Meu pior castigo

Preocupacão

—pode só não seja intrometida.
—o que aconteceu com sua família?
—eu disse pra não ser intrometida.
—quero escutar de você... eu olhei pra cima enrolada vendo seu rosto sombreado da pouca luz, incrivelmente másculo e atraente.
—não tenho contato com minha família e nem preciso já tenho aquele Velho.
—entendo, mas o que aconteceu?
—aquela mulher traiu meu pai na cama deles é meu pai acabou suicidando pouco tempo depois.
—meu Deus... sério? E onde ela está?
—não quero saber.
—ela entrou em contato com você?
—mais do que eu possa contar... é um inferno, escutar a voz dela me dar náuseas.
—e estava tudo bem no relacionamento dos seus pais?
—está querendo arrumar justificativas para uma traição?
—não! Não disse isso... só queria entender.
—está ótimo por hoje não?
—sim está ótimo, você vai dormir sentado?
—quer ficar sentada?
—credo! Grosseiro! Mas acho que é melhor não vou consegui dormir aqui!

Ele não fazia ideia o quanto sua presença me despertava, o quanto meu sono havia ido embora e nem dava sinal de retorno. O cheiro dele mesmo que fraco agora era tão envolvente que me deixava embriagada. De mim ele jamais iria escutar isso, mas era exatamente o efeito que meu corpo decidiu sentir ao ter ele perto.

—não consegue o que, fecha os olhos e vai dormir.
Como eu ia fechar meus olhos? Deitada de lado eu estava sonhando acordado com ele, imaginado que poderíamos ter transado. Eu devia ter perdido a virgindade antes! Agora eu não estaria nessa frustração nem muito menos ele. Disso isso porque ninguém comentou, mas eu ainda conseguia sentir James tenso e as vezes quando eu ou ele se movia eu percebia seu pau duro, não completamente, mas devia ser desconfortável.

Se eu já não estava conseguindo dormir, no momento em que James começou a acariciar meus cabelos ficou ainda pior, meu coração acelerou descompensado me deixando totalmente confusa e eu não sei o porquê ele estava fazendo isso. Era pra eu dormir? Eu muito sorrateira olhei de relance para cima e vi ele com a outra mão apoiada na porta da caminhonete mexendo  suavemente em seus lábios olhando fixamente para frente como se estivesse lembrando de algo e eu não disse nada mais. Só fui aproveitando uma flecha de afeto.

E quando me dei conta estava abrindo os olhos vendo a luz do dia, em um laranja champanhe o dia amanheceu com aquele aspecto alegre.
Ficou ainda mais intrigante quando vi James com a cabeça encostada no vidro dormindo. Ele estava com uma expressão de totalmente desconfortável, eu levantei e fui tentar retirar a cabeça dele do vidro pra pode virar para o outro lado. Eu estava tão nervosa só de fazer isso, parecia que minha respiração tinha travado e minhas mãos começaram a ficar inseguras. Encostei nele, a pele estava um pouco fria e a barba macia. Eu desencostei a cabeça do vidro e quando estava bem reta com a minha James abriu os olhos de uma vez. No meu interior eu dei um grito sem tamanho de tanto susto, mas foi tanto susto que nem consegui gritar em som.

Meu olhos simplesmente dobraram de tamanho, e ele ficou estático também do mesmo jeito que eu com aquela boca linda bem perto da minha.
—o que está fazendo? Perguntou com aquele tom rouco.
Soltei seu rosto de uma vez e pisquei retornando a onde estava.
—eu só ia, arrumar porque... bem.
—vamos ver se encontramos alguém. B
—ah sim claro.

Ele saiu do carro e foi para estrada esperar não demorou muito até alguém ajudar a gente é um tempo depois estávamos na fazenda.

—onde "oces" estavam? Meu tio perguntou assim
Que o carro entrou sendo guinchado.
—o carro quebrou ontem. Justin falou.
Ele foi explicar e eu corri pra dentro de casa. Eu conseguia sentir seu corpo a flor da pele. Além de precisar muito de um banho.

Fui direito para o banheiro e a água gelada me fez despertar ainda mais. Levantei a cabeça sentindo as gotas escorrendo por minha face como um carinho suave e falando em carinho, a lembrança chegou bem pronta daquelas mãos passeando por minha cabeça.

Preciso parar com isso! Preciso parar isso já.
Mas como esquecer aquela maldita boca?
Fecho a água e passo a toalha em mim, abri a porta e escutei a voz de Lorenzo, na verdade um alvoroço. Desci até a cozinha correndo e vi meu tio no chão enquanto James chamava ele sem parar.

—Tio!! aproximei e eles estavam tentando levantar ele e por no carro.
—LORENZO PEGA OS REMÉDIOS DELE! PAI ACORDA!! ACORDA LOGO SEU VELHO!
—o que aconteceu?
—como eu não vi que ele não estava bem... James falou baixo se imortalizando por dentro.
—ele passou mal, mas disse que estava tudo bem, então eu não falei nada.
—ELE O QUE? O QUE VOCÊ FEZ? Lorenzo carregou meu tio até o carro dele e James virou pra mim.
—eu vi ele passando mal na cozinha e ele me pediu pra não contar pra você ou iria se preocupar atoa.
—VOCÊ É TONTA ASSIM MESMO? COMO UMA PESSOA PASSANDO MAL PODE ESTÁ BEM? POR QUE VOCÊ NÃO ME DISSE!
—Ele pediu pra mim não contar. Enquanto ele brigava comigo eu fui me sentindo pequena e lembrando que deveria ter avisado, se quer sei o que ele tem, pelos olhos de James estava visível sua raiva e preocupação.

—VOCÊ É TÃO EG...
—JAMES VAMOS! Lorenzo gritou, ele pegou as chaves desesperado.
—eu vou!
—já fez demais. Fechou à porta e foi embora.

Eu fui ficando cada segundo a mais preocupada com o estado dele, e se acontecesse algo me sentiria culpada pra sempre.
Eu precisava ocupar minha mente ou ia enlouquecer pensando nisso. Pensei em fazer algo que diminuísse a raiva dele, talvez se eu alimentasse o Atlas já que ele passaria o dia fora.

Eu troquei de roupa e fui até o estábulo.
—senhorita Hailey, precisa de alguma coisa? O empregado me perguntou enquanto carregava um balde.
—só vou colocar comida para o Atlas.
—não é necessário eu já coloquei.
—vou colocar comida para as galinhas então.
—os animais já estão todos alimentados senhorita, precisa de algo?
—ah, tudo bem então, vou continuar a retirar as coisas para limpar o celeiro.
—acho melhor deixa pra mexer depois, tá vendo o céu? Daqui a pouco irá chover.
—tem certeza que irá chover?
—sim tenho.
—como está o vinhedo?
—está crescendo bão demais.
—há algo que eu possa fazer?
—eu e o José ali já fizemos as coisas bem cedo, mas só falta dar mais uma mamadeira de leite para o novo porquinho que nasceu ontem.
—eu posso fazer isso! Onde tem mamadeira e leite? Espera ele tá fedendo ou cheio de lama?
—não ainda não, vou aprontar uma mamadeira e você dar pra ele.
—tá bom.