Capítulo 57

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|| Gerson Santos ||

Faltam cinco dias para o concurso:

— Não precisa agredir a trave. Ela não te fez nada. — Gabriel alerta assim que eu acertei outro chute... No travessão.

Estamos treinando finalização e certamente a minha pontaria tem que melhorar muito.

— Se a meta fosse acertar o travessão, ele erraria todas. — Wesley debocha vindo para o meu lado. — Fala pra nós, Gersin, o que tem abalado a cabeça do nosso coringa?

Olhei para ele e logo neguei com a cabeça me afastando. O que tem me abalado?

Tantas coisas.

Minha fase como jogador está sendo uma das piores e, por isso, a diretoria não me liberou para ver o concurso que será daqui cinco dias. Eu estou tão frustrado que ainda não contei para a Amber sobre isso.

Todas as vezes que ela me pergunta sobre o assunto, eu tento desconversar ou falo que a diretoria ainda não me deu uma resposta.

" — Eu já falei muito sobre mim. — observo ela se virar na cama, apoiando a costas da mão em sua bochecha. — E você? Já tem a sua resposta?

— Que resposta? — olho para o celular parado sobre a pia do banheiro enquanto tento arrumar a minha barba.

— Não se faça de desentendido. — ela ri minimamente. — Vai vir me ver desfilando?

— Eu quero muito, mas ainda não me responderam. — deu de ombros suspirando. — A diretoria disse que tem que avaliar os jogos que vão vir e também se eu vou fazer falta no time.

— É claro que vai. — a Caccini revirou os olhos. — Você é um dos melhores jogadores.

— Não no momento. — joguei a cabeça para trás respirando fundo. Eu realmente não gosto de falar sobre isso. — Mas posso melhorar e vou fazer de tudo para isso acontecer."

Como contar para ela que eu não estarei presente no dia mais importante de todo o seu ano?

Suspiro me sentando no banco de reservas. O técnico apenas me olhou entendendo e respeitando o meu momento. Ou ele talvez só tenha desistido de mim igual grande parte da torcida tem feito.

Gabriel se aproxima de mim e logo pega uma garrafa com água no cooler quase ao meu lado. Ele jogou uma garrafa na minha direção que a peguei no ar.

— Obrigado. — agradeci sem tirar os olhos dos jogadores à nossa frente.

— Não vai me falar? — indagou se sentando no banco. — Eu sei que isso tem a ver com a Amber e o concurso. Ouvi o Landim conversando com o Braz.

— Estavam falando o quê? Me chamando de incompetente? — soltei uma pequena risada nasal bebendo, quase que em um único gole, mais da metade do líquido da garrafa.

— Só um pouco. — ele fez um gesto com os dedos bem próximos, como se estivesse indicando a quantidade. — O Braz disse que a torcida iria te massacrar mais ainda.

— E ele tem razão. — dei de ombros observando Luiz Araújo acertar o gol. — Mas são menos de duas horas de viagem daqui para Brasília. Acho que posso ir e voltar no mesmo dia.

Aprendendo a Viver - Gerson Santos (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora