Pedro Neves
Terça-FeiraOs anos dela passaram, e o meu aniversário estava a aproximar-se.
Fiquei sempre a pensar na prenda dela, aquele colar e o anel, quando éramos pequenos, antes mesmo de discutirmos eu fui milhares de vezes ao quarto dela, eram borboletas espelhadas pelo quarto, era no teto, era na parede, e na cama, era o animal preferido dela.
Agora o quarto dela sempre pelo canto da porta, ainda tinha aquele canto cheio de borboletas, agora um quarto mais adulto e menos infantil, mas lá estavam as borboletas.
A Gabriela e o Rúben ajudaram-me, mas eu sempre tive essa ideia na cabeça.
Estava no Campus para mais uma aula, quando a vejo.
Era impossível não reparar nela, era para mim impossível não a ver.
O Rúben percebeu o meu ponto fraco e começou a rir-se, fui demasiado burro.
- Não feches a boca, porque se não entram moscas! - diz ao meu ouvido e eu dou-lhe um murro no braço, ele queixa-se, mas para. - O silêncio permanece é verdade! - Não respondo. O sorriso dela estava perfeito, ou melhor era perfeito. - Pedro, assim ficas apaixonado! - olho para ele.
- Isso meu caro, não vai acontecer! - digo, e ele negou.
- Meu caro, vai acontecer! - diz o Rúben e eu desfaço o contacto visual.
Não lhe respondo, pois já não tinha respostas para lhe dar, desfaço então o contacto visual que tinha com ela, e apesar de continuar a querer fazê-lo, não faço.
Ao final do dia, encontro-a na entrada do prédio. Percebo que falava ao telemóvel, percebo também que mantinha a voz calma, mas o olhar prometia chorar, espero algum tempo e vejo-a por fim largar o telemóvel.
- Tudo bem? - Pergunto um pouco com receio, mas mesmo assim, ganho aquela volta.
Ela suspira
- É a minha avó, ela anda mal, foi para o hospital. Outra vez! - diz e eu aproximo-me dela devagar.
- Outra vez? - Pergunto.
- Sim, já é a quarta vez está semana! - diz. - Gosto dela, não quero que ela se vá embora! - diz e vejo por fim os olhos dela encherem-se de lágrimas, eu abraço-a por impulso, ela retribui o abraço a chorar, o perfume dela ficou no ar quando se afasta.
- Ela vai ficar bem! Se não ficar, irá sempre cuidar de ti. - digo ainda a reconforta-la.
- Obrigado! - diz a limpar as lágrimas. - Não digas a ninguém! - Olho para ela sem perceber o sentido da última frase. - Não digas que tive a chorar. - Eu afirmo e vejo-a ir para o elevador.
- Margarida? - Ela olha para mim.
- O que foi?
- Podiamos tentar!?
- O quê?
- Tentar ser amigos! - Ela deixou-se rir, mas logo percebe que falava a verdade.
- Estás a falar a sério?
- Estou! - digo.
Ela anda para trás alguns centímetros e depois de uns 2 minutos em silêncio, diz:
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Finally Together | Segunda Temporada | Acabada
Ficción GeneralDepois da História do António Silva e da Beatriz Castro, vem agora a história dos filhos. Margarida Silva filha do António e da Beatriz Pedro Neves filho do João Neves e da Liliana Odeiam-se profundamente, mas será que o odeio é duradouro ou é apen...