Torry Jasper
...O som de um tapa soou por todo refeitório e eu podia jurar que a pessoa que recebeu o tapa tinha ficado com a cara amassada.
Virei para o lado em que se ouviu o tapa e vi duas garotas, gostaria que fossem as líderes de torcida mas não eram, uma das meninas estava com a mão no rosto e a outra a encarava com ódio no olhar.
- Não se meta mais com o Lucas. - Avisou a garota para aquela com a mão no rosto que não sei o nome, eu vou chamar ela de bochechuda.
A garota que bateu a bochechuda levou um chute na barriga e cambaleou até a parede. Abri a boca chocada, nossa, isso está ficando bom.
Espera... Elas estão brigando por um garoto? Patético.
- Você que não deve se meter com o Lucas. - Rectrucou a bochechuda. - Ele é meu! - Todos estavam prestando atenção no show, um garoto estava até comendo pipocas enquanto as encarava.
- Onde é que ele apanhou aquelas pipocas? - Perguntou Quinlan curioso.
- Isso sempre acontece? - Perguntei e a vibrador deu de ombros.
- A cada três meses.
Voltei a encarar as garotas que agora estavam se puxando cabelo. Fracas demais. Voltei a encarar o meu prato e comecei a comer as minhas batatas.
- Os seus pais sabem que você conhece um vibrador? - Perguntou o Quinlan com um sorriso malicioso.
- Não sei, acho que eles morreram sem saber. - Respondi calmamente, eu não queria que me enchessem de perguntas e acho que os respondendo com tranquilidade é o melhor a fazê-los entenderem.
- Sinto muito... - Disse Quinlan quase num tom de sussuro. O clima tinha ficado pesado e eu não estava disposta a aturar isso.
- Com quem você mora? - Perguntou Ana Liz.
- Com os meus tios e as minhas primas.
- Você não tem irmãos?
- Será que podemos parar de falar de mim? - Pedi seriamente e eles assentiram. Eu não quero que ninguém aqui saiba da minha vida, é melhor assim. - E vocês têm irmãos?
- Eu sou filha única.
- Eu também.
- Chega! A gente tem que perguntar ao Lucas de quem que ele gosta. - A nossa atenção foi voltada para as meninas que andaram até uma mesa onde se encontrava um garoto sentado com três garotos. Acho que esse era o Lucas. De longe dava pra ver que ele era um hétero top.
As meninas pararam a frente do Lucas que encarou elas sem reação.
- Lucas, você gosta de mim ou dela? - Perguntou a bochechuda.
O Lucas limpou a garganta alto antes de responder.
- De nenhuma das duas. - A sua resposta fez com que algumas pessoas rissem, outras murmurassem.
- Essa doeu. - Murmurou Quinlan.
As garotas pareceram estar chocadas e furiosas. Em um movimento que fez os meus olhos arregalarem, a do tapa pegou um cupcake e lançou na direção do hétero top.
Por azar o hétero top conseguiu desviar do cupcake que atingiu o garoto que estava sentado ao lado do Luquinhas. Eu abri um enorme sorriso ao ver aquilo, isso não podia piorar.
O garoto se levantou e encarou o Lucas, ele pegou um monte de batatas na mão e as atirou na cara do Lucas. O Lucas se levantou furioso, pegou algumas panquecas e tentou atirar na cara do garoto ao seu lado mas falhou miseravelmente e atingiu uma garota lá no fundo que imediatamente levantou e subiu na mesa.
- Guerra de comida! - Gritou e o pessoal ficou animado e começou a tacar comida em qualquer um.
- Merda. - Resmungou Ana Liz. - Pra baixo, vamos. - A gente refúgio-se em baixo da mesa esperando que o pessoal se acalmasse.
- Esse é o meu melhor dia nesse colégio. - Contei animada e eles riram. Eu realmente não esperava que isso pudesse acontecer.
- Espere até o meu pai chegar. - Falou Ana Liz e eu ri ainda mais.
- Ele vai ficar calvo. - Brinquei e a Ana Liz curvou os lábios para baixo.
- Ele já é calvo. - Contou horrorizada.
Arregalei os olhos desacreditada, aquele senhor todo bonito é calvo?
- Fala que é mentira, por favor. - Pedi e ela negou com a cabeça.
- Ele usa peruca. - Explicou e eu arregalei os olhos mais do que podia, eles de certeza vão cair depois dessa. Senti os meus pelos do cú se arrepiarem com essa notícia. Ele soube me enganar direito.
- Que crueldade, hoje em dia não se pode nem acreditar em senhores bonitos. Eu já não quero o seu pai por uma noite ou um por dia. - Falei lamentando o meu sofrimento.
- Ei! - Protestou ela.
- Ninguém...
- Será que vocês podem parar de falar essas coisas e realmente focar no que interessa, como escaparmos daqui sem sermos atingidos por comida! - Gritou Quinlan chamando à atenção de todo mundo.
- Me explica porque você ainda continua com a gente, Quinlan. - Disse Ana Liz entre dentes.
- Merda... Corram! - A gente saiu da mesa feito um jato e correndo para a entrada do refeitório.
Quinlan e Ana Liz passaram pela porta e só faltava eu, mas quando eu estava prestes a passar pela mesma senti o impacto doce na minha cara, aquilo tinha gosto a doce. Eu travei, eu passei a minha mão pelo meu rosto, eu vi as minhas mãos com creme branco, chantily, merda. Como eles acertaram o meu rosto se estavam atrás de mim?
Que macumba foi essa?
Virei o meu corpo lentamente e vi um garoto atrás de mim sorrindo igual um sapo com dentes. Eu não estava brincando, eu só estava rindo deles. Vi uma maçã na mesa ao lado e peguei a mesma com ódio.
Eu odeio estar suja, essa não é a minha praia, caramba, eu não estava brincando.
Com força e com muito ódio eu lancei a maçã na testa do garoto que estava sorrindo e o mesmo caiu batendo a cabeça forte no chão. Essa é a força que devo usar pra bater no Thales.
Uma garota começou a gritar e a correr até mim. Ela parecia uma louca desesperada, acho que hoje serei enterrada junto com os meus pais.
Antes que a garota me jogasse um iogurte uma voz assustadora soou.
- O que está acontecendo? - Gritou o director soltando fogo pelas orelhas.
Isso realmente podia piorar.
Continua
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O Meu Adorável Inimigo
Novela JuvenilTorry Jasper talvez não tenha se animado tanto em viver com os seus tios na Califórnia, e talvez eles se surpreendam ao descobrir o quanto a sua sobrinha sofre com o seu passado. A sua vida se tornou um desastre e ainda mais quando reencontrou o seu...