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Margarida Silva
Segunda-Feira

De manhã acordo atrasada, porra! Levanto-me a correr, quase a tropeçar nos lençóis, tomo banho, visto uma roupa qualquer e saiu de casa sem comer. Ainda bem que naquele dia a minha mãe preparou-me a lancheira.

Carrego no elevador e desço para o piso 0, mas ele para logo abaixo do meu.

Vejo o Pedro, igualmente molhado, quero dizer, com o cabelo molhado, ele entra no elevador, mas ao contrário dos outros dias ele nem me dirigiu a palavra, foi melhor assim.

Quando o elevador para para saírmos, ele não fui para adiente, em vez disso, pergunta-me.

- És sonâmbula? - Pergunta tímido, o que por acaso nunca tinha visto.

- Não! Porque sonhaste comigo? - Ele olha para mim, e eu sorri maldosa, não foi a minha intenção.

- Não, não sonhei contigo, porque haveria de sonhar contigo? Se sonhasse seria um pesadelo não um sonho! - Neguei.

- Então porque perguntas uma coisa dessas?

- Estamos a estudar a doença, e dizem que muitos atletas tem sonambulismo! - Mente, mas não me quis chatear.

- Está bem! - digo apenas e vou arranjar uma forma de ir para o Seixal, vejo o pai dele a sair do estacionamento, os meus pais já tinham ido trabalhar há 10 minutos e a minha irmã foi com eles, não era comum eu atrasar-me, mas o que posso fazer agora? Teria pedido boleia, mas não queria ir com ele.

- Queres boleia? - disse o pai dele, o João Neves.

- Não quero incomodar. - digo.

- Anda vamos, o teu pai estrangulava-me se te deixasse atrasada aqui, vamos! - Entro dentro do carro e percebo o olhar do Pedro.

- Então, o Pedro contou-me que és sonâmbula!

- Não sou! Durmo muito bem! - digo e ele.

- Pai, não era para dizeres! - disse entre dentes.

- Sonhaste com ela, e agora eu fico calado!

- Pai cala-te! - disse novamente entre dentes.

- É mentira!

- É pai! - diz e eu olho para a janela apenas.

Ele sonhou comigo e que eu era sonâmbula? O que fazia eu no sonho? Espero que o tenha morto a dormir.

Credo! Que maus pensamentos Margarida!

Chegámos ao Seixal, e eu agradeço ao pai dele, saí do carro quase a tropeçar e vou até a entrada.

- Margarida? - Reconheço a voz dele e ando um pouco mais depressa.

- O que foi? - Pergunto já sem paciência, mas mesmo assim viro-me para ele.

- O que fiz foi errado! - Olho para ele confusa.

- O quê? - digo!

- Em criança o que fiz foi um erro! - Admitiu.

- Não, eu cometi um erro ao proteger-te!

Finally Together | Segunda Temporada | AcabadaOnde histórias criam vida. Descubra agora