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Margarida Silva


Acordo no dia seguinte com o Pedro sentado na cama, a princípio assustei-me por vê-lo tão direito, mas depois ele vira-se para mim e com uma voz de sono diz:

- Já pensaste em como seria se tivéssemos uma criança? - Fiquei um pouco assustada como ele fez a pergunta.

- Porque perguntaste isso? - Pergunto, afinal aquilo poderia acontecer.

- Tive um sonho em que éramos mais velhos, e tu engravidaste, mas tiveste medo e por stress e pânico acabaste por perder o bebé. Quero que saibas que eu aceito se tiver que ser e nunca tentes abortar se achares que isso afetaria a minha carreira, porque vai afetar sempre se o quiseres ter ou não. - diz e eu apenas olho para ele.

- Okay! - digo. - Pedro? - Chamo-o. - Sentes-te na obrigação de dizer isso, ou querias ser pai um dia?

- Quero ser pai um dia, e se acontecer aconteceu. Só não quero que tenhas medo de falar comigo, comunicar comigo. Eu amo-te! - diz e eu beijo-o.

- Eu amo-te! - digo na mesma proporção e ele beija-me, tomámos banho os dois sem malandrices e depois fomos para o hospital.

Não estava a resistir

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Não estava a resistir.

(...)

A minha mãe já regressou a casa, e estava ainda com algumas dores, mas nada demais, ao terceiro filho já parecia que nada a afetava, eu sei que era mentira, mas esforça-me para a ver bem, o meu pai regressou e ficou apaixonado por ele, a única que se ressentiu mais foi a Andreia, mas isso com um miminho, um taco novo e mais uns equipamentos novos, que não resolvesse o problema. Aprenderia a ama-lo, assim como eu fiz quando ela nasceu, embora às vezes ainda sentisse um pouco de ciúmes, mas eram saudáveis e passageiros.

Saí da faculdade e segui para o meu carro, como sempre fazia questão de o deixar um pouco longe das entradas o que dificultava-me a vida sempre, hoje por exemplo trazia 3 exemplares daquelas enciclopédias enormes e dava-me jeito ter o carro por perto ou um par de mãos para ajudar-me, mas isso não ocorreu e quando cheguei ao carro cansada, já estava a anoitecer, obviamente era inverno e anoitecia mais cedo.

Entro para dentro do carro e prepara-mo para sair, mas as vezes a vida tem destas coisas que fazem com que uma pessoa pense duas vezes se estávamos ou não a viver um remix.

Quando o meu carro não liga a 3 vez, e eu vejo um caminhão numa velocidade significativa a não parar num vermelho e a bater num veículo que saia do estacionamento da faculdade, um colega meu que saiu a mesma hora que eu, e que estava a alguns metros mais perto da entrada e por consequentemente conseguiu que o carro liga-se a primeira, era ele que estava debaixo do caminhão, fiquei sem reação, quando obtive forças para sair do carro, já os bombeiros estavam a apagar o fogo do carro e quando vejo o meu colega que me sorriu morto, quase que me vomitei. Uma professora minha questionou-me porque ainda ali estava e eu meio tonta ainda consigo dizer o motivo.

Quando cheguei a casa, depois do Pedro e do meu pai me terem ido buscar, o meu pai para me trazer o carro e o Pedro para trazer o meu pai, eu estava em choque, não conseguia pronunciar frases completas e aquilo afetou-me, falei com ele, despedi-me dele, e depois ele morreu assim, por segundos não fui, por segundos.

Cheguei antes dele ao carro, pois ele ficou ao telemóvel ainda por 3 minutos, entrámos os dois ao mesmo tempo dentro do carro e ele avançou e eu não.

Poderia ter passado e eu ter ficado debaixo daquele caminhão, ou não, mas que foi uma coincidência do caralho foi, não me lembro se dormi, se cheguei a comer, se fiz alguma coisa, lembro-me apenas de levantar-me da cama do dia seguinte, e existir.

Durante aquele dia, não me lembro se conversei com alguém, se vi alguém, ou se estava vestida. Não me lembro.

Durante 3 dias andei assim.

- Hey! - Ouço a voz do Pedro.

- Olá! - digo já meio acordada.

- Estás melhor? - Afirmo ainda sem acreditar no que tinha passado.

- Vim ver como estavas antes de ir para o treino. - diz a sentar-se na cama.

- Fui tudo tão estranho. Estacionei no mesmo lugar, saí a mesma hora, levava uns materiais a mais, o carro não pegou, entrei ao mesmo tempo que ele dentro do carro, e o meu carro não pegou, não estou a dizer se chegaria primeiro que ele a entrada, mas foi... - Ele abraçou-me e apertou-me contra o peito dele, começo a chorar, afinal perdi um amigo, eu conhecia-o.

Ele faltou ao treino para ficar comigo embora eu tivesse recusado, mas não me deu escolha, ficou comigo e isso melhorou o meu dia.

Não acreditava em coincidências ou obras do destino, mas aquilo foi uma experiência que não queria voltar a repetir.

Finally Together | Segunda Temporada | AcabadaOnde histórias criam vida. Descubra agora