Aqui

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      Era uma noite chuvosa e escura, a água caía pesada e fria, como se o céu estivesse desabando em lágrimas. Iza, ainda abalada pela discussão com a mãe, decidiu fugir de casa. Pegou um casaco e saiu em silêncio, sem olhar para trás. Caminhou sem rumo pelas ruas encharcadas, buscando um lugar para se esconder da chuva que parecia não ter fim.

      As gotas pesadas batiam em seu rosto, misturando-se com suas lágrimas, enquanto ela tentava encontrar algum abrigo. Finalmente, avistou uma árvore grande e correu para se proteger debaixo dela. Sentou-se no chão molhado, abraçando os joelhos e chorando silenciosamente.

      De repente, uma voz suave e tímida a surpreendeu

      -O que você está fazendo aqui? - perguntou a voz.

      Iza levantou a cabeça e viu um menino pequeno, de aparência assustada, olhando para ela com curiosidade. Ele estava encharcado e tremendo de frio.

      -Quem é você? - perguntou Iza, limpando as lágrimas do rosto.

      -Meu nome é Pedro. Eu moro por aqui. E você? O que está fazendo aqui sozinha? - respondeu o garoto.

      Iza sentiu um aperto no coração ao olhar para o menino. Ele parecia estar em uma situação ainda pior do que a dela.

      -Meu nome é Iza. Eu... eu briguei com minha mãe e saí de casa - disse ela, tentando conter as lágrimas.

      Pedro abaixou a cabeça, parecendo envergonhado - Eu também saí de casa. Meu pai estava bêbado e começou a bater na minha mãe. Eu fiquei com medo e fugi - explicou ele, a voz trêmula.

      Iza sentiu uma onda de compaixão pelo garoto. Sem pensar duas vezes, ela o puxou para um abraço apertado, tentando transmitir um pouco de conforto e segurança.

      -Não se preocupe, Pedro. Eu vou cuidar de você. Nós vamos ficar bem - prometeu Iza, sentindo uma nova determinação crescer dentro de si.

      Pedro se agarrou a ela, buscando o calor e a segurança que ele tanto precisava. A chuva continuava a cair pesada ao redor deles, mas naquele momento, sob a árvore, eles encontraram um pouco de consolo um no outro.

      Depois de alguns minutos, Iza decidiu que era hora de voltar para casa. Ela sabia que precisava ser forte por Pedro, assim como tinha prometido.

     -Vamos, Pedro. Vamos voltar para minha casa. Lá você estará seguro - disse ela, ajudando o menino a se levantar.

      Os dois caminharam juntos pelas ruas inundadas, Iza protegendo Pedro da chuva com seu próprio casaco. Quando finalmente chegaram em casa, Iza abriu a porta com cuidado, tentando não fazer barulho.

      -Vem, entra. Vamos nos secar e pensar no que fazer - sussurrou ela.

      Pedro entrou, ainda segurando a mão de Iza. Ela fechou a porta silenciosamente, determinada a cuidar do garoto e enfrentar o que viesse a seguir.

      A partir daquele momento, Iza sabia que sua vida nunca mais seria a mesma. Ela tinha prometido cuidar de Pedro e estava determinada a cumprir essa promessa, não importa o que acontecesse.




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