Suy-Jong

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POV: Narradora

Palácio Real de Ayutthaya

Nos primeiros dias após a partida de Samanun, a princesa buscou todos os meios possíveis de se manter reclusa em seu quarto, sem querer conversar com ninguém, nem mesmo com Lady Yuki, que estava recheada com todos os detalhes sobre o encontro das duas.

Apesar de não terem feito nada demais, ela sentia. A princesa sentia que a noite havia sido memorável para ambas, mas, constantemente, se perguntava se a mulher estava pensando nela do mesmo jeito que habitava seus pensamentos.

Conversavam quase todos os dias, então ela conseguia acompanhar, praticamente de perto, todo o andamento dos estudos de Samanun.

E não pôde evitar de se preocupar quando os treinamentos físicos começaram.

Confiava cegamente na aptidão de Samanun, mas todas as histórias que conhecia acerca das provas de resistência lhe causavam arrepios, a fazendo se questionar até quando ela aguentaria essa situação.

No caso, "ela" era Mon.

Até quando aguentaria saber que Samanun atingia níveis de exaustão quase todos os dias? Que muitas vezes se machucaria? Que sentia um esgotamento mental dilacerante?

Ela deveria estar lá para ajudá-la. Se fosse para ela passar por esse processo torturante, que tivesse algum apoio físico ou emocional em sua companhia.

Mas, infelizmente, seu pai a convenceu de que não seria uma boa ideia.

E ela não pôde insistir mais, afinal, quais justificativas daria para precisar estar, de fato, com Samanun?

E estaria fazendo isso apenas pela mais velha? Ou pela vontade absurdamente incessante de sentir sua presença todos os dias?

Tentava dizer a si mesma que a mulher precisava de alguém, especificamente dela, mas...

Não seria ela quem precisava de Sam?

(...)

Academia Militar de Xangai, na China

Mais uma camiseta no lixo.

Fazia três meses que os treinamentos de aptidão física começaram e Samanun já havia perdido 5 camisetas de treino.

Os panos haviam sido danificados enquanto completavam sua árdua missão em protegê-la dos galhos secos, e cortantes, durante as corridas noturnas na floresta.

Olhou para o próprio corpo através do espelho do banheiro. Seu porte físico havia mudado desde que começou os treinos, mas o que lhe chamou a atenção foi o grande corte, agora cicatrizando, localizado no seu quadril.

Causa? Facada de raspão, mas foi um descuido seu, que não previu que seu oponente no treinamento iria tentar lhe golpear pela lateral esquerda.

Fazia parte...

Com o objetivo de tomar um banho relaxante, tirou as vestes e as deixou no cesto de roupas sujas, ao lado dos coturnos cheios de lama.

Sua mãe a mataria se visse o estado que deixou os calçados chegarem, pensamento que a fez rir e ficar saudosa.

Sentia saudades de casa.

Com esses pensamentos em mente, entrou no box e permitiu que a água quente deslizasse pelo seu corpo.

A noite estava fria, graças aos resquícios do inverno, mas não era motivo o suficiente para que seus instrutores remarcassem a simulação que havia finalizado minutos antes.

Royalty • MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora