รู้สึกผิด

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 • Guilty •

POV: Samanun Anuntrakul

As fases do luto são diferentes de pessoa para pessoa.

Nos primeiros dias após a perda, Mon se encontrava chorando pelos cantos, tendo crises de tristeza repentinas, "sem motivo aparente", o que preocupou a todos. O meu pai sabia o que tinha acontecido, por isso, ele tentava acobertar toda e qualquer suspeita sobre o estado de saúde da alteza.

"Cansaço excessivo" foi o diagnóstico. Por isso, em poucos dias viajamos para a casa de campo dos Armstrong. Mon precisou se afastar um pouco de casa.

Na segunda semana, ela já não chorava mais, mas mantinha um semblante triste. Trouxemos Lady Yuki para ver se a distraía de alguma forma, mas não adiantou, por muitas vezes a conversa entre elas duas sendo apenas um monólogo.

Assim como as nossas haviam se tornado...

Mon estava determinada a guardar todo o sentimento de luto para si, mesmo eu tentando diversas vezes quebrar essa barreira e fazê-la dividir sua dor comigo.

Eu precisava disso, precisava sentir que Mon também estava comigo, lidando com esse sentimento avassalador, com essa perda tão repentina.

Foi apenas no final do mês que ela finalmente conversou comigo. Foi pouco, mas foi um progresso. Eu notava que ela tentava se aproximar aos poucos, tentando falar sobre qualquer coisa que não fosse a nossa dor compartilhada.

Mas ela precisava falar sobre.

E foi então que ela admitiu o que estava sentindo, o porquê de se manter distanciada, de estar reclusa, inclusive de mim.

Culpa.

Culpa por não ter procurado um médico quando os sintomas começaram, quando sentiu que seu corpo estava diferente, por presumir que tudo estava bem sem imaginar que nosso bebê se desenvolvia em seu ventre. Culpa por não ter entendido os sinais daquele dia cinza, que seu cavalo estava agitado demais. Culpa por não me escutado quando pedi que procurasse um médico, tendo como consequência disso, a omissão do nosso filho.

Se ela soubesse, teria tido mais cuidado. Se ela soubesse, não teria andado de cavalo naquele dia.

Se ela tivesse feito diferente...

Mesmo que eu não tivesse culpado ela de nada, ela sentia-se assim. Por isso, acima de tudo, não conseguiu evitar que um muro fosse construído entre nós.

Então, decidimos superar isso juntas.

Quando os pesadelos misturados com lembranças tristes vinham durante a noite, nos abraçávamos, apenas permitindo que todo o sentimento de perda nos preenchesse juntas. Quando o banho se tornava longo demais pelas crises de choro contidas, ficávamos juntas debaixo do chuveiro, numa bolha só nossa, numa conversa muda que não dizia nada, mas, ao mesmo tempo, dizia tudo...

Aos poucos, Mon voltou a sorrir, a encontrar um propósito no que estava destinada a fazer. Eu me mantive ao seu lado durante todo o processo, mas não só por ela.

Por mim também. Saber que os médicos estavam errados e que a possibilidade de eu dar filhos a Mon existia, mesmo que mínima, me trouxe um fio de esperança sobre o rumo da nossa relação.

Era possível, podia dar certo.

No entanto, não consigo evitar uma frustração ao lembrar das falas do meu pai.

"A coroa pode não aceitar o relacionamento de vocês".

Essa é uma possibilidade incontestável.

A monarquia não pode depender de possibilidades. Ela precisa ser sustentada por pilares concretos, por certezas e existe uma linha tradicional a ser seguida.

Eu sou uma mulher.

Intersex, mas uma mulher, o que pode dificultar um pouco o processo de aceitação por parte da coroa, dos ministros e do reino.

É com essa convicção que decidimos continuar mantendo nossa relação em segredo, assim como meu pai nos orientou.

Royalty • MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora