|| Gerson Santos ||
Faltam cinco dias para o concurso:
— Não precisa agredir a trave. Ela não te fez nada. — Gabriel alerta assim que eu acertei outro chute... No travessão.
Estamos treinando finalização e certamente a minha pontaria tem que melhorar muito.
— Se a meta fosse acertar o travessão, ele erraria todas. — Wesley debocha vindo para o meu lado. — Fala pra nós, Gersin, o que tem abalado a cabeça do nosso coringa?
Olhei para ele e logo neguei com a cabeça me afastando. O que tem me abalado?
Tantas coisas.
Minha fase como jogador está sendo uma das piores e, por isso, a diretoria não me liberou para ver o concurso que será daqui cinco dias. Eu estou tão frustrado que ainda não contei para a Amber sobre isso.
Todas as vezes que ela me pergunta sobre o assunto, eu tento desconversar ou falo que a diretoria ainda não me deu uma resposta.
" — Eu já falei muito sobre mim. — observo ela se virar na cama, apoiando a costas da mão em sua bochecha. — E você? Já tem a sua resposta?
— Que resposta? — olho para o celular parado sobre a pia do banheiro enquanto tento arrumar a minha barba.
— Não se faça de desentendido. — ela ri minimamente. — Vai vir me ver desfilando?
— Eu quero muito, mas ainda não me responderam. — deu de ombros suspirando. — A diretoria disse que tem que avaliar os jogos que vão vir e também se eu vou fazer falta no time.
— É claro que vai. — a Caccini revirou os olhos. — Você é um dos melhores jogadores.
— Não no momento. — joguei a cabeça para trás respirando fundo. Eu realmente não gosto de falar sobre isso. — Mas posso melhorar e vou fazer de tudo para isso acontecer."
Como contar para ela que eu não estarei presente no dia mais importante de todo o seu ano?
Suspiro me sentando no banco de reservas. O técnico apenas me olhou entendendo e respeitando o meu momento. Ou ele talvez só tenha desistido de mim igual grande parte da torcida tem feito.
Gabriel se aproxima de mim e logo pega uma garrafa com água no cooler quase ao meu lado. Ele jogou uma garrafa na minha direção que a peguei no ar.
— Obrigado. — agradeci sem tirar os olhos dos jogadores à nossa frente.
— Não vai me falar? — indagou se sentando no banco. — Eu sei que isso tem a ver com a Amber e o concurso. Ouvi o Landim conversando com o Braz.
— Estavam falando o quê? Me chamando de incompetente? — soltei uma pequena risada nasal bebendo, quase que em um único gole, mais da metade do líquido da garrafa.
— Só um pouco. — ele fez um gesto com os dedos bem próximos, como se estivesse indicando a quantidade. — O Braz disse que a torcida iria te massacrar mais ainda.
— E ele tem razão. — dei de ombros observando Luiz Araújo acertar o gol. — Mas são menos de duas horas de viagem daqui para Brasília. Acho que posso ir e voltar no mesmo dia.
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Aprendendo a Viver - Gerson Santos (PAUSADA)
Fanfiction"Nunca achei que pudesse existir tantas realidades nesse mundo. Nunca percebi nada que fugisse da minha verdade, talvez eu nunca tenha tido essa opção. Mas algo mudou. Você apareceu e me mostrou que o que eu sei é apenas uma simples fração do que a...