15_ Cara de vómito.

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Torry Jasper

...Thales rapidamente se virou para mim e me empurrou, me colocando assim contra a parede.

Ele tinha a testa franzida e as sobrancelhas juntas, demonstrando frustração. Eu tinha acesso a luz, graças a luz que escapava pela porta. Fecho os olhos com força quando sinto o cheiro do seu perfume, o mesmo que eu adorava por ser bom.

Eu já disse que pessoas como o Thales não deveriam ter um cheiro tão bom?

Abro os olhos só um pouquinho e vejo que ele está parado diante de mim, com as mãos apoiadas na parede, uma em cada lado da minha cabeça.

Abro mais os olhos e levanto o meu olhar para o seu. Parte da luz que escapava da porta da adega era direcionada para o rosto do Thales, fazendo os seus olhos âmbar brilharem em um tom dourado.

Ele parecia tenso, muito tenso, então ele inclinou a cabeça para estalar o pescoço.

- Então agora eu é que tenho chifres?

- Eles estão até enfeitados por laços, cor-de-rosa. - Sorri irritada por sentir o calor do corpo do Thales. Ele estava muito perto, mas não o suficiente para colar o seu corpo no meu.

- Pelo amor da minha beleza, o seu namorado terminou com você com a amante ao lado dele! - Lembrou.

Meu Deus, ele se acha tão bonito assim?

Franzi o cenho confusa.

- Foi isso que falaram pra você? - A Ana Liz tinha razão quando me falou que o povo daquele colégio era exagerado.

- Não foi isso que aconteceu? - Eu podia jurar que ele estava curioso sobre o assunto.

- Você ainda não confessou que chifraram você. - Ignorei a sua pergunta.

- Isso porque não te interessa. - Sorriu.

Claro que me interessava, só que eu não queria que ele soubesse.

- Idiota. - Empurrei o Thales o fazendo se afastar de mim. Ele revirou os olhos antes de se virar e descer as escadas.

Assim que chegamos no fim das escadas eu parei e deixei que o Thales fosse escolher o vinho sozinho, eu nunca me daria o trabalho de escolher algo que o Thales poderia escolher, se tivesse bom gosto óbvio.

Abracei a mim mesma passando as mãos pelos meus braços para cima e para baixo, eu estava sentindo frio. Encaro o lugar com pouca luz e acho um pouco irônico ter uma adega em casa, eles praticamente estão colecionando vinho. Ricos, simplesmente ricos.

- Pronto. - Disse Thales aparecendo do nada minha frente. Ele estava segurando uma garrafa de vinho na mão, só que eu não sabia qual era o vinho.

- Que vinho é esse? - Pergunto. Ele olha para o vinho depois olha para mim e depois para o vinho.

- Vinho Alamos Malbec 750ml.

- Nossa, ele é um dos mais emblemáticos vinhos da Argentina. - Falei surpreendida, o Thales tem um bom gosto para vinhos. Ele me encarou chocado.

- Afinal de contas você não é assim tão burra. - Falou irônico e eu revirei os olhos. - Como você sabe tanto de vinho?

- O meu pai era fã de vinho. - Ele apenas assentiu.

- Eu lembro que uma vez o senhor Anthony ficou bêbado de tanto beber vinho, ele chegou a vomitar e foi por isso que eu passei a te chamar de cara de vómito. - Falou orgulhoso de si mesmo e eu revirei os olhos.

- Você é insuportável. - Cuspi com ódio e o Thales sorriu de lado.

- Eu sei, querida. - Subi as escadas soltando catapinhas e sendo seguida pelo Thales.

Assim que chegamos na sala de jantar os olhares se voltaram para nós surpresos. Encarei o Thales que apenas brincava com os anéis em seus dedos.

- Seis minutos sozinhos e seis minutos sem gritar um com o outro. - Disse a tia Julia. - Já é um avanço.

- E como têm sido as aulas? - Perguntou o tio Jeremiah.

- Chatas. - Respondi com um sorriso amarelo.

- A melhor resposta de uma burra. - Murmurou Thales e vendo a tranquilidade de todos na mesa, só eu ouvi.

Respirei fundo, eu só tenho que ignorar ele.

- Adeus Thales. - As gêmeas disseram após o despedirem com abraços. Assim que eu despedi os tios eu fui rapidamente para o carro.

Eu estava fugindo delas, das flores. Eu não queria que o tio Jeremiah se apercebesse que eu não havia levado as flores, o que é inútil porque provavelmente ele verá amanhã mas eu espero que ele desista de me dar elas.

Eu sei que isso não é legal da minha parte mas se eu levar as flores eu terei noites piores e não terei como esconder. Eu sinto muito pelo tio Jeremiah mas eu realmente terei que colocar o resto da minha saúde mental em primeiro lugar.

É incrível como as minhas flores favoritas deixaram de me fazer feliz e passaram a ameaçar a ruína do meu psicológico tudo por culpa dos meus estúpidos traumas.

Assim que chegamos em casa eu corri até o meu quarto e fechei a porta com tranca para que ninguém me incomodasse. Tirei os meus saltos e andei até a minha gaveta onde tirei uma carteira de comprimidos, andei até o banheiro e encarei o meu reflexo do espelho.

Lágrimas ameaçavam cair mas eu não estava disposta a permitir. Abri a torneira da pia e lavei o meu rosto, como forma de afugentar aquelas lágrimas malditas e aqueles pensamentos que eram capazes de rasgar a minha alma, se é que já não estavam fazendo.

Tirei um comprimido da carteira e rapidamente o meti na minha boca, senti um arrepio quando senti ele passar pela minha garganta.

- Eu vou ficar bem. - Sorri para o meu próprio reflexo, onde eu via uma garota com a maquiagem borrada e com uma dor enorme nos seus olhos que ela só a demonstrava para si mesma.

Continua

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