43_ Mamãe.

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Torry Jasper

Eu abraço com força a fotografria do Levi quando a trovoada bate mais uma vez. Eu tenho muito medo de trovoada.

Se o Levi estivesse aqui, ele com certeza me abraçaria. Um abraço... é tudo que eu preciso nesse momento.

Está chovendo muito lá fora e tudo que eu gostaria era de estar lá fora aproveitando cada gota da chuva mas o medo pela trovoada não permite.

- Cara, não seria mais fácil chover sem trovejar? - Pergunto encarando a foto do Levi. Já que ele não está aqui eu só posso conversar com a sua foto.

Viro para o outro lado da cama, estou cansada de ficar naquela posição. Hoje estou nos dias em que não aguento ficar na mesma posição por dois segundos.

E normalmente esses dias são os piores.

Eu me assusto quando oiço gritos vindo de lá de baixo. Não, não, não... outra vez não. É uma merda viver deste jeito, e sempre que isso acontece eu fico aqui, no quarto. A minha mãe fala sempre pra mim que eu não devo sair do quarto quando o Anthony chega bêbado e sempre descarrega todo ódio na minha mãe com golpes.

Mas eu sempre procuro um jeito de sair e ir na racha de carros.

Em mim ele nunca fez isso porque a minha mãe nunca deixava mesmo sabendo que era o que o Anthony mais queria, me matar com golpes.

Uma vez eu estava cansada daquilo e resolvi sair do quarto, eu vi cada tapa que o meu pai desferia na minha mãe que ficava em silêncio sem nem tentar se defender e eu me perguntava se ela o amava tanto assim pra deixar ele fazer isso com ela porque aquilo não era possível.

Aquilo era perturbador.

Eu fiquei observando aquilo até acabar e quando o Anthony finalmente se cansou de destruir a minha mãe, ele notou a minha presença e correu atrás de mim querendo me bater mas a minha mãe, mesmo não tendo forças, ela segurou ele o impedindo de fazer isso. Eu tinha quinze anos, e já tinham se passado seis meses depois da morte do Levi.

Ele só ficou assim quando o Levi morreu, antes tudo era tão lindo que quando lembro fico pensando que tudo era produto da minha imaginação.

O meu pai tinha tanto ódio de mim que não conseguia olhar na minha cara, eu realmente destruí ele.

E destruí o seu filho, o meu irmão.

Respiro fundo, não querendo chorar. Eu jurei a mim mesma que não choraria mais porque não faria sentido sendo que eu era o monstro, e um monstro não pode cometer atrocidades e depois chorar como ele fosse inocente.

- Desculpa, Levi, desculpa, desculpa, desculpa... - A cada palabra eu dava um beijo na sua foto. - Desculpa, por favor. Eu deveria ter me cuidado, eu- - Eu levantei da cama assustada quando um barulho estrondoso soou.

Trovoada. 

Os meus batimentos cardíacos aumentaram quando gritos soaram por toda casa, gritos da minha mãe.

O Meu Adorável Inimigo Onde histórias criam vida. Descubra agora