65_ Enigma.

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Torry Jasper

- A Ana Liz conseguiu convencer o pai de não chamar os seus tios para o colégio. - Falou o Thales desligando o celular e o colocando no bolso da sua calça de uniforme.

O Thales me tirou do colégio sem mais e sem menos e com a ajuda do Quinlan que levou as nossas mochilas. Eu sequer falei com o director, o Thales teve que pedir a Ana Liz pra falar com ele e o convencer de não chamar os meus tios para o colégio.

Eu me pergunto se ela fez isso porque o Thales insistiu ou porque ela acredita que eu não fui capaz de matar os meus pais.

Quando chegamos não tinha ninguém em casa, os meus tios se encontram no trabalho e as minhas primas na escola. Eu aproveitei e tomei um banho enquanto o Thales falava com a Ana Liz. Eu vesti uma calça moletom e uma blusa de mangas compridas e eu me senti um pouco constrangida pelo Thales ainda estar de uniforme.

Eu já estou me sentindo um pouco melhor mas imagens do dia da morte dos meus pais ainda estão repetidas na minha cabeça.

- Foi simples assim? - Questionei me sentando na cama e o Thales que estava em pé andou até a cama e se sentou do meu lado.

Eu abaixei a cabeça não conseguindo encarar o Thales enquanto mexia os meus dedos nervosamente.

- A Ana Liz é filha única. - Justificou e eu suspirei. As minhas mãos estavam tremendo e o Thales tocou as mesmas. - Ainda se sente mal?

Eu lentamente levantei o olhar para o Thales que me encarava apreensivo.

Eu apertei as suas mãos.

- A Ana Liz ainda pensa que eu sou uma assassina? - Perguntei num tom de sussuro.

- É claro que não, ela só está confusa mas depois de vocês conversarem e ela ouvir a sua versão ela vai entender.

Eu mordi o lábio inferior.

- E você? Acha que eu sou uma assassina? - Eu precisava saber. O Thales fechou os olhos e aproximou o seu rosto da minha testa e eu fechei os olhos quando senti os seus lábios macios depositarem um beijo suave.

- Eu vou tomar um banho. - Avisou se afastando de mim e um desespero me atingiu.

- Você vai voltar? - Ele me deu um sorriso confortável.

- Eu sempre vou voltar pra você. - Ele andou em direção a janela e pulou a mesma. Eu sorri lembrando que ele poderia perfeitamente sair pela porta.

[...]

Eu não conseguia dormir.

Eu até contei ovelhas mas não resultou em nada.

Virei o meu corpo para o Thales e encontrei as suas grandes costas, cobertas pelo tecido fino. A sua respiração estava calma denunciando o seu sono profundo.

Eu sentia uma angústia enorme por isso não conseguia dormir, nem com o Thales aqui comigo. O Thales me contou que a Jade e a Daubrey foram levadas para o hospital porque os seus pais não queriam que elas ficassem na enfermaria do colégio. Eles ficaram revoltados com o director por não ter me dado um castigo.

Me pergunto se sabem o que a Daubrey fez comigo. Me pergunto se acham que eu sou uma assassina, um monstro, capaz de matar os seus próprios pais.

Mas eu não matei eles... O meu pai que matou a minha mãe e depois se matou para se vingar de mim, por eu ter matado o meu irmão. Eu não fiz de propósito, e mesmo assim ele ficou me odiando por dois anos.

Eu amava o Levi, ele era o meu irmão porra. Era ele ou eu, e pela reação do meu pai, acho que ele preferiria que fosse eu.

Mas um pai nunca preferiria que um dos filhos morresse... Que tipo de pai o Anthony era porra?

Eu aperto o lençol sentindo lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas e a minha respiração se tornar irregular.

Sem querer acabo chorando alto e imediatamente o Thales acorda. Ele se vira para mim com preocupação e segura o meu rosto com as suas mãos me fazendo sentar na cama.

Ele imitou o meu movimento.

- O que foi, querida? - Perguntou com a voz rouca analisando o meu rosto.

- Você me ama? - Soltei a pergunta com a voz chorosa.

- Por que está me perguntando isso? - Ele questionou confuso.

Eu cravei as minhas unhas nos seus braços nus.

- Thales, por favor, me responda, eu preciso saber. - Pedi e o Thales continuou segurando o meu rosto e me encarando preocupado não se importando com o sangue que estava escorrendo nos seus braços por conta da minha perfuração na sua pele.

- Eu te amo, Torry. Eu amo cada pedacinho de você. Eu até amo quando você me bate. - Sorriu. - Você é como um enigma, mas um enigma que fez eu me apaixonar. Você tem uma capacidade enorme de me quebrar sem nem mesmo me tocar. Com você eu senti as famosas borboletas. Você é a única que tem a capacidade de me levar aos céus e me trazer de volta a terra num piscar de olhos. Você é a minha dona, querida. A dona do meu coração. Eu poderia dizer que você é a própria definição do amor.

Eu não sei o que dizer. Eu estou chocada. Ele fez uma declaração para mim?

Eu preciso de um minuto para processar, não, eu preciso de mil anos para processar. Ele me ama...

O Thales me ama.

Caralho.

Eu neguei com a cabeça.

- Não, não, não... - Eu sussurei desacreditada. - Eu queria que você dissesse não. - Falei e o Thales franziu o cenho.

- Como assim...

- Eu queria que você dissesse não, porque assim eu não me sentiria mal se eu quebrasse você. - Confessei e o Thales me encarou ainda mais confuso.

- Torry...

- Eu sou um desastre, Thales. - Tentei avisar, cravando as minhas unhas nos seus braços mais uma vez.

- Não me importa. - Disse com um sorriso me deixando irritada.

- Eu sou cruel.

- Cruelmente linda. - Completou e eu travei a mandíbula.

- Eu posso destruir você. - Eu sorri cruelmente escondendo a irritação que o Thales estava provocando em mim com a sua voz calma e o seu olhar meigo.

- Eu sei, meu amor. - Cravei mais uma vez as minhas unhas mas o Thales continuou me encarando com ternura como se aquilo não doesse.

- Eu odeio você. - Disparei.

- Ah, eu já disse que te amo? - Suspirou a pergunta.

Soltei uma risada exasperada.

- Você continuaria me amando se soubesse que eu matei o Levi? - O meu olho tremeu quando soltei a pergunta e o Thales franziu o cenho.

- O que você está falando, Torry?

Eu afastei as minhas mãos dos seus braços vendo as minhas unhas sujas de sangue. Sorri sentindo o gosto salgado das minhas lágrimas.

- Isso mesmo que você ouviu, eu matei o meu irmão.

Continua

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Eitaaaa

O Meu Adorável Inimigo Onde histórias criam vida. Descubra agora