Abandonada

384 69 3
                                    

—Hailey!!! Volte aqui!
—vá embora com essa sua caminhonete imunda!
—Hailey!
—tchau! Já não aguento essa humilhação e essa pobreza!
—se vire então! Mimada do caralho.
—HIJO DE PUTA!
—TONTA!

James deu partida e eu sai ainda mais furiosa.
—não acredito que ele foi mesmo embora.
Eu estava com fome nessa droga de lugar, pobre e feio! Isso pode ser chamado de cidade? Mal tem prédios... eu preciso de uma manicure.

Sai andando pelas ruas feias e o pessoal ficava me olhando, por acaso nunca viram algum bem vestido? Bando de roceiros.
—droga por que tive essa ideia? Se quer tenho meu precioso cartão! Suspirei fundo e olhei para o céu.

—Eu não mereço isso...
Procurei uma sombra e meus pés estavam doendo tanto de andar a pé que por um mísero segundo retirei meu sapatos caríssimos da Gucci. Preciosos demais está nesse lugar.
Estirei minhas pernas e quando desviei meu olhar um moleque passou e pegou meus sapatos caros! Eu levantei na maior pressa e corri atrás dele.
—MEUS SAPATOS! LADRÃOZINHO DE MERA! LADRÃO!!!! Gritei alto e como a boa sedentária que sou não consegui correr uma esquina se quer.

Dei um grito tão alto inconformada sem acreditar.
—EU ODEIO ESSE LUGAR! Ahhhhhhhh!
Eu estava parecendo um touro bufando de tanta raiva.
—agora só faltam me sequestrarem e retirarem meus órgãos!

Eu pensei em pedir ajuda, mas isso era demais para mim! Prefiro dormir na rua. Na verdade não! Ai que inferno de vida.
—que situação. Um homem mais velho parou em um carro a minha frente.
—ah jura? O que você quer também? Meus órgão?
—você bebe? Fuma? Ele questionou sorrindo.
—não, não estão em perfeito estado pode retirar.
—quer uma carona?
—quantas já matou?
—você vai ser a primeira.
—não entro em carros de estranhos.
—acabou de me oferecer seus órgão.
—como quer me oferecer carona se nem sabe meu rumo?
—eu sei? Vi você no comércio de Tlaxcala, andando parecendo uma perdida.
—até o nome da cidade é horrível.
—estou voltando pra lá, vai querer carona ou não?
—tá, parece que nem tenho opção. Abri a porta e entrei.
—se for roubar meus órgãos espera até eu comprar o novo lançamento da Saint Laurent, assim posso morrer feliz.
—Saint o que?
—esquece.

Ele fez questão de colocar um daqueles chapéus gigante na cabeça.
—estamos dentro do carro!
—o estilo não tem lugar.
—ah claro. Nessa altura do campeonato eu até tinha esquecido minha fome, mas ela veio com tudo quando chegamos em Tlaxcala.
—você já me trouxe até esse lugar, o que custa me levar até a fazenda? Perguntei quando ele virou o caminho.
—preciso passar no bar primeiro.
—bar?
—é, sou dono do melhor bar da cidade, surpresa.
—não é tão difícil, tem você mais um disputando?
—sim, é isso mesmo, ah não somos três.
—só por Deus.
—disse que estava com fome não foi? Então, te darei comida também.
—não tenho dinheiro para pagar.
—não sou mesquinho, não se pode negar comida.

Desci quando ele parou e não era tão feio assim o lugar. Tudo rústico, claro, mesas ao lado de fora umas luzes amarelas penduradas envoltas com corda e um balcão.

—o que quer comer?
—algo que não seja frito nem ovos, nem nada com muita massa...
Ele me olhou querendo rir e me serviu, arroz, batata frita e um bife.
—hmm, tá... obrigada... mas quando o santo é bom demais não tem que desconfiar?
—sim, quero que trabalhe pra mim.
—eu não me prostituo. Ele deu um risada alta sem se conter.
—não não, quero que seja minha garçonete.
—o que? Eu? Lindão, você escutou a parte que sou herdeira de uma empresa que tem redes de hotéis e clubes?
—sim, mas como me disse qualquer coisa seria melhor que limpar bosta de vaca, não tem muitas proposta para você aqui eu acredito.
—é verdade não tenho, mas isso não iria tirar o fato de que eu iria ter que limpar merda de vaca.
—mas seria em menos tempo se iria se ocupar aqui.
—quanto pode me pagar?
—quanto quer ganhar?
—10 mil dólares. Ele riu outra vez.
—pra uma garota que não sabe nem carregar pratos?
—que bom que já sabe, então quanto pode me pagar? Eu presumo que não muito.
—800 dólares no meu tempo de experiência.
—800 dólares??? O que dá pra fazer com isso?
—aqui, muita coisa, mas se não quer...
—ta! Tá bom! Mas sem descontar do meu salário os pratos e as coisas que eu quebrar.
—sobre isso eu vou pensar.
—aliás por que me quer aqui? Questionei.
—só pra você saber, você não faz meu tipo.
—nem você o meu, mas quero que trabalhe aqui porque é bonita, então vai atrair mais clientes.
—eu sabia! Então é sim um serviço de prostituição.

Mais um vez ele riu e terminou falando pra eu comer.
Quando terminei levantei e ele me levou até a fazenda.
—por nada, você começa amanhã, chegue às 18:00
—vou chegar às 19:00, espera! Se viu trabalhar à noite isso não irá mudar nada na minha vida de empregada aqui!
—vai sim, te vejo amanhã.

Fazer o que né, se quer tenho dinheiro para comprar um carregador.
Andei deixando minha meia imunda, mas antes ela que meu pé. Fui pisando na grava e vi o pessoal trabalhando, mas não avistei meu tio, entrei e logo senti o cheiro de café que James estava coando. O dourado do sol se pondo atravessando a janela marcou os braços fortes dele e o deixou ainda mais... se eu não tivesse com tanto ódio dele.
—Olha quem chegou... falou casual sem nem um pingo de peso na consciência.
—Você é maluco? Me deixou em um cidade sozinha sem um mísero dinheiro no bolso?
—é bom para o seu crescimento tenta fazer as coisas sozinha, voltou até gostando do contato com a natureza. Disse olhando meus pés.
—O SEU IMPRESTÁVEL! EU FUI FURTADA!
—hmm, eles não eram caros?
—eu não consigo olhar mais nem um segundo para sua cara! Disse e sai da sala subindo para o banheiro, ele me paga por essa!

Meu pior castigo Onde histórias criam vida. Descubra agora