// Amber Caccini //
Minha cabeça está a um milhão. Minha mãe fala comigo repassando as últimas informações sobre como eu devo agir, andar, falar e sorrir, mas as palavras parecem rodear a minha cabeça tentando, de forma falível, entrar nela.
— Entendeu, Amber? — seus dedos tocaram o meu ombro fazendo com que os meus olhos encontrassem com os seus. — Quatro pessoas. São apenas quatro pessoas que te impedem de chegar ao topo. Derrube-as e você se tornará a Miss Grand Brasil.
Quatro pessoas. Não são apenas quatro.
Existe um mundo de coisas que me impedem de conseguir aquela coroa: medo, aflição, receio de decepcionar, minha mãe a toda hora dizendo o que eu devo ou não fazer, horas e mais horas de produção, sem contar nas inúmeras pessoas que me amam e nas outras que me odeiam.
Sorri para ela e confirmei com a cabeça. Afinal, isso é tudo o que eu tenho feito nas últimas horas.
— Amber, você está bem? — Isabela se abaixou para ficar da minha altura, já que eu estava sentada em uma poltrona. — Você parece tão aérea.
— Eu... — eu não quero competir, eu não quero subir naquele palco e desfilar, eu não quero fingir ser quem eu não sou, eu não quero nada disso, nunca quis. — Estou apenas nervosa.
Ela acariciou o meu ombro e deu um pequeno sorriso.
Suspirei me levantando da poltrona. Faltam poucos minutos e eu tenho que me dirigir até o local onde todas as modelos se encontram.
— O que é isso? — abri um largo sorriso assim que girei a maçaneta da porta do meu camarim e dei de cara com uma caixa cheia de flores. — Quem deixou aqui?
Virei para trás, encontrando o rosto confuso da minha mãe. Ela deu de ombros e eu me abaixei para pegar a caixa.
Ela estava toda pintada de preto e tinha algumas decorações em dourado. No interior, rosas vermelhas se destacavam e, junto a elas, vários papéis como se fossem cartas.
Coloquei tudo sobre uma mesa. Peguei o primeiro envelope abrindo-o. Era uma foto minha com o Henrique quando ainda éramos crianças.
Engoli o nó que queria se formar na minha garganta.
Abri outro e era uma foto minha e de Beatriz, assim que nos mudamos para o Rio. Também tinha uma com o Gerson — a primeira vez que fomos flagrados juntos pelos paparazzis.
O último envelope vinha com uma frase atrás. "Porque é muito fácil sorrir e acenar quando não se sabe da verdade."
Franzi o cenho e logo abri o envelope.
Abri um sorriso com a primeira foto. Eu, o papai, o Henrique e a mamãe.
Mas tudo pareceu desmoronar quando fui passando as fotos pela mão. Meu sorriso se desmancha, o nó na garganta me sufoca e tudo parece passar em câmera lenta aos meus olhos.
Levanto a cabeça assim que a última foto chega aos meus olhos.
O ar não chega aos meus pulmões. Pelo reflexo do espelho, consegui ver o meu tórax subindo e descendo de forma descompassada. Eu parecia estar me afogando sem água.
Um barulho na porta chamou a nossa atenção. Uma das organizadoras do evento avisou que deveria ir correndo, pois já vai começar e falta apenas eu.
Dei o primeiro passo sentindo minha perna fraquejar. Só não caí pois me segurei na parede.
Joguei as fotos sobre a caixa.
— Vamos, Amber. — Antonella segurou o meu braço e me puxou para fora do camarim.
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Aprendendo a Viver - Gerson Santos (PAUSADA)
Fanfic"Nunca achei que pudesse existir tantas realidades nesse mundo. Nunca percebi nada que fugisse da minha verdade, talvez eu nunca tenha tido essa opção. Mas algo mudou. Você apareceu e me mostrou que o que eu sei é apenas uma simples fração do que a...