01_ Fogo.

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Torry Jasper

Enquanto eu estou aqui sentada, observando as ruas da Califórnia, pensar em suicídio é inevitável. Não gosto o suficiente da minha vida para querer vivê-la.

Penso em outras pessoas, como decidem acabar com a própria vida. Será que elas se arrependem? Eu poderia perfeitamente abrir a porta do carro e pular que nem uma galinha, bater a cabeça forte no chão e sobreviver apenas com uns arranhões, o que me entristece.

Sobreviver? Não, arranhões. Eu me amo o suficiente para deixar que meu corpo tenha arranhões e me odeio o suficiente para que eu queira viver.

Penso muito na morte, ainda mais porque ontem eu tive que enterrar duas pessoas, como se uma morte não fosse o suficiente para mim. Pelo menos tem uma parte engraçada disso tudo. Ontem, eu não consegui fazer o meu discurso.

Eu diria que estava em choque mas seria uma mentira, eu não estava em choque, eu meio que já esperava por isso. Eu sabia que nada ia acabar bem, nada acaba bem na minha vida.

As pessoas se perguntavam porque eu não fiz o meu discurso, sendo que elas sabem ou têm uma ideia do porquê.

Eu estava muito nervosa, afinal era o funeral extraordinário do Anthony Jasper e da pobre Gabriela Jasper. Anthony Jasper, dono de uma das maiores empresas de Boston e Gabriela Jasper apenas a esposa de Anthony.

E pai de Torry Jasper, a garota estranha que combina com o seu nome estranho, de excêntrico cabelo castanho, com um corpo sensual que todos desejam mas não podem tocar, a que não se deixa humilhar por ninguém, a criticada por muitos mas apoiada por poucos. Ou mesmo por ninguém.

Mas não importa, eu mesma posso me preocupar e cuidar de mim. O céu está limpo não parece que tenho pais falecidos, tios bonzinhos e primas barulhentas.

A minha tia estava sentada à frente no banco de passageiro e o meu tio no de motorista. Minhas primas com certeza vão me receber da melhor maneira, ela sempre fazem isso quando sabem que eu vou pra lá.

Uma vez elas quase queimaram a casa por tentarem fazer bolo para mim, eu ri muito naquele dia. Um dia elas explodiram o microondas por tentarem fazer um suco de garfos. Eu também não sei de onde elas tiram essas ideias.

- Chegamos. - Falou o meu tio parando o carro a frente da garagem. Acho que ele quer antes que teremos as malas para poder deixar o carro na garagem.

- Eu só espero que as meninas não tenham feito nada de errado hoje. - Falou a minha tia e eu quase sorri por saber que ela não esperava nada disso.

Minha tia desce do carro e eu suspiro antes de descer também. Vou até o porta-malas e ajudo a minha tia a tirar outra mala, eu levei duas. É óbvio que eu levaria todas as minhas roupas, bem nem todas porque tive que sacrificar o meu calção rosa para levar a minha langerie.

Era a minha preferida.

O meu celular começa a tocar e pego o mesmo no bolso da minha calça jeans. Reviro os olhos vendo quem estava me ligando, Ethan, meu namorado. Espero que o celular pare de tocar e assim guardo no bolso da minha calça, o desligando.

Não que eu não queira o atender, na verdade sim, eu não quero atender ele. Ethan é insuportável. Assim que ele soube que eu me mudei para Califórnia, ele virá me ver porque ele também mora aqui, para o meu azar. Agora não será mais um namoro a distância, o que me chateia.

Que tipo de namorada não quer o namorado por perto? Eu. Ethan só tem o rosto bonito mas é um babaca sentimental, o que eu odeio.

Quem namora e não gosta de sentimento afectuoso? Eu, Torry Jasper. Eu acho que só namorei com ele porque estava intediada e agora me arrependo muito.

Tomara que ele não venha me ver, mas duvido que ele faça isso, afinal, é um idiota.

Senti uma mão nas minhas costas e virei para encontrar o dono da mão, meu tio. Ele tinha um sorriso simpático, eu queria muito sorrir para ele mas eu não conseguia, mas eu também sabia que eu tinha que dar para ele o meu sorriso, afinal de contas ele não é o culpado das minhas desgraças.

Dei um sorriso breve, mesmo que fosse forçado. Minha tia parou do meu lado segurando a minha mala e o tio imitou o seu acto e segurou a minha outra mala.

Ela colocou as mãos na minha nuca e beijou a minha bochecha assim como o meu tio. Se fossem outras pessoas, eu teria arrastado eles pela cidade inteira.

Eu odeio demonstrações de afecto.

- Bem-vida, querida. - Falou a minha tia.

- Aqui você começará do zero, Torry. - Falou o meu tio e senti um calafrio. Eu não sei se isso me alegra ou me entristece.

Começar do zero, sem eles, com uma nova família, é algo que eu nunca imaginei fazer.

Andamos até a casa e quando o meu tio abriu a porta, os meus ouvidos foram preenchidos por um grito duplo daqueles monstros.

- BEM-VINDA, TORRY! - Gritaram sorrindo amarelo mesmo sabendo que tinha fogo atrás delas.

Ok, acho que morar na Califórnia não será assim tão difícil. Será divertido.

Continua

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Eu voltei e com muito caos, se preparem!!

Espero que gostem, darei o meu melhor para isso

Beijossss

Não se esqueçam de marcar na estrelinha ;)

O Meu Adorável Inimigo Onde histórias criam vida. Descubra agora