Capítulo 46

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Gerson Santos

Cada segundo dentro dessa casa parece uma eternidade. Amber não abriu a boca para falar nada, mas não seria preciso que isso acontecesse para eu entender que ela não estava bem.

Seus olhos vermelhos são acompanhados pelas lágrimas que, de vez em quando, ainda caíam. Deu para ver que o dia de hoje não foi nada bom para ela.

Vou até a cozinha e pego um copo. Coloco água e um pouco de açúcar. Dizem que isso ajuda a acalmar a pessoa e eu espero que seja verdade.

Volto para a sala e Amber ainda estava sentada no sofá – no mesmo lugar desde que chegamos.

A marca vermelha em seu rosto me deixa intrigado e, por mais que eu tenha uma pequena noção do que aconteceu lá, imaginar qualquer pessoa encostando um dedo nela me faz querer fazer coisas que certamente me levariam para a cadeia.

– Está se sentindo melhor? – quebrei o silêncio receoso.

– Se com melhor você quer dizer na merda, é, eu estou ultrapassando. – Amber solta uma baixa risada nasal. Deu para perceber a dor em sua voz. – Nada que o tempo não cure.

– Quem... Quem fez isso com você? – acariciei a sua bochecha levemente. Ela recua um pouco para o lado.

– A minha mãe. – Amber bebe um pouco da água com açúcar que eu trouxe.

– Foi a primeira vez que ela fez isso? – a modelo confirma com a cabeça. Suspiro passando a mão pelo rosto.

– Me desculpa. – sua voz saiu por um fio. Ela parecia querer chorar novamente. – Me desculpa, por favor.

Me aproximo de Amber e retiro o copo com o resto da água de suas mãos. Coloco-o sobre a mesa de centro da sala e logo os meus braços rodeiam o corpo da modelo.

Como ela é pequena.

Amber não recuou e muito menos recusou o meu abraço. Ao invés disso, ela deitou sua cabeça em meu ombro e começou a chorar.

Por que é tão difícil ver isso acontecendo?

Sentir as lágrimas dela molhando a minha camiseta é como se eu estivesse sendo queimado a cada gota em contato com a minha pele.

– Foi horrível. – ela confessa com a voz abafada. Amber se afasta lentamente e limpa as suas lágrimas. – Ela me disse coisas que...

– Ei, não precisa falar sobre isso agora. – coloco o dedo em sua boca fazendo-a calar. – Deve estar doendo muito agora e...

– Eu acho que preciso. – ela sussurra e eu concordo com a cabeça.

– Espera um minuto. – me levanto do sofá. – Eu vou buscar alguma coisa para passar no seu rosto.

Viro as costas e caminho até um dos banheiros onde eu tinha certeza que havia uma caixa com medicamentos e pomadas.

Pego o objeto de plástico e volto a sala. No instante em que me sentei ao lado de Amber, o celular dela toca.

– Não vai atender? – indago assim que ela apertou na tela para recusar a ligação.

– É a Bia. – virou o celular colocando a tela para baixo. – Depois eu mando uma mensagem avisando que estou bem.

Confirmo com a cabeça e me aproximo um pouco mais dela. Abro a caixa e faço careta assim que vejo a bagunça que está.

– Essa daqui vai aliviar a sua dor. – pego uma das pomadas que tinha lá. – Eu uso ela quando me machuco nos treinos.

Aprendendo a Viver - Gerson Santos (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora