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Margarida Silva
Alguns dias antes

O dia até o jantar com os Neves furou pouco, pois quando sei por isso já estava a preparar-me para os receber.

Nunca percebi o porquê destes jantares ou almoços, aos quais eu e a minha irmã éramos obrigadas a ir, no início até achei giro, mas as vezes cansa, e canso-me mais depressa quando sei que o Pedro está presente.

Naquele dia não há excepções, ele vinha e eu tinha prometido ao meu pai que iria portar-me bem.

A noite chegou e como tal eles também chegaram.

Eles entraram na casa e por alguns segundos fiquei a olhar para o Pedro, não gostei da minha reação.

Os adultos foram para a cozinha, enquanto a Carolina foi ter com a minha irmã ao quarto, já que elas eram quase da mesma idade, poucos meses de diferente, suponho serem 3.

Vou para a sala subsequentemente seguida pelo Pedro. Sento-me e fico no telemóvel, mas a abrir e a fechar o menu do Samsung.

Percebo que o mesmo ouvia uma conversa dos nossos pais na cozinha, e percebi que falavam de nós, especificamente da Andreia e do que tinha acontecido de manhã, era comum trocarem ideias sobre a nossa educação, já que o meu pai e o João eram amigos desde os 16? Bem não sei.

- É feio ouvir as conversas dos outros. - Começo por dizer, não queria provoca-lo, mas ele achou que sim.

- Quem disse que estava a ouvir?

- És surdo por acaso?  - disse num tom talvez rude, não era a intenção.

- Não.

- Então estavas a ouvir. - digo.

- Não estava a prestar atenção.

- Isso já é outra conversa. - disse.

- Tu podes não ser tão irritante?

- Não sou. Só estou a dizer.

- Claro! Estavas a prestar atenção em mim por acaso?

- Não sejas tão convencido! - disse.

- Admite que estavas a olhar para mim, doi-te menos.

- Não estava a olhar para ti, não sejas ridículo. - disse e ele olha para mim finalmente.

- O que queres?

- Eu nada. Estou apenas a dizer que estavas a prestar atenção na conversa deles e isso é feio. - disse a olhar para ele.

- Não estava, o que me interessa a tua irmã? - Admite que estava a ouvir a conversa. - Estúpida.  - E começaram os insultos, coisa que prometi ao meu pai não fazer.

- Parvo!

- Anormal!

- Irritante.

- Desequilibrada!

- Bisbilhoteiro!

- Chata!

- Imaturo!

- Gorda!  - Calo-me, por ser um insulto demasiado pesado, engolo a seco e prendo as lágrimas. Podia ser um insulto como os outros, mas julguei-me por isso. Saiu da sala e fui para o meu quarto, ao jantar não toquei em nada.

- Magui, não tens fome? - Pergunta o meu pai.

- Não perdi a fome. Eu peço desculpa, mas eu vou deitar-me. - Digo, quando tranquei a porta começo a chorar em silêncio, aquele foi talvez o insulto mais doloroso que ouvi, não foi numa brincadeira, onde levaria a brincar, foi um insulto sincero e dito com demasiada brutalidade.

Finally Together | Segunda Temporada | AcabadaOnde histórias criam vida. Descubra agora