Meu pior castigo

Fim do mundo

—tenho paciência, mas não sou Deus pra executar milagres.
—hahaha, vocês irão se dar bem, ensine a ela as coisas básicas primeiro, a mãe dela falou que se ela quiser dinheiro precisa trabalhar.
—é mesmo? Mal posso esperar pra ensinar tudo.
—trabalhar? Como assim dinheiro se eu trabalhar?
—não precisa ficar confusa sininho, rapidinho você aprende a limpar o celeiro.
—não vou limpar nada e minhas unha? E sobre a água fria?

—Hailey eu vou ter que ir buscar um carregamento de ração, o James pode ajudar você com isso.
—espera primeiro obrigue ele a me ajudar! TIO! TIO!
Eu nem terminei de falar e ele saiu, o tal começou a dar a volta sem nem mover uma palha por mim.

—ei! Ele disse pra você me ajudar.
—o pantufa, ele falar e eu querer são duas coisas bem diferentes.
—não posso tomar banho naquela água gelada!
—sabia que quando Deus criou o mundo ele não criou o aquecedor? Isso significa que a pele suporta.
—a sua casca pode suportar, mas não a minha!
—alem disso soube que é muito bom para o cabelo, divirta-se, mas não abuse ou vamos ter que dividir a conta da água.
—como é? EI! EI! Falou pegou o boné dele e saiu. Ridículo!

Era só o que me faltava ter que pagar por essa água ruim!
—onde eu vim parar. Subi os degraus parei no corredor em frente ao quarto do lado do meu e também tinha uma placa James
Não acredito que esse caipira dorme na minha frente!

Esse dia podia ficar pior? Bati o pé e fui para o banheiro novamente tomei banho morrendo de frio, pior que um gato de rua e voltei para o quarto troquei de roupa e desci.

—calma é só um mês... somente um mês... calma. Respirei fundo e procurei meu carregador não o encontrava em lugar algum, como ainda tinha bateria acabei deixando pra lá, mais tarde eu carregaria. Desci morrendo de fome e fui procurar algo pra comer.
Ouvi quando a porta abriu e achei que fosse meu tio, mas logo escutei aquela voz grossa e arrogante indo atender ao telefone fixo em cima de uma mesinha
—ele falou que não teria imposto aqui pra fazenda!
Disse com um tom meio alterado.
—não importo, não vou pagar nada a mais ou podem levar os remédios de volta. Disse e bateu o telefone, mal educado.

Saiu mais uma vez e eu abri a geladeira, havia uns queijos e um meio marrom, o que era isso? Credo. Abri o armário e peguei um pão, mas não era integral, porém minha fome falou mais alto e eu peguei. Coloquei na torradeira. Afinal era só enfiar o pão lá dentro né.

Enquanto deixei lá subi rapidinho pra por meu telefone pra carregar, eu não podia ter perdido meu carregador , pois com certeza ninguém teria um igual ao meu. Depois de jogar tudo em cima da cama eu o encontrei. Daí comecei a tentar colocar na tomada, mas simplesmente não encaixava, um estresse foi subindo a vontade de gritar ainda maior.

—aqui é o fim do mundo? Suspirei e desci. Também não cabia em nenhuma da sala e eu arregalei meus olhos sentindo o cheiro de queimado e a fumaça circulando toda a cozinha.
—meu Deus! Meu Deus! Comecei a tossir não estava conseguindo nem enxergar nada direito com uma fumaça cinza circulando no lugar, o cheiro também estava horrível e eu não conseguia puxar a tomada.
—eu vou morrer cremada! Esse não pode ser meu destino, ainda nem comprei minha lancha dos sonho!!

Escutei a porta abrindo de uma vez.
—TIO! SOCORRO! NEM A TORRADEIRA ME AJUDA!
Não tive resposta e quando ele aproximou eu percebi que era o James não sei o que ele fez, mas a fumaça parou e aos poucos foi de dissipando.

Ele olhou pra mim com uma expressão de fúria.
—VOCÊ QUER POR FOGO NA CASA SUA TONTA!
—ESSE NEGÓCIO QUE NÃO PRESTA!
—PELO VISTO É VOCÊ QUE É BURRA E NÃO SABE SE QUER FAZER UMA TORRADA! NÃO SEI SE PERCEBEU, MAS A CASA É DE MADEIRA!
—QUE TAL REFORMAR ENTÃO?
—NÃO É NECESSÁRIO SE VOCÊ TIVER O MÍNIMO DE SENSO! SUA PATRICINHA MIMADA.
Eu o encarei com tanta raiva e do nada as torradas que literalmente tinham torrado de tão pretas subiu e fez um plim!
—Arrume essa bagunça. Falou e saiu.
—idiota me fez perder a fome!

Joguei os pães pretos no lixo e abri as janelas, isso devia ser o suficiente, acabei pegando umas uvas e comi. Até então sem celular, até que olhei cada canto da casa e consegui uma que encaixava, eu precisava entrar no Instagram ou perderia meus seguidores.

Esperei ele ligar e devia ser a energia horrível daqui demorou um século, já estava escurecendo e o caipira entrou depois de conversar com outro caipira na porta, agradeceu e tudo mais como se não fosse um arrogante.