Meu pior castigo

Nao toca

Sentei toda molhada, até tremendo de frio com tanto vento e ele entrou no carro também.
O carro estava cheio de uma tensão, ele parecia explodir a qualquer momento, como se tivesse mil coisas pra falar, eu não estava nada a fim de escutar, mas achei que a veia ao lado de sua testa iria explodir também.
—tá estressado por quê?
Ele olhou pra mim com tanta raiva e travou sua mandíbula logo em seguida.
—quem mandou você aparecer onde não foi chamada?
—eu quis ir e fui, simples.
—você é muito intrometida, consegue ficar longe? O máximo possível?
—EU NÃO MANDEI VOCÊ APARECER E PULAR NA ÁGUA PRA FICAR RECLAMANDO TANTO.
—SERIA MAIS FÁCIL SE VOCÊ NÃO ESTIVESSE ONDE NÃO DEVIA!
—DA PRÓXIMA FINJA QUE EU NÃO EXISTO!
—DA PRÓXIMA NEM APAREÇA!
—PARA A MERDA DESSE CARRO, PREFIRO IR A PÉ DO QUE IR COM UM CAVALO IGUAL VOCÊ!
—DESÇA ENTÃO!
—PARE ESSA LATA!

James freou de uma vez e eu sai do carro.
—SEU OTÁRIO! Gritei e sai pela aquela rua escura enquanto ele foi embora.
Pra que tudo aquilo se iria me deixar aqui! Seria bom se o pneu furasse e ele ficasse no meio da rua!
Estava tão frio por já ser de madrugava ventando demais e eu toda molhada.
Eu estava tão louca de raiva que me desliguei do medo de está sozinha nesse lugar estranho, uns bichos fazendo barulho e além disso só conseguia escutar o barulho dos meus pés na estrada velha.

Uma poeira infernal e meus pelos arrepiados, um carro passou louco perto de mim com os faróis altos e assoviaram para mim, babacas. Eu nem me importei até que o carro começou a dar ré.
—FALA GATINHA... começaram a me importunar pela janela me acompanhando.
—ACHEI QUE SÓ OS FARÓIS DO NEU CARRO ESTAVAM LIGADOS. Disse e riu, eu coloquei as mãos na frente dos meus peitos e segui.
—O QUE TÁ FAZENDO SOZINHA POR AQUI?
—não está vendo ou é cego? Andando.
—para! Ele disse e o moreno de cabelo curto e forte desceu do carro.
—que estressadinha, eu gosto assim.
Falou parado em minha frente e levantou a mão colocando no meu queixo e o erguendo.
—BEIJA ELA! BEIJA
—BEIJA!

Dava pra ver de longe que os amigos que o acompanhavam estava bêbados.
—certeza que irá ficar fascinada...
—olha me essa e vai embora. Eu retirei a mão dele de mim com um tapa e ele bloqueou minha passagem agarrando meus braços.
—TA FAZENDO O QUE? IMBECIL?
—já fez a luz da lua? Tá escuro se for tímida...
—TA DROGADO? SOLTA MEU BRAÇO!

Hailey tentou puxar enquanto escutou os amigos dele gritava e ela fechou os olhos um pouco vendo a iluminação forte de outro carro com o farol cegando todos.
Quando ela notou era James saindo do carro como uma estrela cadente que passa tão rápido que quando vi o rosto do rapaz já estava socado e a boca sangrando.
—James!!! Ele virou-se pra mim e começou a me analisar.
—o que aconteceu?
—nada... não aconteceu nada, eu ia dar um chute nas bolas dele.
—tá, muito bem, vai para o carro.
—vem você também.
—AI CARA!!
—vem! Puxei a mão do James de uma vez e sai tentando puxar ele.
—não resolvi as coisas aqui ainda!

—AINDA PRECISO DEVOLVER O SOCO NESSE OTARIO. O cara foi pra cima do James e acertou em cheio os lábios dele, segundos depois o cara estava no chão outra vez e os amigos dele foram saindo do carro e eu puxei James.
—JAMES CHEGA! VAMOS! Vamos... nós entramos no carro e saímos o mais rápido dali dando um perdido naquele caras entrando no meio das árvores.

—desliga os faróis, desliga o carro! Disse e meti a mão fazendo isso.
—pelo menos agora não dar pra ninguém nos ver e arrumar problemas.
—vamos embora, não precisa disso.
—só uns minutos, chega de confusão por hoje.
Só contávamos com a luz da noite, mas eu vi o sangue escorrendo da boca dele, James passou a mão pra limpar, mas voltou a forçar um bolinha de sangue e descer novamente.
—espera. Retirei minha blusa molhada e coloquei um pedaço que na minha cabeça não estaria tão suja e coloquei no canto da sua boca pressionando.

—não precisa disso Hailey.
—olha caipira não desfaz da minha bondade quando eu se quer cuido de mim e estou aqui tentando fazer você melhorar, eu não sou boa com nada e você sabe.
Limpava e sentia a respiração pesada dele.
—você é inteligente... eu parei no mesmo instante e o olhei, James estava com olhos enormes me encarando, cada movimento que eu fazia ele acompanhava.
—é a primeira vez que me fala algo legal.
—não estou sendo legal, isso é só um fato, sei reconhecer as coisas e um pena que sua personalidade seja tão ruim...
—eu não consigo evitar sou assim...
Eu tinha certeza que minha pupila estava dilatada e os olhos dele refletiam os flash de luz o deixando mais lindo que em qualquer outro momento.
A barba não estava tão bem feita assim, mas tudo em conjunto exalava masculinidade...

Os lábios estavam tão próximos dos meus que eu sentia vontade de...
James parou minha mão antes que eu fizesse qualquer coisa, um alívio na verdade.
—já está bom, vamos embora.
—ta... tá..  é. Disse e James ligou o carro, mas notou algo errado. Desceu e deu uma volta pela caminhonete.

—caralho, que inferno!
—o que foi?
—tem um pneu furado. Serio? Pensei...
—não pode trocar? Não posso ficar nesse lugar frio e sem nada!
—não tem como pantufa! Meu pai retirou o estepe ontem.
—vamos andando então!
—você é louca? Sabe à distância que estamos da fazenda?
—James, eu nunca passei uma noite de quer dentro de um carro, ainda mais um em que você já deve ter sujado cada canto dele.
—a única que dormiu aqui foi a Gisele a sua prima.
—minha prima? Tá falando da galinha? Eu não sou prima de uma galinha seu caipira idiota!
—quer ir andando outra vez? Agora está mais escuro,  talvez ninguém te veja.
—foi atrás de mim por que então?
—esqueci o quanto era insuportável por um breve momento.
—já chega não nascemos para ficar no mesmo ambiente, eu te detesto na mesma proporção que você não me suporta, tchau!
James segurou meu braço com força.
—você não vai pra lugar algum a essa hora!

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