O Meu Adorável Inimigo

39_ Ela mais grita do que canta.

Torry Jasper

...O meu coração acelerou nas batidas quando eu vi a Ana Liz na porta do banheiro encarando a gente.

Eu fiquei ainda mais nervosa quando os nossos olhares se cruzaram. Os seus olhos pareciam chocados, tristes e... decepcionados.

Eu engoli em seco pensando no que ela pode ter escutado. Será que ela escutou a minha confissão? Mas se sim, acho que nem deve ter se importado porque ela sabia que eu não a considerava como amiga. Ela sabia, não sabia...?

- Eu e a Jade estamos falando com a sua ami... colega, Torry. - Falou a Daubrey mas a Ana Liz não deixou de me encarar. Eu não entendia o motivo de eu sentir um aperto no peito.

- Sim, a sua colega até que é simpática. - Soltou a Jade e eu pude finalmente respirar quando a Ana Liz desviou o olhar entrando no banheiro.

- Ela também é colega de vocês. - Ana Liz falou com a voz quase trémula.

- Ela é mais próxima de você. Eu até pensei que vocês fossem amigas mas...

Eu interrompi a Daubrey.

- Vocês não têm aulas agora? - Falei as encarando pelo canto do olho.

- Oh, verdade. Adeus colegas. - Elas finalmente foram embora.

Voltei o meu olhar para a Ana Liz a encontrando fazendo coque no seu cabelo. Ela não me encarava, ela encarava o nada.

- Você achou a sua meia? - Perguntei e ela levantou do banco.

- Uhum. - Murmurou indo até à cabine.

Vi de relance ela tapar a boca antes de fechar a cabine.

Ela não pareceu ter se importado com o que falei. Bom assim.

[...]

Eu quase abro as pernas quando o professor me encara com um sorriso orgulhoso.

- Parabéns senhorita Jasper, você superou muito os seus últimos testes. - Falou me entregando o meu teste e eu abri minimamente um sorriso. - Eu realmente fico feliz pelo seu grande desempenho.

Desci o olhar para encarar o teste.

10.

- Obrigada. - Me afastei da secretária do professor sentindo muita empolgação. Se eu não estivesse com esse bando de alunos eu estaria pulando de alegria.

Um friozinho preencheu a minha barriga quando o meu olhar encontrou o do Thales. Foi instantâneo, ele estava conversando com um garoto ao seu lado e rindo até que o seu olhar caiu no meu.

Foi graças a ele que eu tive essa nota e o meu orgulho não me deixava agradecer depois de tudo que ele me fez. Eu não conseguia.

Eu dou um sorriso falso e Thales parece rir com o olhar. Faz tempo que a gente nem troca contacto visual direito.

Ele sabe que eu estou o agradecendo, essa é a minha única forma e parece que ele não se incomoda com isso.

Eu quebro o contacto visual quando me viro para sentar na carteira.

- Você já fez o trabalho de artes? - Perguntou a Coroína e neguei com a cabeça.

- Eu ainda não consegui ideias, e você?

Ela passou as mãos pelos seus cabelos.

- Eu estou fazendo o desenho. - Contou e eu ergui as sobrancelhas.

- Que rápida.

Ela franziu o cenho.

- Faz quatro meses que nos deram esse trabalho. - Lembrou. - E próximo mês é a entrega dele, é bom que se apresse.