Capítulo 59

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|| Gerson Santos ||

Olho mais uma vez para o meu relógio de pulso agoniado com o horário.

— Tem como ir mais rápido? — indago ao taxista que me olha por cima do ombro e logo volta a sua atenção para a estrada.

É óbvio que não tem como.

Estamos parados a quase uma hora e meia no trânsito infernal de Brasília. Já era para eu estar vestindo um terno e chegando ao desfile, mas continuo dentro de um táxi sem previsão de que horas conseguirei sair daqui.

— Infelizmente o meu carro não possui asas, senhor. — o motorista respondeu visivelmente cansado.

Suspirei frustrado. Não é possível que o universo me fará perder o desfile depois de todo o sacrifício que fiz para chegar até aqui.

Perdi um voo, comprei passagens de última hora, fiz escala em outra cidade e, quando finalmente acho que vai dar tudo certo, o destino me mostra que vai dar tudo errado.

E, para completar, ainda tenho que aguentar o Gabriel roncando do meu lado. Ele começou a dormir no instante em que o táxi saiu do aeroporto.

Passo a mão pelo rosto nervoso. Se já não bastasse o trânsito, uma pequena chuva começou a cair.

— O endereço que o senhor me passou fica a sete quarteirões daqui. — o motorista me olhou de relance. — É só seguir reto.

— Sem nenhuma previsão de o trânsito melhorar? — perguntei olhando para o meu relógio mais uma vez.

— Infelizmente não. — ele deu de ombros relaxando seus músculos no banco do carro.

Olho pela janela vendo a chuva se intensificar. Falta pouco mais de uma hora para o concurso. Se eu quiser chegar lá a tempo, terei que sair daqui agora.

— Pega suas coisas. — falei para o Gabriel que acordou assustado.

— Que? — perguntou sonolento olhando para os lados. — Já chegamos?

— Não, mas iremos chegar daqui a pouco. — falei pegando a carteira e retirando o dinheiro. — Pode ficar com o troco. — falei ao motorista já saindo do carro.

Ele destrava o porta-malas, onde eu pego a minha pequena mochila — trouxe apenas o essencial, já que planejo ficar aqui só até o final da noite de hoje.

Gabriel, ainda sem entender nada, faz o mesmo.

— A chuva está muito forte. — ele reclamou alisando os braços. — Nós vamos ficar doentes.

— Pouco me importa. — falei começando a andar.

Agora a minha única missão é chegar a tempo nesse concurso, nem que para isso eu tenha que tomar todos os remédios possíveis depois.

Amber Caccini:

Preciosa terminava de colocar os brincos em mim enquanto o maquiador deixava o camarim. Eu já conseguia sentir as minhas pernas tremerem.

O som do evento já tocava uma música calma que eu conseguia ouvir daqui e isso só deixava tudo mais tenso.

— Você está tão linda. — minha mãe, que havia ido embora para se arrumar e chegou a pouco tempo, murmurou se aproximando de mim.

Aprendendo a Viver - Gerson Santos (PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora