POV: Samanun Anuntrakul
Palácio Real de Ayutthaya | Cinco meses depois...
– Claro, majestade – é a última coisa que digo antes de reverenciar a figura masculina na minha frente e sair da sala do gabinete.
No corredor, encaro as mil coisas espalhadas pelo ambiente que declara seu estado caótico de organização. Ando mais um pouco e encontro os criados limpando, talvez pela quarta vez naquela manhã, o grande salão de convivências.
Tudo parecia ter de estar perfeito, mas eu sei que ela não se importa com isso. Não que Mon fosse bagunceira, mas ela sabia usar bem suas doses de apreciação e verificar se existe algum pó em alguma peça de prata não era algo que ela gostava de fazer.
Encaro a grande foto dela exposta no salão e me dou conta de que ela pode ter mudado, afinal, são poucas as pessoas que conseguem continuar as mesmas depois de 5 meses.
Após o meu retorno a Ayutthaya, o rei decidiu que era hora de atribuir algumas de suas obrigações para a alteza, que ficou em Xangai por um mês, e de lá, seguiu numa tour real pelos reinos asiáticos, a fim de reforçar e restabelecer algumas relações diplomatas, após os acontecimentos que antecederam o meu retorno e eu acompanhava tudo pela TV e pelos tabloides.
Ao menos, enquanto a saudade permitisse.
O peso da papelada em minhas mãos me traz novamente para o presente e, após uma última olhada, resolvo seguir as minhas obrigações. Preciso me concentrar nelas para esquecer o fato de que em algumas horas ela estará de volta ao palácio.
E eu não sei como lidaremos com a presença uma da outra.
Ao retornar para Ayutthaya, me determinei a superar a história entre nós duas e continuar vivendo a minha vida, fazendo as obrigações pelas quais eu fui treinada a fazer. No início foi difícil, mas a distância que Kornkamon botou entre nós ajudou um pouco. Ela acabou se ocupando com questões da corte e essa distância só aumentou quando nosso rei a condicionou a ficar mais próxima das questões burocráticas.
Teria sido diferente se eu ainda fosse segurança dela.
Uma pena que não sou mais...
Entro no veículo que me leva ao consulado em poucos minutos. Preciso deixar essa papelada com o Hiroshi e depois retornar ao palácio. Esse processo não demora muito, mas é o suficiente para que eu, prestes a chegar no palácio, encare o veículo blindado estacionado na entrada e vários criados retirando os pertences do carro.
Ela estava em casa.
Quando o veículo que eu estou estaciona, mesmo com as pernas gelatinosas e a respiração descompensada, resolvo descer do veículo e não encarar nada em específico. Sigo determinada a aproveitar o curto tempo que tenho livre em meu quarto, mas uma pessoa bastante musculosa esbarra em mim e eu vejo vários papéis espalhados no chão.
– Desculpa, Samanun! – pede a voz que automaticamente reconheço.
– Não tem problema, Soo – digo, me levantando aos poucos e o ajudando com a papelada espalhada no chão.
– Eu estava indo levar esses papéis para o rei quando uma das criadas me pediu para levar as jóias da alteza para o quarto dela – a simples menção da garota e da possibilidade de ela estar no mesmo prédio que eu me causa ânsia, mas tento me recompor aos poucos.
– Ah, você precisa de ajuda? Posso levar para você – ofereço, esperando que ele entenda que estou me referindo aos papéis, mas...
– Você poderia fazer isso? – ele pergunta, querendo ter a minha certeza – As joias estão naquela maleta. Elas devem ser entregues à alteza Kornkamon diretamente.
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Royalty • MonSam
Fanfiction"Quando lhe tocou a mão pela primeira vez, em seu berço, Samanun jamais imaginou que dedicaria a própria vida a ela." "Quando abriu os olhos e a viu pela primeira vez, estando em seus braços, Kornkamon jamais imaginou que estaria destinada a ela." R...