Royalty • MonSam

The Thuth

POV: Narradora

Todos ficaram calados. Alguns assustados e surpresos, outros não esboçaram nenhuma reação.

– E quem seria essa pessoa? Nós conhecemos? – foi a vez do rei se pronunciar.

– Vocês conhecem desde que nasceu.

Ao terminar de falar, seus olhos se voltaram para Samanun, assim como todos na sala. A Sra. Anuntrakul alternava olhares entre a filha e o marido, que apenas apertava a sua mão em sinal de apoio.

A secretária sentiu as pernas fraquejarem, mas não ia ceder. Não escutava direito os próprios batimentos e tudo que podia enxergar nas pessoas na sua frente era o medo.

A princesa continuou numa tentativa de chamar a atenção de todos novamente.

– E, bem, essa pessoa também me ama.

Quando Samanun olhou para o rei, notou que ele adotava uma postura séria, embora que surpresa. Depois de alguns minutos de suspiro e alguns olhares questionadores para ela, foi a vez de Hiroshi falar.

– Princesa, não me leve a mal, realmente gostaria de saber. Qual a sua intenção com essa informação?

– Bom, primeiro-ministro, além de expor meus sentimentos por Samanun para vocês, gostaria também de alinhar as expectativas sobre a minha posição de princesa, logo mais, a de rainha. Minha pretensão, Hiroshi, é ter um relacionamento com Samanun, poder demonstrar publicamente que estou com ela, mas sei que existem as ressalvas da coroa, então, estou disposta a discuti-las.

– Discuti-las? De fato, há coisas que precisaremos discutir, mas não sei se tem dimensão de todas elas – o ministro se pôs a falar e se direcionou para a secretária real – Não me entenda mal, Samanun. Conheço você desde pequena e sei da sua índole e como ama o nosso povo, mas como primeiro-ministro eu preciso colocar as possibilidades na mesa – Hiroshi ficou de pé, na frente da princesa, aparentemente numa tentativa de pressioná-la – Diga-me, princesa, está disposta a enfrentar tudo e todos os obstáculos para viver esse romance? Sabe que temos pessoas conservadoras no nosso reinado que podem desaprovar a ligação entre vocês duas.

– Sim, eu estou.

– Mesmo que isso lhe tire a coroa?

– Não quero pensar nessa possibilidade antes de discutirmos os próximos passos.

– Tudo bem, vou reformular. Você tem uma ótima reputação, nossos aliados lhe amam. Muitos contratos que temos no exterior foram firmados por você e a coroa será eternamente grata por isso, mas já parou para pensar que podemos perder aliados por sua decisão?

– Não pretendo manter uma aliança por mim. Nossos aliados não firmaram acordos conosco por que tenho um rosto bonito ou por meu carisma, mas sim pela proposta de valor que uma aliança com o nosso reino tem. Eu só estreitei o caminho.

– Entendo. Então em um mundo onde vocês assumem uma relação pública, sem a majestade, seu rei, disponível, você se torna rainha e por várias circunstâncias Samanun não será... Rei ou rainha. Já pensou nisso? Será uma desigualdade de classe considerável entre vocês duas. Estão dispostas a isso?

Por um momento, a princesa vacilou. Havia pensado nisso, claro, mas não imaginou que Hiroshi traria isso para a conversa nessa tonalidade.

Antes que pudesse responder algo, sua mãe, a rainha, se pronunciou.

– Eu ainda estou tentando processar... Imaginei que acontecesse algo entre vocês duas, mas nunca ficou claro para mim que era real. Eu... – a rainha estava visivelmente perdida nas palavras – Não consigo imaginar como isso poderia dar certo considerando as circunstâncias, mas Samanun é como uma filha para mim e eu não consigo imaginar uma pessoa melhor para passar o resto dos dias com a princesa, só que... Não sei, é tudo confuso – a voz da rainha estava embargada, demonstrando claramente o quão desorientada estava.