Torry Jasper
...antes de se colocar na minha frente não deixando o garoto chegar perto de mim.
O movimento dele foi tão sútil e quase preguiçoso, se ele não tivesse feito aquilo tão rapidamente, quase em desespero. Mas isso não impediu o meu coração de falhar uma batida e me fazer pular pelo susto.
O seu corpo estava muito próximo do meu.
Última vez que ficamos assim tão próximos foi na briga no corredor.
O perfume do Thales passou por mim e consegui sentir ele penetrar as minhas narinas. As costas do Thales cobriam toda a minha visão do garoto que parecia querer me esmagar e eu pisquei surpresa recuando.
Quebrei o contacto físico que o Thales tinha colocado entre nós, dando um pequeno passo para trás, e o Thales por pouco não desviou o olhar do garoto na sua frente apenas para se certificar se eu estava bem.
O corpo do meu detestável inimigo continuou firme na minha frente e o menino se apresentou ainda mais furioso.
- Você não quer fazer isso... - O Thales abriu um pequeno sorriso negando com a cabeça para o garoto na sua frente.
Eu fiquei ainda mais confusa, considerando que o Thales talvez tenha esquecido que nós nos odiamos e com certeza não tentamos defender um ao outro.
Talvez ele tenha se esquecido...
Ele se colocar na minha frente, pra me defender de alguém, depois de tudo que ele me causou, é confuso e cruel.
Continuei observando com dificuldade, mas foi perceptível a confusão no olhar de todo mundo na sala vendo aquilo. O Thales continuou encarando ele e o seu corpo não se moveu nem um centímetro quando o garoto se aproximou ainda mais.
- Desculpa... - Tentei pedir, me sentindo culpada antes de ser interrompida pelo garoto.
- Faz de novo? - O garoto se virou para mim sorrindo.
- O quê? - Perguntei quase em choque.
- Joga outro caderno em mim. - Sorriu brincalhão e eu continuei encarando o menino com uma cara de bunda.
O corpo do Thales se afastou de mim e do garoto e ele olhou para o garoto indignado. Eu quase podia ler no olhar do Thales que ele queria gritar "Você realmente ia me fazer quebrar o seu rosto por nada?".
- Se vocês continuarem tentando se matar na sala de aula, eu levo vocês para a directoria. - A professora anunciou e eu desviei o olhar para ela.
- A professora deixou trabalho de casa. - Alguém falou ma frente da turma.
Arregalei os olhos vendo um caderno voar na direção da menina, que soltou um grito digno da Ariana Grande.
Mereceu.
[...]
- Eu estou cansada de fazer o trabalho de casa! - Reclamei encarando o meu tio. - Os meus dedos estão ficando inchados de tanto escrever.
Vi um pequeno sorriso brotar no canto dos lábios do tio Breno e eu inclinei a cabeça brava pra ele, quase considerando jogar a água no meu copo pra ele.
- Eu também era assim... - Ele sorriu abertamente e eu bufei irritada. - Anda, Torry, vai fazer o trabalho antes que eu contrate um professor pra te dar explicação todos os sábados. - Ameaçou e eu abri a boca em choque semicerrando os olhos pra ele.
- O tio não é capaz... - Desafiei e ele abriu ainda mais o sorriso.
- E te obrigo a tomar o suco de maracujá com leite.
Arregalei os olhos soltando o copo na mesa e em seguida ergui as mãos em rendição, desesperadamente.
- Eu vou fazer o trabalho agora! - Eu disse e ele soltou uma pequena risada.
- Boa noite, querida. - Ele segurou o meu rosto e me deu um beijo no topo da cabeça.
- Boa noite, tio. - Falei antes de sair da cozinha e ir para o meu quarto.
Entrei no quarto e fui na minha escrivaninha começando a fazer os trabalhos. A minha escrivaninha ficava perto da janela que nesse momento se encontrava aberta e então permitia que a luz do quarto do Thales entrasse no meu quarto.
Dei uma olhada na janela do Thales e vi o mesmo sentando na escrivaninha com fones de ouvidos e movimentando a cabeça. Ele estava com uma camisa preta que colava o seu corpo definido.
Ele levantou da escrivaninha e andou até a porta e desligou o interruptor, deixando o quarto iluminado com uma Led azul. Ele voltou à escrivaninha e suspirou parecendo relaxar.
O meu corpo gelou quando o Thales levantou o olhar para mim como se soubesse que eu o estava encarando. Ele sorriu de lado e eu dei um sorriso falso fechando a janela e as cortinas rapidamente.
Era só o que me faltava.
Uma hora depois terminei os trabalhos e espreguiçei o meu corpo bocejando. Fui até ao banheiro e lavei os dentes.
Quando terminei, fui directo pra cama, fechei os olhos querendo dormir mas pulei da cama quando lembrei dos comprimidos. Andei até a gaveta e abri a mesma tirando os comprimidos.
Dói demais ter que tomar esses comprimidos para me sentir melhor. Me sinto insuficiente, me sinto péssima em saber que não posso mudar essa situação, não posso mudar o que sinto.
Coloco o comprimido na minha boca e engulo o mesmo.
Pego no retrato do Levi e abraço contra o meu corpo, hoje eu quero pelo menos sentir que ele está me abraçando mesmo que isso seja impossível. Ele não ia querer me abraçar, ele com certeza me odeia.
Estou tão esgotada que só quero dormir e esquecer do mundo.
- Desculpa, Levi.
Abraço mais forte o retrato e fecho os olhos apagando completamente.
Continua
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O Meu Adorável Inimigo
Ficção AdolescenteTorry Jasper talvez não tenha se animado tanto em viver com os seus tios na Califórnia, e talvez eles se surpreendam ao descobrir o quanto a sua sobrinha sofre com o seu passado. A sua vida se tornou um desastre e ainda mais quando reencontrou o seu...