34_ Fortuna.

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Torry Jasper

O escritório do meu tio estava iluminado apenas pelo pôr-do-sol, e quando o som da porta abrindo e fechando soou, eu fiquei ainda mais confusa do motivo de eu estar aqui.

A tia Julia não se aproximou de mim, apenas me encarou.

Ela estava esperando uma explicação. Um motivo para eu ter negado de pegar um voo com ela e o tio Breno para ir na missa.

- Eu não tive coragem de ir. - Confessei, massageando minhas pernas em cima da cadeira de couro. - Eu apenas... não consegui.

Eu esperei por uma repreensão, mas ela não chegou. Eu apenas senti a mão da minha tia tocar o topo da minha cabeça em uma espécie de conforto.

- Está tudo bem. - Ela sussurou com a voz baixa. - Eu também não consegui entrar lá.

Eu virei o meu rosto na sua direção chocada, a minha testa franzida.

- Por quê?

- Eu tinha medo de chorar tanto e as pessoas precisarem tentar fazer um exorcismo em mim. - Contou com o olhar distante. - Eu sonhei com ela esses dias. - Explicou. - Faz um mês que ela se foi.

Que eles se foram.

[...]

O meu cú ficou aberto nessas duas semanas soltando bosta e hoje ele fechou quando a minha tia pegou o meu boletim.

- Eu tenho perguntas... - Ela sussurou com uma careta.

- Tudo culpa do professor. - Me apressei a explicar com um sorriso.

O meu tio que estava parado ao lado da cadeira onde a minha tia estava sentanda, prendeu a risada para que a tia Julia não lhe desse umas boas bofetadas na bunda.

- Eu tenho medo que com essas notas, você não consiga passar de ano. - A tia Julia me lançou um olhar preocupado.

- Porquê eu não passaria por causa de matemática? - Protestei.

- Torry. - Repreendeu o meu tio e eu revirei os olhos bufando.

- Você quer realmente repetir de ano?

- Prefiro pedir pra Deus me levar de arrasta. - Revirei os olhos, outra vez.

- É otimista pensar que você vai para o céu. - O meu tio egueu as sobrancelhas e eu abri a minha boca chocada e ofendida, mas depois fechei a mesma percebendo que ele estava mais que certo.

- Torry, você vai herdar a sua fortuna se passar de ano. - Contou apreensiva e eu franzi as sobrancelhas arregalando os olhos.

- O quê? - Ergui a minha mão, o choque quase me fazendo levantar. - Fortuna?

- A sua mãe deixou uma fortuna pra você e nós adicionaremos cada vez mais dinheiro  a cada mês. - Falou a minha tia como se fosse óbvio. - É capaz de você se tornar a pessoa mais rica desse mundo.

Um sorriso diabólico se estendendo pelo meu rosto, pensando em toda maconha que vou comprar.

- Mas você apenas vai herdar quando terminar o ensino médio. - Avisou a minha tia. - E com notas que você tem...

Abri um sorriso amarelo.

- Você já começou a olhar algumas faculdades? - Questionou o meu tio e eu semicerrei os olhos pra ele.

- Que faculdades?

- Torry, por Deus!

[...]

- Eu queria estudar, mas eu não consigo parar de pensar num pinto. - Reclamei cansada.

- Você deveria pedir ajuda para alguém da sua sala que saiba matemática porque até eu que não sei nada, sei que isso está errado. - A Ana Liz comentou apontando para o meu exercício, cruzando os braços e afundando na cadeira da biblioteca. - Como o Thales.

Eu encarei ela indignada.

- Nem fudendo eu pediria ajuda para aquele escroto. - Ana Liz revirou os olhos. - E dou graças a Deus pelo castigo ter terminado, eu não aguentava mais ele.

- Você por acaso quer passar de ano? - Perguntou e eu lembrei da conversa que tive com os meus tios hoje de manhã.

E fiquei pensando na fortuna que só foi a minha mãe que deixou, o Anthony não deixou nada pra mim. Já era de se esperar na verdade, acho que ele fez o certo, eu deixei ele sem...

- Você pode procurar outra pessoa, mas te digo que o Thales é o mais inteligente. - Apontou estreitando os olhos para mim.

- Você se esqueceu que ele é o meu inimigo? - Lembrei semicerrando os olhos para ela.

Pedir ajuda para o Thales seria tomar vergonha na cara.

- As vezes nós temos que ficar perto do inimigo para poder derrotar ele. - Argumentou e eu encarei ela pensativa. - Pensa bem, enquanto ele te ajuda você pode procurar algo que te ajude a se vingar dele por ter te mandado descer do carro.

- Nem sei porque te contei isso. - Soltei indignada.

- Porque te doeu. - Acusou sorrindo brincalhona e antes que eu abrisse a minha boca para me defender, ela perguntou: - Você é ou não a Torry que eu conheço, que está disposta a conseguir tudo que quer, mesmo que isso signifique ultrapassar os limites?

- Eu sou. - Eu disse confiante.

- Vai ou não se vingar do Thales?

- Eu vou me vingar dele.

Antes dele me machucar, eu vou machucar ele primeiro.

- Vai ou não pedir ajuda?

- Eca... - Fiz uma careta de nojo. - Falando assim me dá nojo. - Falei e a Ana riu.

- Você é muito hilariante.

- E aí, garotas? - Quinlan falou se sentando na nossa mesa.

De onde ele saiu?

- De onde você saiu? - Ana Liz perguntou assustada como se estivesse lendo os meus pensamentos.

- Do cú do Michael Jackson. - Respondeu sarcástico e a Ana Liz revirou os olhos. - Aconteceu uma coisa horrível comigo ontem.

- O que aconteceu? - Perguntei apoiando os meus cotovelos na mesa e o queixo nas minhas mãos.

- Vai, conta. - Ana Liz pediu imitando o meu movimento.

- Eu estava na praça ontem, esperando uma garota, e uma senhora pegou uma garrafa de água, depois de beber, ela olhou na minha direção e disse "Você quer água gelada?" Eu respondi "Não quero, obrigado", aí veio uma mão por cima do meu ombro e disse " Quero sim, mãe". - Contou alarmado e nós caímos na risada. - Eu fiquei muito envergonhado e saí de lá às pressas. Liguei pra garota e falei que ia esperar ela no carro, e quando ela chegou, nós fomos para o parque e por sorte a senhora e a filha já tinham ido embora.

Eu estava rindo tanto da cara que o Quinlan estava fazendo enquanto contava aquilo.

- Você estava saindo com que garota? - Perguntou a Ana Liz semicerrando os olhos pra ele e nós paramos de rir.

Quinlan deu um sorriso divertido.

- Com a prima da minha ex.

Continua

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