Capítulo 34

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|| Amber Caccini ||

Dois dias depois...

-Esse eu não quero. - falo assim que Beatriz levantou um vestido branco de mangas bufantes. - Pode colocar para a doação.

Ela confirma com a cabeça dando a volta até o outro lado do quarto e colocando essa e outras peças na caixa.

Olho para os lados em busca das muletas, mas aí eu me lembro: eu não estou mais usando elas.

Ontem eu fui ao médico e ele me liberou para andar normalmente, porém sem forçar muito o pé.

-Essa daí eu não aceito você se desfazer dela. - Beatriz me assusta assim que eu peguei uma blusa que estava no chão. - Ela é tão linda.

-Pode ficar com ela. - jogo a blusa na direção da minha amiga que rapidamente a pega no ar.

Eu decidi fazer uma limpa no meu closet. Havia muitas peças que eu nem lembrava da existência.

Beatriz aproveitou a deixa e disse que doaria as que eu não quisesse mais.

-Já sei onde vou usar. - ergo uma sobrancelha enquanto ela sorria.

Cruzo os meus braços cerrando os olhos.

-Já pode pensar na sua roupa também. - Beatriz completa. - Você vai comigo.

-Posso saber onde? - indaguei voltando a olhar as roupas que eu retirei do closet e trouxe para a cama.

-Vai ter um churrasco na casa do Luiz e eu não vou só. - ela explica vindo para perto.

Observo Beatriz sentar na cama e pegar uma saia minha automaticamente jogando-a nas roupas para doações.

Rio do seu gesto.

-Você que namora ele, não eu. - rebato fazendo careta enquanto ela me mostra o dedo do meio.

-Não seja chata, vai ser algo simples. - Beatriz resmunga. - E sua mãe nem vai mais estar aqui no Rio.

Suspiro sabendo que a casa vai ficar vazia outra vez.

Henrique voltou para São Paulo hoje cedo e daqui dois dias a Antonella também vai voltar.

Ao mesmo tempo em que sinto um alívio por eles não terem se matado nesses dias, também sinto saudade porque essa casa fica muito vazia só com duas pessoas.

-Eu tenho que focar no concurso. - explico pegando outro vestido. - Sem contar que eu passei muito tempo sem usar um salto por conta do meu pé.

-Você já faz isso muito bem. - Beatriz revira os olhos. - Se divertir um pouco não é crime.

Abro a boca para responder, porém ela logo levanta o dedo me fazendo rir. Suspiro sabendo que querendo ou não, Bia vai me fazer ir nesse churrasco.

A porta do quarto é aberta e minha mãe entra toda sorridente. Ela tinha uma enorme caixa em suas mãos.

-O que é isso? - perguntei me arrumando enquanto ela colocava o objeto sobre o meu colo.

-Deixaram isso para você, deve ser algum presente de fã. - ela responde se sentando em uma das minhas cadeiras que giram. - Abre logo.

Faço careta porque isso definitivamente não parece nada com coisa de fã. Geralmente eles deixam uma cartinha e aqui não tem nada.

Abro a caixa e arregalo os olhos sendo pega de surpresa.

-O que tem aí? - Beatriz perguntou curiosa.

Franzo o cenho confusa. Quem que me mandou isso?

Puxo a camisa do Brasil que está escrita "Amber" e tem o número dez no centro.

Aprendendo a Viver - Gerson Santos (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora