62_ O nosso fim?

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Torry Jasper

...porque ver o Thales sangrando por mim não diminui o meu sofrimento, ao contrário, ele só aumenta.

Mágoa e decepção eram as únicas coisas que eu via no Thales. Eu sentia que iria desabar aqui e agora. Por que dói tanto vê-lo assim?

O Thales negou com a cabeça ainda em choque e recuou dois passos.

Ele recusou mais dois até virar as costas e andar pelo corredor cheio de pessoas. Quando eu ia segui-lo, senti uma mão agarrar o meu braço e assim que o Thales sumiu do meu campo de visão uma raiva misturada com dor atingiu o meu corpo.

Eu virei para a Daubrey ainda mais furiosa e ela devolveu a fúria dez vezes mais.

Eu apertei os meus punhos pronta para acertar um soco na cara dessa arrombada quando um grito chamou a nossa atenção.

- Daubrey! - Ana Liz gritou andando a passos rápidos até nós e nós viramos para ela fazendo a Daubrey soltar o meu braço. - Sua loira oxigenada, você não cansa de perturbar os outros não? - Ana Liz falou do meu lado.

- A princesinha já abre a boca? - Debochou Daubrey encarando a Ana Liz que estava muito furiosa.

- O seu loiro falso está te deixando maluca? - Perguntou e a Daubrey fechou a cara.

- O meu loiro é natural! - Protestou e eu não consegui ouvir mais nada. Tudo tinha deixado de existir para mim. Eu sentia um vazio no peito e eu só conseguia pensar no Thales.

Os olhinhos dele estavam tão tristes e a decepção no seu rosto era notável. Eu nunca o tinha visto assim. Antes da Daubrey aparecer e nos interromper, o Thales falou que me amava... será que era verdade ou só estava blefando?

Não sei porquê, mas no fundo eu desejo que seja verdade.

Mas eu sei que eu não mereço o amor de ninguém, nem o do Thales. Eu queria muito sair daqui e ir atrás dele mas algo me impedia de o fazer.

"Estúpida", "vadia", "Torry", "maluca", "chifre", era tudo que eu conseguia escutar entre os gritos da Ana Liz e da Daubrey.

- Quem entrou na minha sala? - Perguntou o director.

[...]

O Thales não estava na aula. Ele foi embora depois daquilo com a Daubrey. Acho que ele não suportou a ideia de me ver e por isso foi embora.

Eu fiquei o dia todo pensando nele que nem consegui me concentrar nas aulas, o que é normal na verdade.

Será que hoje ele vem dormir comigo? Eu estou tão nervosa, eu entendo que talvez ele não venha porque eu falei que eu só estava usando ele, mas, ele também estava se deixando ser usado.

Por que ele ficou chateado afinal? Será que ele não estava se deixando ser usado? Será que as minhas palavras o machucaram? Será que ele ficou com um cocó preso no cú?

- Ah... - Bati na mesa irritada. - Tantas perguntas sem respostas. - Bufei. - Desse jeito eu vou acabar ficando maluca. - Eu joguei a cabeça para trás.

- Maluca você já é, sabe? - Falou a Maria Eduarda entrando no meu quarto e eu levantei a cabeça encarando a mesma que andou até a minha cama e se sentou na mesma.

Eu dei um sorriso falso.

- E quem te deu permissão para entrar no meu quarto? - Questionei e ela abriu um sorriso capeta.

- Eu só queria ver como você está. - Justificou e eu arqueei a sobrancelha. Ela suspirou se dando por vencida. - Ok, eu só estou fugindo da Maria Isis que decidiu me dar banho hoje. - Confessou e eu neguei com a cabeça voltando a escrever.

- Faz uma semana que você não toma banho. - Falei e escutei ela rir.

- Dois dias. - Corrigiu e eu revirei os olhos. Dois dias não tem diferença com uma semana. - O que está escrevendo?

- Apontamentos. - Respondi.

- Apontamentos de quê? - Perguntou.

- História.

- Pra quê? - Eu encarei ela incrédula.

- Sai do meu quarto, você pergunta muito. - A expulso e ela finge sacudir a sua saia e depois ergue o queixo andando em direção a porta. Assim que escuto a porta se fechar eu volto a escrever.

É a única forma de eu esperar por ele sem surtar.

Se é que ele vem.

Saio do banheiro e me escolho quando não o vejo na cama. É a décima vez que volto do banheiro e me encolho quando não o vejo. Estou urinando tanto pelo meu nervosismo.

São 22:32 e ele ainda não chegou.

Parece que hoje vou dormir sozinha, se é que vou conseguir.

Ando até a cama e me deito pronta pra dormir quando escuto algo na janela. Rapidamente me levanto e o meu coração acelera nas batidas quando vejo Thales entrando no meu quarto, da janela.

- Você veio... - Digo abrindo um pequeno sorriso. Mas o meu sorriso some quando ele não o retribui. O Thales estava me encarando com indiferença.

- Eu realmente estou me deixando ser usado né? - Disse e eu abaixei a cabeça. - Me use quantas vezes for preciso, Torry, mas com uma condição... - Eu ergui o olhar para o mesmo. - Que no final de tudo isso, você fique bem.

O meu coração se partiu em mil pedaços.

Uma vontade enorme de chorar me atingiu. Mas eu não posso chorar...

O Thales tirou os sapatos e andou até a cama.

- Thales... - Chamei num tom de sussuro.

O Thales se deitou na cama me dando as costas e se cobrindo com a coberta.

- Boa noite, Torry. - Ele disse dando um fim naquilo.

Será que esse é o nosso fim? Mas como ser um fim se pra ser um fim tinha que existir um começo?

Continuação

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