Capítulo 62

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// Amber Caccini //

Minha cabeça está a um milhão. Minha mãe fala comigo repassando as últimas informações sobre como eu devo agir, andar, falar e sorrir, mas as palavras parecem rodear a minha cabeça tentando, de forma falível, entrar nela.

— Entendeu, Amber? — seus dedos tocaram o meu ombro fazendo com que os meus olhos encontrassem com os seus. — Quatro pessoas. São apenas quatro pessoas que te impedem de chegar ao topo. Derrube-as e você se tornará a Miss Grand Brasil.

Quatro pessoas. Não são apenas quatro.

Existe um mundo de coisas que me impedem de conseguir aquela coroa: medo, aflição, receio de decepcionar, minha mãe a toda hora dizendo o que eu devo ou não fazer, horas e mais horas de produção, sem contar nas inúmeras pessoas que me amam e nas outras que me odeiam.

Sorri para ela e confirmei com a cabeça. Afinal, isso é tudo o que eu tenho feito nas últimas horas.

— Amber, você está bem? — Isabela se abaixou para ficar da minha altura, já que eu estava sentada em uma poltrona. — Você parece tão aérea.

— Eu... — eu não quero competir, eu não quero subir naquele palco e desfilar, eu não quero fingir ser quem eu não sou, eu não quero nada disso, nunca quis. — Estou apenas nervosa.

Ela acariciou o meu ombro e deu um pequeno sorriso.

Suspirei me levantando da poltrona. Faltam poucos minutos e eu tenho que me dirigir até o local onde todas as modelos se encontram.

— O que é isso? — abri um largo sorriso assim que girei a maçaneta da porta do meu camarim e dei de cara com uma caixa cheia de flores. — Quem deixou aqui?

Virei para trás, encontrando o rosto confuso da minha mãe. Ela deu de ombros e eu me abaixei para pegar a caixa.

Ela estava toda pintada de preto e tinha algumas decorações em dourado. No interior, rosas vermelhas se destacavam e, junto a elas, vários papéis como se fossem cartas.

Coloquei tudo sobre uma mesa. Peguei o primeiro envelope abrindo-o. Era uma foto minha com o Henrique quando ainda éramos crianças.

Engoli o nó que queria se formar na minha garganta.

Abri outro e era uma foto minha e de Beatriz, assim que nos mudamos para o Rio. Também tinha uma com o Gerson — a primeira vez que fomos flagrados juntos pelos paparazzis.

O último envelope vinha com uma frase atrás. "Porque é muito fácil sorrir e acenar quando não se sabe da verdade."

Franzi o cenho e logo abri o envelope.

Abri um sorriso com a primeira foto. Eu, o papai, o Henrique e a mamãe.

Mas tudo pareceu desmoronar quando fui passando as fotos pela mão. Meu sorriso se desmancha, o nó na garganta me sufoca e tudo parece passar em câmera lenta aos meus olhos.

Levanto a cabeça assim que a última foto chega aos meus olhos.

O ar não chega aos meus pulmões. Pelo reflexo do espelho, consegui ver o meu tórax subindo e descendo de forma descompassada. Eu parecia estar me afogando sem água.

Um barulho na porta chamou a nossa atenção. Uma das organizadoras do evento avisou que deveria ir correndo, pois já vai começar e falta apenas eu.

Dei o primeiro passo sentindo minha perna fraquejar. Só não caí pois me segurei na parede.

Joguei as fotos sobre a caixa.

— Vamos, Amber. — Antonella segurou o meu braço e me puxou para fora do camarim.

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⏰ Última atualização: Oct 18 ⏰

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Aprendendo a Viver - Gerson Santos (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora