Capítulo 07

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|| Amber Caccini ||

Assim como a garotinha, colo o meu rosto no vidro sem me importar se iria sujar ou não.

Ela me olha assustada, mas logo acena timidamente. Retribuo o gesto sorrindo.

Eu amo crianças, embora a minha mãe tente me manter longe delas. A Antonella tem medo de que eu fique com vontade de ter um filho e isso acabe com a minha carreira, assim como ela sempre argumentou.

Não sei o que estava acontecendo, mas eu sentia que aquele rosto era bem familiar para mim.

-Você quer entrar? - pergunto um pouco alto para ela que concordou com a cabeça. - Onde está a sua mãe?

-Ela viajou. - sua resposta saiu abafada por conta do vidro.

-E o seu pai?

-Eu me perdi dele. - a menina olha para os lados e logo volta a sua atenção para mim. - Me ajuda a encontrá-lo.

Engulo seco sabendo que entrarei em uma furada. Eu não posso sair agora, estou no meio do meu trabalho.

Mas também não vou deixar uma criança sozinha no shopping. Sabe sei lá o que pode acontecer com ela.

-Beatriz. - chamo a minha empresária que logo está ao meu lado. - Olha isso.

-É uma criança. - ela fala como se fosse óbvio.

-Ela está perdida. - comento voltando a olhar para a menina em nossa frente que continuava parada. - Não podemos deixá-la sozinha.

-Amber... - ela resmunga o meu nome.

-Bia, o seu coração vai ser tão cruel assim? - pergunto suspirando. - Deixa ela entrar aqui só enquanto eu tiro as fotos. Você pode avisar aos seguranças do shopping sobre isso e aí eles trazem o pai dela até aqui.

-E se a família dela quiser nos processar por sequestro?

-E quem é o doido que vai querer sequestrar uma criança? - indago arqueando uma sobrancelha. - Você sabe o trabalho que um ser desse tamanho dá? Sem contar nas despesas.

-A Nazaré roubou um bebê. - Beatriz dá de ombros me fazendo rir minimamente.

-Por favor, Bia. - suplico. - Você sabe o quão perigoso pode ser para ela ficar aí fora sem ninguém.

-Tudo bem. - ela se dá por vencida fazendo um sorriso surgir em meus lábios. - Vou pedir para a Isis avisar aos seguranças.

-Certo. - observo ela se afastar e eu logo vou para a porta da loja que estava fechada apenas na chave.

Abro aquele objeto de vidro e logo chamo a garotinha com a mão. Ela não se move e apenas me olha tímida.

Suspiro tentando não assustá-la. Me aproximo aos poucos enquanto ela permanece no mesmo lugar.

-Oi. - falo me abaixando para ficar de sua altura. - Você ainda não encontrou o seu papai?

Ela nega com a cabeça baixando os seus olhos.

-Olha, eu sou a Amber e eu quero te ajudar.

-Minha mãe disse para eu não aceitar ajuda de estranhos. - a menina responde dando alguns passos para trás.

-E ela está muito certa. - vejo uma expressão confusa no rosto dela. - Mas você não pode ficar aqui sozinha, é bwnwbbq minutos atrás. - Agora eu vou ter que voltar para o meu trabalho, mas não se preocupe porque o meu irmão vai cuidar de você.

-Eu vou? - Henrique pergunta com o cenho franzido.

-Você vai. - o repreendo com o olhar. Me volto para Giovanna. - Aquela ali é a minha amiga - aponto para Beatriz que conversava com um rapaz que parece ser da segurança -, pode falar com ela se precisar de alguma coisa.

Aprendendo a Viver - Gerson Santos (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora