tecnologias inovadoras. Manter a empresa competitiva e adaptada às demandas do mercado é um desafio constante, mas um que abraço com entusiasmo.

Enquanto me sento em meu escritório, imerso na tarefa de revisar alguns documentos importantes para a minha empresa de transporte, a rotina se desenrola ao meu redor. Minha assistente, sempre eficiente, entra na sala segurando uma encomenda. Meus olhos se fixam na grande caixa preta com um laço vermelho, um contraste marcante com o ambiente sóbrio do escritório.

Uma sensação de inquietação me percorre. Meu passado na máfia ainda lança sombras escuras sobre meu presente, e essa entrega misteriosa só aumenta minha apreensão. A curiosidade luta contra o medo em meu interior, mas antes de tomar qualquer decisão, tomo um momento para respirar fundo e controlar minhas emoções.

Minha assistente coloca a caixa com cuidado sobre a mesa, oferecendo um sorriso tranquilizador.

- Chegou isso para você, senhor Marasato - ela informa, claramente alheia à tormenta interna que se desenrola em minha mente. Agradeço com um aceno de cabeça, reconhecendo sua presença antes que ela deixe o escritório, me deixando sozinho com a encomenda intrigante.

O laço vermelho parece como uma chama acesa, um aviso silencioso da possível periculosidade do que se encontra dentro da caixa. Lembro-me dos dias em que a cor vermelha era um símbolo de sangue e lealdade, uma lembrança amarga de minha antiga vida na máfia. Minha mente é uma encruzilhada entre o desejo de desvendar o mistério e o receio de reabrir feridas antigas.

Com um movimento hesitante, me inclino para a frente e examino a caixa mais de perto. Não há remetente visível, nenhuma pista óbvia sobre sua origem. Sinto uma tensão nervosa se formando em minha garganta. Devo abrir? Devo enfrentar o desconhecido?

Finalmente, a curiosidade supera o medo. Com um movimento firme, desato o laço vermelho e removo a tampa da caixa. Meu coração bate mais rápido quando me deparo com seu conteúdo: um envelope selado e um papel dobrado. Com mãos trêmulas, pego o envelope e abro-o com cautela. Meu nome está escrito em tinta negra, uma assinatura do passado que não posso negar.