Capítulo 04

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|| Amber Caccini ||

Nunca pensei que estaria me arrumando tão cedo em um sábado para fazer fotos.

Ainda são duas da madrugada e eu já fiz a minha pequena "mala" que irei levar para o centro de treinamento do time.

Ontem pela tarde, um dos representantes do clube ligou para a minha empresária falando que teriam que antecipar o horário das fotos, pois queriam pegar o nascer do Sol.

Qual a necessidade disso? Eu também não sei.

O foco é apenas a nova camiseta que eles irão lançar e a campanha para incentivar o futebol feminino. Não há a mínima necessidade de exigir a minha chegada lá antes das quatro da madrugada.

Ouço duas pequenas batidas na porta do meu quarto. Vou até o local e abro-a vendo uma Beatriz consumida pelo sono.

-Eu odeio esse trabalho. - ela resmunga se jogando em minha cama. - Por que isso tem que ser tão cedo?

-Estou me perguntando a mesma coisa. - respondo fechando a porta. - Esses caras não dormem não?

-Com certeza eles dormem mais do que nós duas juntas. - rio minimamente voltando a organizar as minhas coisas.

Ficou combinado de que eu teria tudo o que precisasse lá no CT, mas eu não sei o que eles querem dizer com esse "tudo".

Se formos considerar que são homens organizando isso, certamente teremos que ter nossas suspeitas.

-Pegou suas maquiagens? - Beatriz indaga.

-Estão todas aqui. - aponto para a pequena maleta. - E as roupas?

-Isso é responsabilidade do clube. - minha empresária respondeu bocejando em seguida. - Já terminou de arrumar as coisas?

Confirmo com a cabeça vendo-a se levantar da cama.

-Pois então vamos logo. O carro do clube já está nos esperando. - ela conclui.

Termino de fechar a pequena mala e logo a sigo pelos corredores do hotel. Em pouco tempo já estávamos andando pelas ruas do Rio de Janeiro.

Beatriz estava com a sua cabeça apoiada no vidro do carro. Seus olhos fechados indicavam que ela estava dormindo.

O trajeto foi feito em total silêncio. O motorista estava prestando atenção na estrada um pouco "deserta" por conta do horário.

Chegamos ao centro de treinamento e logo o segurança autorizou a nossa entrada no local.

Esse lugar é tão grande que eu facilmente me perderia aqui dentro. Acordo Beatriz no instante em que o motorista estaciona o carro.

Descemos do veículo já com uma mulher sorrindo para nós. Como ela consegue estar feliz de madrugada?

-Olá, eu sou a Júlia e fiquei encarregada de acompanhar vocês até o local das fotos. - ela sorri gentilmente.

-Nós somos... - minha amiga ia falando, porém a mulher a interrompe ainda sorrindo.

Fico me perguntando se a bochecha dela não dói com tanto carisma.

-Eu sei quem vocês são. - ela diz dando de ombros. - Vamos logo antes que alguém venha brigar comigo.

Confirmo com a cabeça a seguindo. Agora eu tenho a total certeza de que vamos precisar de ajuda para sairmos desse lugar. Beatriz nem prestou atenção no caminho já que estava tomada pela sonolência, e eu sou péssima em memorizar.

Confesso que isso foi um problema no início da minha carreira como modelo. Eu tinha que decorar discursos enormes para falar na passarela, mas nunca conseguia e tudo não passava de improvisação. Com o tempo, eu fui me acostumando a ter apenas uma base do que falar e deixar tudo para última hora.

Aprendendo a Viver - Gerson Santos (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora