35_ Acordo.

162 12 0
                                    

Torry Jasper

Eu tive que pedir para a minha tia me deixar aqui no colégio muito cedo e não vou negar que o meu coração está gritando para sair pela boca.

Caminho passos lentos até a porta da sala e hesito em tocar na maçaneta. O Quinlan me falou que ele estava na sala. Giro a maçaneta com cuidado e abro a porta silenciosamente já avistando ele sentado na sua carteira e lendo um livro. Patético.

Ok, eu nem deveria estar ofendendo ele pra começar.

Entro na sala e fecho a porta silenciosamente. Respiro fundo enquanto o mesmo continua lendo parecendo não ter notado a minha existência.

Caminho passos lentos mas paro quando a voz dele soa.

- O que você quer? - Pergunta sem me encarar.

Eu pensei que ele não tivesse notado a minha presença.

- Como você sabia que era eu? - Pergunto franzindo o cenho.

- O seu perfume. - Apontou e eu ergui as sobrancelhas.

Ele me reconheceu através do meu perfume? Ele conhece o cheiro do meu perfume?

Pensei que só eu tivesse esse poder de reconhecer a pessoa apenas pelo perfume.

- É tão horrível que se sente daqui. - Ofendeu e eu apertei os punhos.

Eu ia abrir a minha boca pra xingar até os seus antepassados quando me lembrei do real motivo de eu estar aqui. Eu andei rapidamente até a carteira ao lado da carteira do Thales e me sentei virando pra ele.

- Você ainda não me falou o que quer. - Lembrou ainda sem me encarar e eu fechei os olhos com força.

Abri os mesmos, encontrando o Thales encarando o livro como se estivesse muito concentrado. Eu nunca tinha reparado no maxilar marcado do Thales... Eu acho maxilares marcados atraentes e admitir que o Thales ficava mais atraente, dóia a minha alma.

- Eu vim fazer um acordo com você.

Ele me encarou, com as sobrancelhas erguidas pela surpresa junto dos seus olhos que se iluminaram pelo choque.

- E o que te faz pensar que eu faria um acordo com você? - Ele abriu um pequeno sorriso com desdém.

Eu respirei fundo, e naquele momento, agradecia que o mau cheiro não era um dos defeitos que o Thales coleciona.

- Olha, eu tenho tirado notas péssimas a matemática e se eu continuar assim, eu vou repetir de ano. É difícil aceitar mas eu preciso de ajuda, e como você é o melhor, eu preciso da sua ajuda.

O Thales permaneceu em silêncio por alguns segundos, ainda olhando no fundo dos meus olhos enquanto semicerrava o olhar.

- Você disse que eu sou o melhor? - Ele sorriu de lado e eu revirei os olhos.

Analisei o olhos do Thales sobre mim e mantive o contacto visual até ele decidir falar.

- Porquê você acha que eu te ajudaria? - Ele questionou, quase honestamente.

Eu cruzei as pernas e a saia subiu até a metade das minhas coxas. O Thales desceu o olhar para as mesmas e engoliu seco.

Eu me levantei da carteira e o Thales imitou o meu movimento se aproximando.

- Eu vou estar na biblioteca amanhã. - O Thales contou ficando na minha frente.

Estávamos a pouco centímetros um do outro e eu não me importei em esconder o meu ódio por ele. Eu sempre odiei deixar as pessoas sentirem que tinham alguma vantagem sobre mim, mas pelo menos eu sabia que tinha alguma vantagem sobre o Thales também.

Vi me dar um sorriso falso antes de abrir a porta e sair da sala.

Eu. vou. morrer.

[...]

Virei o corredor que dava para a biblioteca e vi o Thales parado na porta mexendo no celular. Ele não parece ser um guaxinim atropelado agora...

Eu me aproximei o suficiente para ele notar a minha presença e me encarar guardando o celular.

O Thales vestia o uniforme e o destaque da sua roupa era a corrente de prata no seu pescoço e os anéis na sua mão. O seu cabelo estava bagunçado e eu notei a ponta do seu nariz levemente avermelhada.

- Temos 5 horas para fazer isso. Eu falei com os professores e pedi para que nos liberassem das aulas. Conversei com a senhora da biblioteca e ela separou alguns livros de matemática pra gente. - O Thales despejou tudo assim que eu cheguei perto dele.

- Bom dia, né... - Falei entrando com ele na biblioteca gigante do colégio.

- Só uma pessoa tão medíocre quanto você se preocuparia em cumprimentar os inimigos. - O Thales revirou os olhos caminhando do meu lado.

Agora sim, ele parece um guaxinim atropelado.

- Inimigos? - Indaguei com surpresa.

- Não é isso que somos? - Ele me deu um pequeno olhar e eu devolvi com desdém.

Paramos na bancada da bibliotecária que sorriu pra gente, entregando 5 livros gigantes que me fizeram arregalar os olhos.

Isso ainda é matemática?

- Obrigada, senhora Claire. - O Thales sorriu amigavelmente para a senhora antes de simplesmente carregar todos aqueles livros como se não fossem nada.

Caminhamos para um lugar mais isolado da biblioteca que tinha mais gente que um show da SZA.

O máximo que conseguimos foi uma mesa vazia.

O Thales depositou os livros na mesa e se virou para me encarar

- Eu vou ver esses livros e você vai procurar outros. - Ele falou e eu inclinei a minha cabeça encarando ele desacreditada. - O que foi? - Ele perguntou irritado.

- Nós podemos estar trabalhando juntos, mas vai tirando da sua pequena cabecinha que você pode me mandar. - Deixei claro e o Thales sorriu de lado.

- Oh querida, eu posso te assegurar que não é pequena. - Ele soltou e eu arregalei os olhos percebendo a piada.

- Eu vou buscar os livros. - Falei por fim e o Thales gargalhou.

Continua

---

O Meu Adorável Inimigo Onde histórias criam vida. Descubra agora