O Meu Adorável Inimigo

63_ Você é uma assassina...

Torry Jasper

Ele não estava lá quando eu acordei.

Sou atormentada por esse pensamento durante o trajecto até a escola. Eu me sinto tão vazia em saber que o Thales está decepcionado comigo. Mas eu não entendo o porquê me sinto assim...

Eu normalmente não me importo com o que as pessoas pensam de mim mas... Com ele é diferente...

- Se cuida. - Falou a minha tia antes de eu descer do carro e me dirigir até a entrada do pátio do colégio. Assim que atravesso a enorme porta eu me deparo com olhares. Os alunos me encaravam chocados, enjoados, debochados, como se estivessem julgando até os meus antepassados.

Algumas pessoas até cochichavam. Talvez seja pelo o que aconteceu ontem com o Thales. Mas como eu disse, eu não me importo com o que os outros pensam.

Eu andei passos rápidos em direção ao cacifo e no caminho eu me deparei com mais olhares. Eu suspirei quando finalmente eu vi alguém que eu podia conversar.

- Coroína... - Antes de eu sequer tocar a garota, a mesma gritou me encarando assustada. - Tudo bem...

A Coroína não me deu nem tempo de terminar de falar quando saiu correndo.

Eu sempre soube que ela era estranha mas não tanto assim.

Dei de ombros e abri o meu cacifo tirando alguns livros do mesmo. Ainda bem que ninguém sabe que eu só tenho alguns livros pra enfeitar esse cacifo. Ler não é a minha praia.

- Torry. - Eu gritei me assustando com a vos repentina da Ana Liz.

- Minha alma quase saiu do meu corpo. - Eu virei para encarar a mesma encontrando um medo no seu olhar. Eu franzi o cenho. - O que foi?

- Eu... - Ela estava pálida e tremendo.

Eu me aproximei dela e toquei o seus ombros.

- Você parece que viu um fantasma. - Falei preocupada.

- Eu não sabia que você tinha um irmão. - Disse e eu engoli em seco.

Como ela sabe disso? Eu não contei pra ninguém daqui.

- Como você... - Eu senti um desespero me atingir.

- E nem que você ajudou o seu pai a matar a sua mãe e depois matou ele.

Eu franzi o cenho incrédula descendo as minhas mãos até o seus braços.

- Do que você está falando, Ana Liz? - Eu gritei apertando os seus braços vendo a Ana Liz ficar com mais medo.

Ela está com medo de mim...?

- Você é uma assassina, Torry... - Acusou e a minha respiração se tornou pesada enquanto o meu coração explodia no meu peito.

Você é uma assassina, Torry...

De repente tudo começou a girar. Um nó se formou na minha garganta.

Você matou o meu filho.

- Eu não sou uma assassina. - Eu sussurei negando com a cabeça. - De onde você tirou isso, Ana Liz? - Gritei.