capítulo 39

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Meu coração dispara, como um trovão em meio à tempestade, ao ver Natalie emergindo da fumaça. Seus olhos refletem coragem e determinação, enquanto corre em direção à cigana caída nos meus braços. O sangue mancha suas mãos, e a agonia do momento é quase insuportável.

Sinto o peso do abdômen ferido, onde o tiro acertou, e a dor é lancinante. Natalie se aproxima, e seu toque é suave, como uma brisa que acalma o furacão. Ela é a luz em meio à escuridão, a esperança em um cenário de desespero.

Os irmãos se reúnem em volta de nós, seus rostos pintados com o medo e a determinação de vingar o ataque. As lágrimas escorrem em meus olhos, não de dor, mas de gratidão por ter Natalie ao meu lado, mesmo em meio ao perigo.

Ela olha nos meus olhos, com serenidade e compaixão, e um sorriso fraco brinca em seus lábios. "Vamos cuidar dela juntos", sussurra suavemente. E assim, unimos nossas forças para socorrer a cigana.

Natalie não se permite fraquejar, mesmo com o sangue em suas mãos. Ela é uma fortaleza, uma guerreira disfarçada de secretária. E nesse momento, percebo que ela é muito mais do que aparenta ser.

Olho para Erick, meu irmão mais velho, com uma mistura de confiança e dúvida. Suas palavras ressoam em meus ouvidos, e eu percebo que ele pode estar certo. O barco é nossa única chance de sair desta ilha perigosa, e cuidar da cigana a bordo parece a melhor opção.

- Você está certo, Erick - respondo, firmando meu olhar no dele. - O barco é nossa esperança de escapar deste lugar. Precisamos cuidar dela, garantir que ela se recupere e esteja em segurança durante a travessia.

Nossos irmãos assentem, unânimes em concordar com a decisão. A cigana é parte de nossa família, uma companheira que compartilhou conosco perigos e alegrias. Não podemos deixá-la para trás.

Com cautela, levamos a cigana até o barco, com Natalie ao nosso lado, sempre zelosa e cuidadosa. Sinto uma mistura de sentimentos ao vê-la cuidar da cigana com tanto carinho, ela é um verdadeiro anjo em meio ao caos.

Enquanto nos preparamos para partir, sinto o peso do meu ferimento, mas a determinação em meus irmãos e em Natalie me dá forças para seguir em frente. Nós somos uma equipe, unidos por laços de sangue e amizade, prontos para enfrentar o que vier pela frente.

A cigana repousa no barco, acolhida em uma cama improvisada, enquanto nos preparamos para iniciar a jornada rumo à liberdade. O mar se estende à nossa frente, vasto e imponente, e a esperança renasce em nossos corações.

Com cuidado e determinação, zarpamos da ilha, deixando para trás os perigos e os mistérios que nela habitam. O barco desliza pelas águas serenas, e a cigana descansa, protegida em nosso cuidado.

O caminho é incerto, e os desafios ainda estão à nossa frente, mas, juntos, estamos prontos para enfrentá-los. O amor e a dedicação que sentimos uns pelos outros nos fortalecem, e sei que, com Erick ao meu lado, somos capazes de superar qualquer obstáculo.

Ao chegarmos finalmente ao continente, sinto um misto de alívio e ansiedade. O desafio da ilha ficou para trás, mas agora temos um novo obstáculo à nossa frente: garantir a segurança da cigana e de nossa equipe enquanto seguimos em direção ao desconhecido.

Leo sugere a divisão dos carros, e seus argumentos fazem sentido. A cigana precisa de cuidados especiais após o ferimento, e Natalie é a melhor pessoa para garantir isso, enquanto os irmãos podem me auxiliar em caso de necessidade.

- Vocês têm razão - concordo, olhando para Natalie e em seguida para meus irmãos. - A cigana precisa de cuidados especiais, e Natalie é a mais capacitada para garantir isso. Eu me sinto seguro sabendo que ela estará ao lado dela.

Os olhares dos meus irmãos demonstram compreensão, e sei que eles também confiam na dedicação de Natalie em zelar pela cigana. A divisão nos carros parece o mais sensato, considerando a situação.

Ao ver Natalie e a cigana no outro carro, sinto um aperto no peito. Ela me olha com um olhar sereno, e eu lhe envio um sorriso reconfortante. Sei que, mesmo separados por um curto trajeto, estaremos conectados por um vínculo inquebrantável.

O carro parte com Natalie e a cigana, enquanto eu e meus irmãos seguimos por outro caminho, para despistar qualquer pessoa que pudesse estar nos seguindo.

A casa parece mais calma agora que chegamos. Minha mente está repleta de pensamentos sobre a jornada, a cigana e o perigo que enfrentamos. Mas algo me intriga, algo que me faz seguir em direção ao escritório dela.

A curiosidade me impulsiona a entrar e, ao vasculhar a mesa, meus olhos se deparam com um documento que parece uma carta. Meu coração dispara ao ler o conteúdo, e a verdade é revelada diante dos meus olhos.

A carta menciona que Leo é do exército, um traidor entre nós. Meus irmãos e eu estamos chocados com essa descoberta. O sentimento de traição se mistura com a incredulidade, e não consigo acreditar no que leio.

As palavras parecem se embaralhar diante dos meus olhos, e meu coração se enche de indignação. Leo, aquele que lutou ao nosso lado, agora é visto como inimigo. O peso dessa descoberta é avassalador, e meus pensamentos são uma confusão.

Minha mente corre para os momentos em que compartilhamos sorrisos e desafios, quando ele parecia ser tão leal e fiel como nós. O que aconteceu para que tudo mudasse dessa forma?

Enquanto processamos a descoberta, uma sensação de perigo e urgência toma conta de mim. Precisamos encontrar a cigana e tirá-la das mãos de Léo.

Meu coração bate forte, enquanto nossos passos nos conduzem ao galpão onde centenas de militares se reúnem. É uma visão intimidante, mas a preocupação com a cigana e Natalie sentadas no meio deles me faz querer agir impulsivamente. No entanto, meus irmãos me seguram, suas mãos firmes em meus ombros, e seus olhares refletem a preocupação e o medo.

- Não é seguro invadir a base inimiga - diz meu irmão mais velho, sua voz carregada de cautela e sabedoria. - Precisamos ter um plano, avaliar a situação com cuidado antes de agir.

Eu sei que ele está certo, mas a angústia de vê-las no meio daquele mar de inimigos é quase insuportável. A cigana e Natalie não merecem estar nessa situação, e é nossa responsabilidade protegê-las.

Respiro fundo, tentando acalmar minha mente acelerada. Meus irmãos estão certos, a impulsividade pode nos colocar em perigo e colocar em risco a segurança delas. Precisamos ser estratégicos, agir com sabedoria para resgatá-las.

O tempo é precioso, mas a pressa pode ser nossa inimiga. A cigana e Natalie estão em nossos corações, e a promessa de tê-las de volta em segurança é o que nos impulsiona a continuar lutando.

Uma movimentação diferente faz eu me concentrar mais na cena a nossa frente. Em questão de segundos Léo aparece, e com ele mais dois homens fardados. Algumas palavras são trocadas e ele saca uma arma fazendo meus instintos aflorarem, dou um passo pra frente sentindo o desespero tomar conta de mim mas sou segurado fortemente pelos meus irmãos.

O som ensurdecedor de disparo faz o meu mundo parar, por um curto período de tempo pensei que pudesse estar engando, mas então o corpo de cigana cai para o lado deixando Natalie em desespero.

A dor dilacera meu coração, como uma fera faminta devorando cada pedaço de minha alma. Vejo-me sendo arrastado para longe, incapaz de alcançar aquela que amo. Seu rosto se torna um borrão distante, enquanto meus braços estendidos imploram pelo impossível.

Cada passo que me afasta é uma facada, uma punhalada cruel em meu peito. Grito seu nome, mas o vento leva minhas palavras, e o vazio ensurdecedor é tudo o que me resta.

Sinto as lágrimas em meus olhos, quentes e amargas, enquanto o desespero me consome. Tento lutar contra as mãos que me seguram, mas a força que me leva para longe é implacável, insensível à minha dor.

Meu coração parece explodir dentro de mim, e o nó na garganta me sufoca. Sinto-me impotente, como um pássaro enjaulado que anseia por liberdade, mas tem suas asas cortadas.

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