Capítulo 10

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|| pAmber Caccini ||

Coloco as minhas mãos sobre o joelho fazendo uma pequena pausa da corrida. Ainda não me acostumei com a pouca umidade desse estado.

Olho para os lados com a respiração ofegante. Meu pulmão parece estar queimando por dentro e a única coisa que eu consigo fazer é procurar por mais ar.

Limpo o suor com uma das mãos enquanto a outra permanece no joelho.

Olho no meu relógio vendo que havia corrido quase sete quilômetros - o que é uma grande vitória pois, em São Paulo, eu quase não conseguia correr cinco quilômetros.

A verdade é que o preparador físico tem me ajudado bastante a conseguir manter um bom ritmo de exercícios e, sinceramente, eu me sinto até que bem preparada para o concurso não apenas na forma física, mas também psicológica.

Dou um salto para a frente no instante em que sinto uma mão tocar o meu ombro. Acredito que, se não fosse pela minha pele, o meu coração teria se soltado do resto do corpo e saído por aí.

-Mas que merda. - resmungo levando a mão até a minha testa. - Quer me matar?

-Foi apenas uma brincadeira. - Pedro Raul dá de ombros rindo da minha reação. - Não sabia que você gostava de correr.

-A vida de uma modelo não é fácil. - pisco em sua direção voltando a caminhar.

Pedro me seguia com muita paciência. De vez em quando, ele olhava para mim pelo canto do olho.

-O que você quer me perguntar? - indago vendo ele negar com a cabeça.

-Você me conhece tão bem. - Pedro solta uma pequena risada nasal. - É verdade o que os sites estão falando?

-Sobre o que exatamente? - pergunto virando o meu rosto para ele.

Sinto o meu amigo me puxar bruscamente pelo braço - o que quase me fez cair.

-A CICLOVIA É DO OUTRO LADO, CARA! - o jogador berrou para o ciclista que quase me atropelou.

-Obrigada. - murmuro olhando para trás. - Você ainda não me respondeu.

Ele ficou em silêncio durante alguns segundos, parecendo pensar em como fazer a pergunta.

-Você e o jogador estão juntos? - Pedro indaga de uma vez olhando para frente.

Gargalho alto o que o fez parar de andar. Meu amigo parecia não entender o motivo da minha risada.

-Que pergunta idiota. - digo deixando-o com o cenho franzido. - Eu ainda não fiquei doida a esse ponto.

Pedro nega com a cabeça rindo e nós dois voltamos a caminhar lado a lado.

-Por que a pergunta? - questiono fazendo o jogador morder o canto do seu lábio e logo soltar um pequeno sorriso de lado.

-Não consegui acreditar nas notícias. - ele dá de ombros. - Você não é do tipo que se envolva com aquele tipo de cara.

Agora eu quem fiquei confusa. O que ele quis dizer com "aquele cara"?

-Por que? - indago outra vez.

Abro a tampa da minha garrafa de água que eu sempre levo comigo para as minhas corridas matinais, e a levo até a boca esperando que Pedro me responda.

-Não sei, só acho que a sua mãe surtaria com isso. - responde - E você meio que... faz de tudo para agradar a Antonella.

-Minha mãe é o meu tudo. - digo dando um pequeno sorriso de lado. - Ela, o meu pai e o Henrique são as únicas pessoas que eu tenho certeza que daria a minha vida para salvar a deles.

Aprendendo a Viver - Gerson Santos (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora