|| Gerson Santos ||
Olho mais uma vez para o meu relógio de pulso agoniado com o horário.
— Tem como ir mais rápido? — indago ao taxista que me olha por cima do ombro e logo volta a sua atenção para a estrada.
É óbvio que não tem como.
Estamos parados a quase uma hora e meia no trânsito infernal de Brasília. Já era para eu estar vestindo um terno e chegando ao desfile, mas continuo dentro de um táxi sem previsão de que horas conseguirei sair daqui.
— Infelizmente o meu carro não possui asas, senhor. — o motorista respondeu visivelmente cansado.
Suspirei frustrado. Não é possível que o universo me fará perder o desfile depois de todo o sacrifício que fiz para chegar até aqui.
Perdi um voo, comprei passagens de última hora, fiz escala em outra cidade e, quando finalmente acho que vai dar tudo certo, o destino me mostra que vai dar tudo errado.
E, para completar, ainda tenho que aguentar o Gabriel roncando do meu lado. Ele começou a dormir no instante em que o táxi saiu do aeroporto.
Passo a mão pelo rosto nervoso. Se já não bastasse o trânsito, uma pequena chuva começou a cair.
— O endereço que o senhor me passou fica a sete quarteirões daqui. — o motorista me olhou de relance. — É só seguir reto.
— Sem nenhuma previsão de o trânsito melhorar? — perguntei olhando para o meu relógio mais uma vez.
— Infelizmente não. — ele deu de ombros relaxando seus músculos no banco do carro.
Olho pela janela vendo a chuva se intensificar. Falta pouco mais de uma hora para o concurso. Se eu quiser chegar lá a tempo, terei que sair daqui agora.
— Pega suas coisas. — falei para o Gabriel que acordou assustado.
— Que? — perguntou sonolento olhando para os lados. — Já chegamos?
— Não, mas iremos chegar daqui a pouco. — falei pegando a carteira e retirando o dinheiro. — Pode ficar com o troco. — falei ao motorista já saindo do carro.
Ele destrava o porta-malas, onde eu pego a minha pequena mochila — trouxe apenas o essencial, já que planejo ficar aqui só até o final da noite de hoje.
Gabriel, ainda sem entender nada, faz o mesmo.
— A chuva está muito forte. — ele reclamou alisando os braços. — Nós vamos ficar doentes.
— Pouco me importa. — falei começando a andar.
Agora a minha única missão é chegar a tempo nesse concurso, nem que para isso eu tenha que tomar todos os remédios possíveis depois.
Amber Caccini:
Preciosa terminava de colocar os brincos em mim enquanto o maquiador deixava o camarim. Eu já conseguia sentir as minhas pernas tremerem.
O som do evento já tocava uma música calma que eu conseguia ouvir daqui e isso só deixava tudo mais tenso.
— Você está tão linda. — minha mãe, que havia ido embora para se arrumar e chegou a pouco tempo, murmurou se aproximando de mim.
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Aprendendo a Viver - Gerson Santos (PAUSADA)
أدب الهواة"Nunca achei que pudesse existir tantas realidades nesse mundo. Nunca percebi nada que fugisse da minha verdade, talvez eu nunca tenha tido essa opção. Mas algo mudou. Você apareceu e me mostrou que o que eu sei é apenas uma simples fração do que a...