Torry Jasper
Eu tive que pedir para a minha tia me deixar aqui no colégio muito cedo e não vou negar que o meu coração está gritando para sair pela boca.
Caminho passos lentos até a porta da sala e hesito em tocar na maçaneta. O Quinlan me falou que ele estava na sala. Giro a maçaneta com cuidado e abro a porta silenciosamente já avistando ele sentado na sua carteira e lendo um livro. Patético.
Ok, eu nem deveria estar ofendendo ele pra começar.
Entro na sala e fecho a porta silenciosamente. Respiro fundo enquanto o mesmo continua lendo parecendo não ter notado a minha existência.
Caminho passos lentos mas paro quando a voz dele soa.
- O que você quer? - Pergunta sem me encarar.
Eu pensei que ele não tivesse notado a minha presença.
- Como você sabia que era eu? - Pergunto franzindo o cenho.
- O seu perfume. - Apontou e eu ergui as sobrancelhas.
Ele me reconheceu através do meu perfume? Ele conhece o cheiro do meu perfume?
Pensei que só eu tivesse esse poder de reconhecer a pessoa apenas pelo perfume.
- É tão horrível que se sente daqui. - Ofendeu e eu apertei os punhos.
Eu ia abrir a minha boca pra xingar até os seus antepassados quando me lembrei do real motivo de eu estar aqui. Eu andei rapidamente até a carteira ao lado da carteira do Thales e me sentei virando pra ele.
- Você ainda não me falou o que quer. - Lembrou ainda sem me encarar e eu fechei os olhos com força.
Abri os mesmos, encontrando o Thales encarando o livro como se estivesse muito concentrado. Eu nunca tinha reparado no maxilar marcado do Thales... Eu acho maxilares marcados atraentes e admitir que o Thales ficava mais atraente, dóia a minha alma.
- Eu vim fazer um acordo com você.
Ele me encarou, com as sobrancelhas erguidas pela surpresa junto dos seus olhos que se iluminaram pelo choque.
- E o que te faz pensar que eu faria um acordo com você? - Ele abriu um pequeno sorriso com desdém.
Eu respirei fundo, e naquele momento, agradecia que o mau cheiro não era um dos defeitos que o Thales coleciona.
- Olha, eu tenho tirado notas péssimas a matemática e se eu continuar assim, eu vou repetir de ano. É difícil aceitar mas eu preciso de ajuda, e como você é o melhor, eu preciso da sua ajuda.
O Thales permaneceu em silêncio por alguns segundos, ainda olhando no fundo dos meus olhos enquanto semicerrava o olhar.
- Você disse que eu sou o melhor? - Ele sorriu de lado e eu revirei os olhos.
Analisei o olhos do Thales sobre mim e mantive o contacto visual até ele decidir falar.
- Porquê você acha que eu te ajudaria? - Ele questionou, quase honestamente.
Eu cruzei as pernas e a saia subiu até a metade das minhas coxas. O Thales desceu o olhar para as mesmas e engoliu seco.
Eu me levantei da carteira e o Thales imitou o meu movimento se aproximando.
- Eu vou estar na biblioteca amanhã. - O Thales contou ficando na minha frente.
Estávamos a pouco centímetros um do outro e eu não me importei em esconder o meu ódio por ele. Eu sempre odiei deixar as pessoas sentirem que tinham alguma vantagem sobre mim, mas pelo menos eu sabia que tinha alguma vantagem sobre o Thales também.
Vi me dar um sorriso falso antes de abrir a porta e sair da sala.
Eu. vou. morrer.
[...]
Virei o corredor que dava para a biblioteca e vi o Thales parado na porta mexendo no celular. Ele não parece ser um guaxinim atropelado agora...
Eu me aproximei o suficiente para ele notar a minha presença e me encarar guardando o celular.
O Thales vestia o uniforme e o destaque da sua roupa era a corrente de prata no seu pescoço e os anéis na sua mão. O seu cabelo estava bagunçado e eu notei a ponta do seu nariz levemente avermelhada.
- Temos 5 horas para fazer isso. Eu falei com os professores e pedi para que nos liberassem das aulas. Conversei com a senhora da biblioteca e ela separou alguns livros de matemática pra gente. - O Thales despejou tudo assim que eu cheguei perto dele.
- Bom dia, né... - Falei entrando com ele na biblioteca gigante do colégio.
- Só uma pessoa tão medíocre quanto você se preocuparia em cumprimentar os inimigos. - O Thales revirou os olhos caminhando do meu lado.
Agora sim, ele parece um guaxinim atropelado.
- Inimigos? - Indaguei com surpresa.
- Não é isso que somos? - Ele me deu um pequeno olhar e eu devolvi com desdém.
Paramos na bancada da bibliotecária que sorriu pra gente, entregando 5 livros gigantes que me fizeram arregalar os olhos.
Isso ainda é matemática?
- Obrigada, senhora Claire. - O Thales sorriu amigavelmente para a senhora antes de simplesmente carregar todos aqueles livros como se não fossem nada.
Caminhamos para um lugar mais isolado da biblioteca que tinha mais gente que um show da SZA.
O máximo que conseguimos foi uma mesa vazia.
O Thales depositou os livros na mesa e se virou para me encarar
- Eu vou ver esses livros e você vai procurar outros. - Ele falou e eu inclinei a minha cabeça encarando ele desacreditada. - O que foi? - Ele perguntou irritado.
- Nós podemos estar trabalhando juntos, mas vai tirando da sua pequena cabecinha que você pode me mandar. - Deixei claro e o Thales sorriu de lado.
- Oh querida, eu posso te assegurar que não é pequena. - Ele soltou e eu arregalei os olhos percebendo a piada.
- Eu vou buscar os livros. - Falei por fim e o Thales gargalhou.
Continua
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O Meu Adorável Inimigo
Novela JuvenilTorry Jasper talvez não tenha se animado tanto em viver com os seus tios na Califórnia, e talvez eles se surpreendam ao descobrir o quanto a sua sobrinha sofre com o seu passado. A sua vida se tornou um desastre e ainda mais quando reencontrou o seu...