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Pedro Neves
Sexta-Feira

Não podia estar com raiva, não podia!

- O que se passa contigo? - Pergunta o Rúben ao meu lado.

- Croata, cala-te! - Ouço o Henrique a conversar com o Francisco sobre ter convidado a Margarida para sair amanhã. Eu estava com raiva porquê? Eu não me importava com ela, não queria saber, mas aquilo incomodou-me.

- Amanhã vamos ao cinema! - disse o Fredrik Junior. Olho para ele. - O que foi? Quero ver aquele filme novo que saiu de terror, o SAW, Jogos Mortais 20.

- 20 filmes sobre um velho maluquinho! - disse.

- Sim, vai ser giro.

- Sim, vai ser giro. - disse o Paulo a gozar com ele.

- Podem parar os 2, as vezes parecem crianças. - disse o João.

- Está bem, amanhã a que horas?

- 14:30?

- Está bem. - todos concordaram e soube de antemão que a sessão que os dois iriam era das 15:40. Então iríamos também a essa sessão, conhecendo o Henrique e a Margarida eles iriam ver o filme de terror e não de romance como haveria de se esperar.

Quando cheguei a casa naquele dia, tive uma infeliz notícia, que depois de 16 anos a morar naquela casa iríamos para um apartamento, em princípio fiquei feliz, mas quando percebo para onde iríamos quis tirar aquela felicidade.

- Porque aqui? - Começo a perguntar. - Com tantos prédios em Lisboa, tínhamos que vir logo para aqui? - Pergunto.

- Assim estou mais perto da Andreia. - disse a minha irmã. Odiei a ideia a mil por cento.

Vimos o apartamento já com algumas coisas, vi o meu quarto fiquei satisfeito, não me interpretem mal, a outra casa era pequena já para 4 pessoas e ainda mais porque a minha mãe estava grávida do 3 filho, aquele apartamento era enorme, tinha 4 quartos, 3 deles são suites, 1 casa de banho, uma cozinha, uma sala de estar e uma de jantar, era grande, mas ao mesmo tempo acolhedora.

Percebo que a casa dos Silva ficava por cima da nossa, mas não se ouvia nada. Ainda bem!

A mudança fora rápida, no sábado a noite já tínhamos quase tudo no apartamento como foi sair a tarde, fiquei atrasado, mais valia ter ficado a empilhar caixas e caixas do que ter ido ao cinema, vê-los os dois juntos, deu-me nojo.

Quando carregava as últimas caixas embarro numa pessoa, óbviamente quis deixar-me rir por saber quem poderia ser, e se fosse noutro dia qualquer teria caído na gargalhada, mas naquele dia não, naquele dia deixei-me guiar pela raiva.

- Fogo nem aqui. - digo consumido exclusivamente pela raiva e nada mais.

- Que merda! - diz quando pouso as caixas no chão.

- És cega Margarida? - digo.

- Não, tu é que deverias ter cuidado. - o Henrique já tinha partido, portanto estávamos os dois na rua sozinhos.

- Para começo de conversa tu é que esbarraste em mim, por isso deverias é ter cuidado. Segundo e para acabar não deverias sair com ele. - digo.

- Tu não mandas em mim, muito menos  podes dizer com quem devo ou não sair. -  disse a apontar um dedo para mim.

- Tu baixas esse dedo porque seres mais velha não quer dizer nada. - diz. - Além disso sou mais alto que tu.

- Sim, o ar no cérebro bate mais vezes. - diz.

- Tu não me provoques Margarida.

- Não estou, só quero que saias da minha frente. - diz e eu saiu.

- Ele vai te magoar Margarida.

- Tal como tu? - Calei-me. - Exato. - diz e desaparece da minha vista.

Respiro fundo e deixo-me ficar ali no meio do passeio, merda!

Agarro nas caixas e vejo uma coisa a brilhar, era um colar.

Margarida

Seria mentira se não contasse como tinha sido, agarro o colar com dificuldade e subo para o apartamento.

Cheguei ao apartamento e deixo as caixas na cozinha, vou para o meu quarto que estava uma completa confusão.

- Quanto vais começar a limpar isto? - Pergunta o meu pai.

- Agora não pai. - digo.

- Que maneiras são essas? - diz.

- Desculpa pai! - digo.

- O que se passa? Os treinos não andam a correr bem?

- Andam, não é isso, é outra coisa!

- Um amor?

- Não! - digo.

- Tens a certeza? -  Afirmo. - Okay, vou-me embora, mas arruma isto, se a tua mãe vê isto ainda assim zanga-se contigo. - diz.

- Okay, pai! - digo e ele abandonou o quarto. Respiro fundo novamente e começo a arrumar as coisas no armário.

Abro a janela e volto a arrumar tudo.

De repente começo a ouvir uma melodia doce.


Música da Cinderela, e aquela voz era da Margarida.

Por leves segundos fiquei a ouvi-la, fiquei hipnotizado.

Acordo quando deixo de ouvir a voz dela, respiro fundo quando percebo que fiz merda novamente.

Finally Together | Segunda Temporada | AcabadaOnde histórias criam vida. Descubra agora