Capítulo 47

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Amber Caccini

Fechei os olhos assim que Gerson abriu a porta de um dos quartos do hospital. Diferente do outro, esse continha apenas uma cama.

Engulo seco seguindo Gerson. Ele vai até o final do quarto.

– Bom dia, dona Rita. – o jogador murmurou levando sua mão até o ombro da mulher aparentemente cansada. Suas olheiras eram enormes e os olhos vermelhos indicavam que ela havia chorado. – Como a nossa garotinha está?

Engulo seco vendo a menina deitada na cama. Ela, diferente de Ravi, estava mais abatida, parecia estar lutando a mais tempo.

– A esperança é a última que morre. – a mulher se limitou a responder.

Ver os seus olhos enchendo de lágrimas mais uma vez foi como me despedaçar aos poucos.

– E essa linda mulher? – Rita perguntou me olhando.

– É uma amiga minha. – Gerson fez sinal para que eu me apresentasse.

– Oi... – seja gentil, é só isso o que passa pela minha cabeça. – Eu sou a Amber.

– Muito prazer em te conhecer, menina. – abro um simples sorriso ao vê-la me chamando assim.

Gerson suspira se aproximando da garotinha que mantinha seus olhos fixos no jogador. Ele acaricia levemente os cabelos dela.

– Pode ir comer algo, Rita. – ele murmurou. – Eu e a Amber tomamos de conta da Helena.

– Eu não quero deixar a minha filha sozinha, ainda mais depois do que o médico falou.

– O que ele disse? – minha voz saiu no automático. Levo minhas mãos até a boca percebendo o quão indelicada eu fui. – Perdão, eu não quis perguntar isso. – me desculpo desviando o olhar.

– Ele só falou o que todos sabemos, mas não queremos acreditar. – Rita respondeu limpando a lágrima que caiu.

– Pode ir descansar um pouco, nós ficamos aqui com essa princesa. – Gerson fala fazendo a mulher concordar minimamente com a cabeça.

Observo ela sair do quarto e logo o camisa vinte se sentou na cadeira em que Rita estava. Ele dobrou e colocou próximo aos pés de Helena o pano que Rita se cobria.

– Oi, Lena. – o jogador sorri para a menina que, com dificuldade, retribui. – Anda comendo direitinho?

Ela negou com a cabeça.

– Dói tudo. – explicou piscando levemente. – Minha garganta parece queimar.

Fecho os olhos percebendo o quão pálida ela está. Alguém tem que fazer algo por essa criança.

– Por que isso tem que acontecer comigo, titio? – Helena pergunta para Gerson. – Por que eu não posso ser normal?

– Você é normal, princesa. – o jogador se limitou em responder.

Engulo seco tentando desmanchar o nó que se formou em minha garganta. Cada palavra dita pela criança parece uma súplica para tirá-la dessa situação.

Helena suspira fechando os olhos. Após alguns segundos, ela os abre novamente.

Uma vez eu li em um livro que, se algo te despedaça, você tem que se despedir dele. Mas, e quando isso é impossível?

Existem casos onde nós simplesmente não temos mais força para sofrer com a dor de arrancar algo de nós, e aí a dor se torna algo cômodo de se viver. Lutar pela vida já não faz mais sentido.

Aprendendo a Viver - Gerson Santos (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora