capítulo 59

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Abri os olhos devagar, deixando que a luz suave do sol que entrava pelas cortinas delicadamente me despertasse. Por um momento, ainda me sentia envolta em um sono profundo, como se estivesse flutuando entre sonhos e realidade. Mas então, gradualmente, a consciência retornou, e eu percebi que não estava sozinha.

A respiração calma e reconfortante que vinha dos braços em que eu estava me fazia sentir segura e protegida. Levantei o olhar e me deparei com aqueles olhos familiares, olhos que conheciam cada parte de mim, que haviam visto todas as minhas alegrias e dores, que tinham compartilhado um amor que havia resistido ao tempo e às adversidades.

- Alemão... - sussurrei, minha voz rouca e carregada de emoção. Ele me olhou com um sorriso gentil, seus dedos traçando suavemente meu rosto.

- cigana - ele murmurou, sua voz carregada de um amor que parecia ter resistido a tudo. Ele me puxou para mais perto, envolvendo-me em seus braços fortes e familiares. Eu me aconcheguei nele, sentindo seu calor e seu cheiro familiar, uma sensação que me fazia sentir em casa de uma maneira que nenhum lugar físico jamais poderia.

Havíamos passado por tanto, enfrentado desafios que pareciam insuperáveis, nos afastado e nos reencontrado, mas ali estávamos, nos braços um do outro novamente. Era como se o tempo não tivesse passado, como se todo o sofrimento que tivemos que suportar tivesse valido a pena por esse momento de reencontro.

Alemão me segurou com ternura, seus lábios encontrando os meus em um beijo suave e carregado de saudade. Nossos corações batiam em uníssono, uma melodia que ecoava a história do nosso amor. E ali, naquele abraço, naquele beijo, eu soube que não importava o que o futuro nos reservasse, estaríamos juntos, enfrentando tudo de mãos dadas, como sempre fizemos.

Envolvi meus braços ao redor dele, afundando-me em sua presença, em sua essência que era tão familiar e reconfortante. No abraço dele, encontrei um lar, um refúgio onde todas as minhas preocupações pareciam se dissipar. E enquanto nossos olhos se encontravam e sorrisos trocavam promessas silenciosas, soube que, não importava o que viesse pela frente, estaríamos prontos para enfrentar juntos, como sempre fizemos.

- Hora de encarar o mundo lá fora - ele murmurou com um sorriso sonolento.

Concordei com um aceno, sentando-me na beira da cama e espreguiçando-me. A sensação de minhas roupas de dormir parecia um abraço suave, mas a promessa de café fresco e companhia à mesa era suficiente para me motivar a deixar o conforto do quarto.

Alemão levantou-se, esticando as costas enquanto espreguiçava-se novamente. Ele olhou para o guarda-roupa com um ar de preguiça, como se escolher a roupa do dia fosse um desafio digno de uma manhã ensolarada.

- O que você acha? - ele perguntou, segurando duas camisetas em suas mãos.

Eu dei de ombros, rindo levemente.

- Qualquer uma, desde que esteja confortável.

Ele assentiu, decidindo-se por uma delas e começando a se vestir. Eu fiz o mesmo, optando por um vestido simples e confortável que eu sabia ser perfeito para um café da manhã descontraído.

À medida que descíamos as escadas, senti uma mudança sutil no ambiente. A atmosfera que normalmente pairava na cozinha estava carregada de tensão, e a sensação de expectativa era quase palpável. Trocamos olhares rápidos, eu e Alemão, compartilhando uma compreensão silenciosa de que algo estava acontecendo.

Ao chegarmos à cozinha, nossos irmãos estavam sentados ao redor da mesa, suas expressões variando de preocupação a inquietação. O silêncio reinava, interrompido apenas pelo som dos talheres sendo manuseados com uma delicadeza forçada. As cadeiras vazias em nossa direção eram um testemunho do clima carregado que permeava o ambiente.

- Erick - comecei, minha voz ecoando com um toque de apreensão - o que está acontecendo?

Erick, o mais velho de nós, olhou para cima, sua expressão séria e concentrada. Ele suspirou, parecendo escolher cuidadosamente as palavras que diria a seguir.

- Tivemos um novo desenvolvimento - ele disse finalmente, sua voz firme, mas com um traço de preocupação subjacente. - Recebemos informações de que os outro mafiosos e pequenas gangues querem acabar com nossa família.

Meu coração acelerou. Aquela notícia era como um soco no estômago, um lembrete assustador de que ainda havia ameaças à nossa volta, mesmo depois de tudo pelo qual havíamos passado.

As palavras de Erick pesaram no ar, trazendo uma aura de urgência àquela manhã tranquila. O clima na cozinha mudou instantaneamente, e pude sentir a tensão se acumulando ao nosso redor. Os olhares preocupados de meus irmãos ecoavam meus próprios pensamentos tumultuados.

Engoli em seco, meu coração batendo um pouco mais rápido.

- Isso é sério, não é? - murmurei, buscando os olhos de Alemão em busca de conforto.

Ele me deu um aperto suave na mão sob a mesa, sua expressão séria, mas determinada.

- Sim, Cigana, é sério. Precisamos agir rapidamente para garantir a nossa segurança e a do nosso nome.

O silêncio pesado pairou sobre a mesa por um momento, enquanto cada um de nós absorvia a gravidade da situação. A ideia de que outras famílias e gangues estavam em busca de vingança era assustadora, mas também nos impelia a agir com inteligência e estratégia.

Erick interrompeu o silêncio, seu tom carregado de seriedade.

- Temos que encontrar uma maneira de provar nossa lealdade, de mostrar que somos diferentes do nosso pai. Precisamos forjar alianças, ganhar respeito e, acima de tudo, permanecer unidos como família.

Ouvir essas palavras de Erick fez com que eu me sentisse parte de algo maior, de um esforço coletivo para proteger nossa família e garantir nosso futuro. Nós éramos mais fortes juntos, e essa crise só servia para fortalecer nossos laços.

Olhei para cada um dos meus irmãos, vendo em seus olhos a mesma determinação que eu sentia.

- Vamos encontrar uma solução - disse com firmeza. - Nós enfrentamos adversidades antes e saímos mais fortes. Não será diferente dessa vez.

As cabeças ao redor da mesa concordaram em acordo, e a atmosfera na cozinha começou a mudar lentamente. De repente, tínhamos uma missão clara: provar nossa lealdade, fortalecer alianças e garantir a segurança da família D'amico.

As ideias começaram a fluir à medida que cada um de nós contribuía com sugestões. O medo que inicialmente nos envolvia estava sendo substituído pela determinação de lutar pelo que era nosso. Juntos, começamos a traçar um plano para enfrentar as ameaças que se aproximavam.

Enquanto a conversa se desenrolava, eu olhei para Alemão mais uma vez, encontrando conforto em seu olhar determinado. Sabíamos que o caminho à frente seria desafiador, mas tínhamos algo que muitos não tinham: um laço inquebrável de amor e confiança.

Nossa família estava unida, e não importava quão sombria a situação parecesse, estávamos prontos para enfrentá-la de frente, com coragem e determinação. Juntos, poderíamos superar qualquer desafio e proteger aquilo que mais valorizávamos: uns aos outros.





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